Autopédia Porque é que a rigidez do chassis é tão importante?

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Porque é que a rigidez do chassis é tão importante?

Maior rigidez do chassis ou do "esqueleto" de um automóvel continua a ser algo perseguido pelos engenheiros afincadamente. Explicamos-te o porquê.

BMW H2R Chassis

Rigidez, um conceito-chave no léxico masculino, e nas mais variadas vertentes. Um “gajo” que aguenta muita pancada diz-se “teso”; quem é másculo, diz-se que tem barba “rija”; aquela mulher com bom corpo diz-se “firme” (…); homem fraco diz-se “mole”; homem preguiçoso diz-se “molengão”. Bem, e é melhor parar por aqui senão já sabemos onde a conversa vai parar…

Mas captaram a ideia não foi? Rijo é bom, mole é mau. E com o chassis dos automóveis é exatamente a mesma coisa, mas por motivos diferentes.

Cada vez que um construtor lança um novo modelo lá vem a história da rigidez — aumentou aqui, aumentou ali, aumentou acolá. Mas porque motivo a rigidez do chassis é tão importante? É a esta questão que vamos tentar responder hoje.

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Toyota Camatte 57

A rigidez é importante em dois aspetos: o conforto e o comportamento. Quanto maior for a rigidez  do chassis maior é resistência à torção que ele apresenta. As forças de torção por seu turno não são mais do que as pressões que os chassis sofrem por intermédio das travagem, acelerações e sobretudo(!) curvas e buracos que o carro enfrenta. É importante que o carro resista “firme” a estas pressões para que as suspensões trabalhem corretamente. 

Quando um automóvel é projetado, um dos aspetos tido em consideração no seu desenvolvimento é a geometria da suspensão. A geometria da suspensão irá ditar a capacidade que o carro tem, ou não, de maximizar a performance do pneu e assegurar um determinado conforto e eficácia.

O que sucede quando o chassis não é rígido o suficiente, é que dobra sobre influência das pressões de que falávamos. E ao dobrar o que vai acontecer é que a geometria da suspensão é alterada, ou seja, a suspensão irá trabalhar sobre um pressuposto para o qual não foi desenvolvida. 

Audi Space Frame
Audi Space Frame

Imagina uma folha de papel e em cada extremidade da folha imagina uma roda. Qualquer pressão que seja exercida sobre a folha, faz com que uma das “rodas” perca o perfeito contacto que tinha com a superfície. De forma simplista, é isto que também sucede também com o chassis.

Outro dos factores que a rigidez influência é o conforto de rolamento. Quanto menos rígido for o chassi maior será a quantidade de vibrações que chegam ao habitáculo, porque todo o carro funcionará como uma caixa de ressonância, amplificando essas vibrações desde as rodas até toda a estrutura. Pelo contrario se o chassis for rígido, essas vibrações não chegam ao  habitáculo porque não conseguem “viajar” pela estrutura do carro.

É por estes motivos que os carros descapotáveis curvam, regra geral de forma menos “composta” do que os carros “convencionais” dos quais derivam. A falta do tejadilho na estrutura do chassis é como tirar o topo a uma pirâmide. Todos os restante vértices ficam debilitados. É por estas razões que os construtores acrescentam reforços ao chassis dos descapotáveis: para tentar recuperar parte da rigidez que perderam com a retirada do tejadilho.

McLaren Monocoque Carbono
As rígidas monocoques em carbono da McLaren