Explicador da Eletrificação
Quais as diferenças entre um veículo híbrido e um mild-hybrid?
No primeiro episódio do Explicador da Eletrificação da Razão Automóvel, apontamos as diferenças entre os veículos híbridos e os mild-hybrid.

Quando o tópico são veículos electrificados, ainda reina alguma confusão sobre o que são, como funcionam e quais as tecnologias disponíveis.
Para responder a todas essas questões a Razão Automóvel lançou uma nova série: o Explicador da Eletrificação. Neste primeiro episódio vamos explicar as diferenças — técnicas e práticas — entre os veículos híbridos convencionais e os veículos mild-hybrid.
Duas tecnologias semelhantes, mas que encerram muitas diferenças. Assistam ao vídeo:
É que apesar de ambos combinarem um motor de combustão com uma máquina elétrica, terem uma bateria e um conversor de energia, há diferenças sobre as suas capacidades e também custos.
Mild-hybrid
Vamos começar pelos mild-hybrid ou semi-híbridos, que são a forma mais básica de eletrificação do motor de combustão.
Apesar de já representar uma forma de eletrificação, a verdade é que nos mild-hybrid continua a ser o motor de combustão o único responsável por locomover o veículo, ou seja, não é possível deslocarmo-nos silenciosamente, apenas com recurso ao motor elétrico.

Apesar de terem um motor elétrico e uma bateria, estes componentes não têm potência nem capacidade suficiente para exercer esse tipo de funções, estando também limitados pelo sistema elétrico paralelo cuja tensão varia normalmente entre 12 V e 48 V.
No caso do Hyundai Tucson mild-hybrid, por exemplo, o motor elétrico tem apenas 12 kW (16 cv) de potência e a bateria de iões de lítio uma capacidade de 0,44 kWh. Valores muito inferiores aos que encontramos nos híbridos convencionais.
Para que serve o sistema mild-hybrid?
Apesar de não permitir condução em modo 100% elétrico, o sistema mild-hybrid é capaz de auxiliar o motor de combustão nos arranques, nas acelerações mais fortes e nas retomas de aceleração, oferecendo binário adicional.
E isso ajuda a uma ligeira redução dos consumos, pois os dois motores — combustão e elétrico — trabalham em conjunto.
As vantagens não se encerram aqui. O motor elétrico pode funcionar também como gerador, tomando o lugar do alternador. O que permite aproveitar a energia cinética recuperada durante as desacelerações e travagens, transformá-la em energia elétrica e armazená-la na bateria de 48 V.
Essa energia depois pode ser usada não só para os arranques e acelerações mais fortes, mas também para reforçar outras funcionalidades, como por exemplo, o sistema stop-start.
Ou seja, se num sistema stop-start convencional o motor de combustão desliga apenas quando o veículo está totalmente imobilizado, num mild-hybrid, o motor de combustão pode desligar antes, ainda em movimento, potenciando a redução de consumos e emissões.
Híbridos. Como funcionam?
Nos veículos híbridos convencionais — também conhecidos por full-hybrid — o potencial de poupança é muito maior do que nos mild-hybrid. As emissões e consumos podem reduzir mais de 30% em comparação com uma proposta equivalente apenas com motor de combustão.

Esta poupança só é possível porque a máquina elétrica dos híbridos é mais potente. No caso do nosso Hyundai Tucson HEV, o motor elétrico declara 44,2 kW (60 cv) de potência: cinco vezes mais do que o motor elétrico no Tucson mild-hybrid.
Também a bateria de polímeros de iões de lítio é maior, com 1,49 kWh, e o próprio sistema elétrico tem uma tensão muito mais elevada, de 270 V contra os 48 V do mild-hybrid.
Num híbrido convencional tanto o motor de combustão como o elétrico conseguem assim locomover o veículo, seja de forma individual, seja de forma combinada.
O 1.6 T-GDI, o motor de combustão do Tucson HEV debita 180 cv, o que combinado com o motor elétrico de 60 cv garantem uma potência máxima combinada de 230 cv.

Podemos constatar como a parte elétrica é fundamental para a eficiência, quando olhamos para o registo de consumos e emissões oficiais do Tucson híbrido.
Apesar dos 230 cv de potência, declara apenas 5,6 l/100 km e 127 g/km de CO2. Números que rivalizam com modelos utilitários muito mais pequenos e menos potentes.
Os híbridos convencionais também não precisam de cabos e carregadores externos para carregar a bateria, ao contrário dos outros híbridos do mercado, os plug-in. Além disso, conseguem arrancar apenas com o motor elétrico e no para-arranca citadino pode acabar por ser o motor dominante na locomoção do veículo.
O carregamento da bateria, tal como nos mild-hybrid, é efetuado através da travagem regenerativa, aproveitando as desacelerações e travagens, e muitos híbridos até têm mais que um nível de regeneração, mais suave para estrada aberta e mais intenso para a cidade.
Mas a bateria também pode ser carregada pelo próprio motor de combustão, quando há potência de reserva que não está a ser usada para locomover o veículo.
Mild-hybrid é mais barato
Já vimos que há diferenças claras de desempenho entre os mild-hybrid e os híbridos convencionais. Apesar de recorrerem aos mesmos componentes — motor elétrico, bateria, conversor — como a componente elétrica dos híbridos tem maior capacidade, conseguem ser mais poupados e eficientes.

Por outro lado, esta maior capacidade também se reflete nos custos de aquisição. Os veículos mild-hybrid são mais acessíveis que os veículos híbridos.
A escolha por uma destas tecnologias deverá ser feita com base nos quilómetros anuais percorridos e tipo de utilização.
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