Crónicas Ir de Lisboa a Madrid num elétrico não é um bicho de sete cabeças

Viagem

Ir de Lisboa a Madrid num elétrico não é um bicho de sete cabeças

A CUPRA desafiou-nos a conduzir o Tavascan de Lisboa a Madrid, para demonstrar que uma viagem longa em elétrico não é assim tão complicado.

Cupra Tavascan Lisboa-Madrid - 3/4 de frente
© Cupra

Em 2025 fazer viagens longas num carro 100% elétrico ainda é algo que muitas pessoas acham ser difícil e só mesmo algumas se aventuram a fazê-las. A CUPRA quer provar o contrário. Por isso, desafiou-me a fazer uma viagem entre as duas CUPRA City Garage da Península Ibérica — Lisboa e Madrid — ao volante do Tavascan.

Pelo caminho mais rápido, são cerca de 630 km a separar estes dois espaços: o Google Maps diz-me que é possível fazê-lo em pouco mais de seis horas. Mas a CUPRA não quis ir pelo percurso mais rápido: fizemos alguns desvios pelo caminho… para não ser muito aborrecido.

Assim, tinha à volta de 650 km para percorrer, quase 100 km mais que os 568 km oficiais (ciclo combinado WLTP) da versão Endurance do CUPRA Tavascan — tração traseira, 210 kW (286 cv) e 77 kWh líquidos — que ia conduzir. Na teoria isto não soa nada mal, mas na realidade…

Início da viagem em Lisboa

Saímos do centro de Lisboa, subindo a Avenida da Liberdade até ao Marquês do Pombal, tomando a direção da Ponte 25 de Abril. E depois, foi sempre por autoestrada — A2 e A6 — rumo à fronteira de Caia, a apenas 5 km de Badajoz. Este é o melhor trajeto para provar que os carros 100% elétricos «detestam» autoestrada.

As velocidades de cruzeiro são elevadas e não há praticamente momentos de regeneração de energia, pelo que não admira que a média registada acima dos 20 kWh/100 km fique bastante acima dos 15,2-16 kWh/100 km oficiais em ciclo combinado WLTP. E no «mundo real», claro que nunca desliguei o ar condicionado — estava bastante calor neste dia.

Resultado? À passagem pela fronteira do Caia — 220 km depois de termos saído da Rua Áurea, na baixa de Lisboa —, já tinha a indicação de que seria preciso parar em breve para «abastecer». E também para carregar o CUPRA Tavascan.

Primeira paragem

Perto de Mérida, o parque de carregadores da Zunder fornece carregamentos até uma potência máxima de 350 kW, o que é muito mais do que o Tavascan permite: até 135 kW em corrente contínua. O sistema do veículo gere tudo da melhor forma e cheguei até a ver 137 kW em alguns momentos.

A CUPRA diz que são necessários apenas 28 minutos para ir dos 10% aos 80% do estado de carga da bateria. Perfeito. Até porque a «comitiva» aproveitou para almoçar enquanto os Tavascan carregavam.

Ao iniciar o segundo momento de condução, a bateria estava nos 100% — o almoço foi mais longo que 28 minutos… Mas com o trajeto a manter-se teimosamente em autoestrada, o nível de carga começou a descer rapidamente, até que fizemos o primeiro desvio, em direção a um parque natural atravessados por quilómetros de estradas mais retorcidas.

Além de (tentar) dar a oportunidade ao sistema elétrico de regenerar alguma energia, este traçado deu-me a conhecer as capacidades dinâmicas do CUPRA Tavascan. Boa compostura em curva, e a velocidades acima das ideais para uma viagem eficiente.

O resultado foi a necessidade de parar para um novo carregamento próximo da Central Nuclear de Almaraz, 150 km depois de termos saído de Mérida. Calma, disse próximo, não foi precisa uma central nuclear para carregar o Tavascan.

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Segunda paragem

Bastaram cerca de 30 minutos de conversa com os outros participantes desta experiência e com algumas fotografias e vídeos captados para as redes sociais, para que o CUPRA Tavascan ficasse pronto para o último segmento da viagem.

Para chegar a Madrid e à CUPRA City Garage, faltavam cerca de 200 km. Mesmo sem a bateria a 100% e voltando ao ritmo de autoestrada e sempre com ar condicionado ligado, não houve qualquer dificuldade em cumprir esta distância.

Ao entrar na capital espanhola, o trânsito fez reduzir o ritmo, mas mostrou que este ainda é o ambiente onde os carros elétricos se sentem mais à vontade. Mas os parcos quilómetros percorridos em Madrid já pouco podiam ajudar a baixar a média desta viagem, que ficou acima dos 20 kWh/100 km.

Em Madrid os momentos de regeneração eram agora muito mais frequentes e, caso a maioria do percurso fosse nestas condições, iria fazer uma diferença enorme no gasto de energia. Aliás, tal como pode confirmar no teste efetuado pelo Miguel Dias, precisamente — e por coincidência — com o mesmo carro:

Conclusão e veredito

Se esta viagem tivesse sido feita com um carro a combustão, sendo o mais imparcial possível, como me compete ser, não haveria muito mais que 30 minutos de diferença no tempo total da viagem, a que corresponde o tempo perdido no segundo carregamento próximo da Central Nuclear de Almaraz.

Isto porque a primeira paragem iria sempre acontecer, mesmo que fosse ao volante de um carro a combustão. Saímos de Lisboa pelas 10 horas da manhã e até Mérida são cerca de 300 km — uma viagem que pode demorar cerca de três horas indo nas «calmas», sem tentar bater recordes e arriscar perder a carta.

Cupra Tavascan Lisboa-Madrid - Chegada à CCG Madrid
© Cupra

A paragem em Mérida para carregar os Tavascan e «abastecer» os participantes não prejudicou a viagem deste elétrico em nada, até porque o almoço demorou mais que o carregamento.

Da mesma forma, a passagem pelas estradas nacionais e pelo parque natural, também teria sido feita ao mesmo ritmo e demorado o mesmo tempo. A grande diferença é que não teríamos parado para os tais 30 minutos de carga e teríamos seguido viagem de imediato, rumo a Madrid.

E tendo em conta a extensão da viagem — mais de 600 km e mais de oito horas —, recomendo vivamente os 30 minutos adicionais de pausa. O corpo e a segurança agradecem.