Ao volante
Já conduzimos o novo Honda Jazz 2018. Primeiras impressões
O Honda Jazz 2018 recebeu importantes atualizações, e com elas veio também um novo motor 1.5 i-VTEC de 130 cv. Sim... atmosférico.

Três gerações e 17 anos depois — e mais de sete milhões de unidades produzidas —, por incrível que pareça, o Honda Jazz ainda é a referência em packaging nos automóveis sub-compactos. Ou seja, a capacidade de “arrumar” pessoas, bagagens e órgãos mecânicos num volume limitado da forma mais eficiente possível, conseguindo o máximo aproveitamento de espaço.
No segmento B, onde militam modelos como o Renault Clio, Volkswagen Polo, Hyundai i20, SEAT Ibiza e Ford Fiesta, o Honda Jazz é o mais espaçoso de todos eles.
O formato MPV e o recurso a “simples” truques — como o de colocar o depósito de combustível por baixo dos lugares dianteiros, permitiu que as cotas internas do Jazz e a sua versatilidade se superiorizassem a qualquer rival direto, e até a carros bem maiores. “Man maximum, machine minimum” — o máximo para o homem, o mínimo para a máquina — é o conceito de design ao qual o Jazz é, talvez, um dos melhores discípulos.
Vamos às novidades?
O Honda Jazz entra em 2018 com importantes novidades — o estilo foi retocado aproximando-o dos restantes modelos Honda, e no interior há novos materiais e mais equipamentos. Destaca-se, de série, a adição do cruise-control ou as luzes automáticas. Nos níveis de equipamento superiores podemos encontrar uma câmara traseira, um ecrã tátil de sete polegadas, aviso de colisão dianteira e de saída da faixa de rodagem, entre outros.

Novidade Dynamic
A grande novidade passa, no entanto, pela nova versão Dynamic, que, tal como o nome indica, trata-se de um Jazz mais… dinâmico. Tanto na sua aparência, destacando-se as novas jantes de 16″, e — imagine-se — a presença de um difusor traseiro (ver imagem abaixo), como no motor que o equipa.
O novo bloco é uma novidade na gama Jazz. Com quatro cilindros em linha e 1.5 litros de capacidade — sem nenhum turbo à vista — debita 130 cv às 6600 rpm e 155 Nm de binário a umas elevadas 4600 rpm.
Acoplado a este podem estar duas caixas de velocidades: uma manual de seis velocidades e uma CVT — felizmente a unidade testada vinha com caixa manual. Pesando pouco mais de 1100 kg, o Honda Jazz Dynamic é capaz de atingir os 100 km/h em 8,7 s (10 s para o CVT) e anuncia consumos mistos entre os 5,4 e os 5,9 l/100 km — com caixa CVT e caixa manual, respetivamente.
Jazz hot hatch?
Pelo motor e especificações apresentadas, a Honda aparentemente quis retirar do espaçoso e versátil Jazz uma versão desportiva — se os SUV podem ter versões desportivas porque não um pequeno MPV?
Não percamos tempo a chegar a uma conclusão — o Honda Jazz 1.5 i-VTEC Dynamic está longe de convencer como hipotético e pequeno hot hatch. Apesar do motor muito vivo, o chassis e as suspensões privilegiam o conforto.
Motor, eu te acuso
O Honda Jazz Dynamic é uma criatura estranha. Por um lado oferece espaço e versatilidade capaz de o transformar num competente familiar. Mas por outro, ao vir equipado com um muito audível e rotativo motor 1.5, dá-nos vontade de explorá-lo de formas pouco familiares…

Sim, devo confessar que me deu algum gozo explorar todo o sumo desta mecânica. Culpa, talvez, dos relativamente magros 155 Nm de binário máximo, alcançados apenas às 4600 rpm. Pelo que, para o Jazz 1.5 i-VTEC mexer-se com convicção, há que recorrer frequentemente à — muito boa — caixa de velocidades manual, e calcar o acelerador.
Este motor faria mais sentido num novo CRX ou numa versão Euro-spec do S660 — daria sem dúvida uma excelente conotação old school.
Não me interpretem mal — continuo a ser um enorme fã de um bom motor naturalmente aspirado, mas neste caso não é claramente a solução mais adequada para o carro em questão. Não faria mais sentido colocar o 1.0 turbo de três cilindros do Honda Civic, de 129 cv?
Repare-se que o único motor semelhante no mercado está por baixo do capot do Mazda MX-5, um carro que não poderia estar mais longe dos propósitos de um Honda Jazz.
A velocidades estabilizadas, em plano, o ruído desvanece, e até podemos apreciar os consumos razoáveis desta unidade, que mesmo com um estilo de condução variado, situou-se abaixo dos 7l/100 km. Em condições normais, e mais atentas, deverá para baixar facilmente desta marca. Notável.
Para lá do motor
Infelizmente — ou não… — as pretensões desportivas esgotam-se mesmo no motor. Não que haja nada de errado com o comportamento do Honda Jazz 1.5 i-VTEC, mas é claro que não é propriamente adepto de uma condução mais empenhada.
A direção caracteriza-se por ser leve, pecando pela sua falta de sensibilidade — a confiança inicial no ataque às curvas sai prejudicada. Vem equipado com pneus Bridgestone Turanza — também não são os mais adequados para condução desportiva —, e modestas medidas de 185/55 R16, mas mesmo assim mantém solidamente ritmos elevados, apesar de nas curvas mais pronunciadas o adornar da carroçaria ser notório.

A posição de condução também convida a toadas calmas, apelando à acessibilidade e ao lado prático do Jazz. Sabemos sempre para onde vamos, já que a visibilidade é mesmo boa, mesmo considerando o posicionamento avançado dos pilares A — algo raro de encontrar nos dias de hoje…
Tanto o volante como o punho da caixa de velocidades são revestidos a pele, com costuras vermelhas, que ajudam a elevar um ambiente algo cinzento e… plástico — muito plástico. O interior aparentava uma construção robusta.

Em Portugal
Ainda não há preços para o Honda Jazz 1.5 i-VTEC, como também não existe ainda data confirmada para o início da sua comercialização em Portugal, prevendo-se que chegue algures durante o verão. Além deste novo motor, o Honda Jazz continuará disponível com o já conhecido 1.3 i-VTEC de 102 cv, sem dúvida, a opção mais adequada ao versátil compacto nipónico.
Primeiras impressões
Espaço e versatilidade
Caixa de velocidades e Motor
Visibilidade
O caráter do motor não «casa» com o conceito Jazz
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