Autopédia “The King of Spin”: a história dos motores Wankel na Mazda

“The King of Spin”: a história dos motores Wankel na Mazda

Wankel

Com o recente anúncio do renascimento dos motores Wankel pelas mãos da Mazda, fazemos uma retrospectiva pela história desta tecnologia na marca de Hiroshima.

O nome da arquitectura “Wankel” deriva do nome do engenheiro alemão que a criou, Felix Wankel.

Wankel começou a pensar no motor rotativo com um propósito em mente: revolucionar a indústria e criar um motor que superasse os motores convencionais. Face aos motores convencionais, o funcionamento dos motores Wankel consistem na utilização de “rotores”, em vez dos tradicionais pistões, permitindo movimentos mais suaves, combustões mais lineares e recurso a menos peças móveis.

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O primeiro protótipo deste motor foi desenvolvido no final da década 50, numa altura em que a indústria automóvel estava em crescimento e em que a concorrência se intensificava. Naturalmente, para uma empresa em ascensão que ambicionava alcançar um lugar no mercado era necessário inovar, e foi aí que se colocou a grande questão: como?

Tsuneji Matsuda, na altura presidente da Mazda, tinha a resposta. Impressionado com a tecnologia desenvolvida por Felix Wankel, estabeleceu um acordo com o fabricante alemão NSU – a primeira marca a licenciar esta arquitectura de motores – no sentido de comercializar o promissor motor rotativo. Estava assim dado o primeiro passo numa história que nos levará até aos dias de hoje.

A próxima etapa era então passar da teoria à pratica: durante seis anos, um total de 47 engenheiros da marca japonesa trabalharam no desenvolvimento e concepção do motor. Apesar do entusiasmo, a tarefa mostrou-se mais árdua do que inicialmente se previa, pois o departamento de pesquisa deparou-se com inúmeras dificuldades na produção do motor rotativo.

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No entanto, o trabalho desenvolvido pela Mazda acabou por dar frutos e em 1967 o motor estreou-se no Mazda Cosmo Sport, um modelo que um ano mais tarde terminou as 84 Horas do Nurburgring num honroso 4º lugar. Para a Mazda, este resultado era a prova que o motor rotativo oferecia uma excelente performance e uma grande durabilidade. Valeu o investimento, era uma questão de continuar a tentar.

Apesar do sucesso alcançado na competição só com o lançamento do Savanna RX-7, em 1978, é que o motor rotativo ficou a par dos seus congéneres convencionais, transformando um carro que apenas chamava à atenção pelo seu design, numa máquina desejada pela sua mecânica. Antes disso, em 1975, já tinha sido lançada uma versão “amiga do ambiente” do motor rotativo, com o Mazda RX-5.

Este avanço tecnológico foi sempre conciliado com um intenso programa desportivo, que servia de tubo de ensaio para testar os motores e para colocar em prática todos os desenvolvimentos. Em 1991, o Mazda 787B com motor rotativo chegou mesmo a vencer a mítica prova 24 Horas de Le Mans – foi a primeira vez que um fabricante nipónico venceu a mais mítica prova de resistência do mundo.

Mais de uma década depois, em 2003, a Mazda lançou o motor rotativo Renesis associado ao RX-8, numa altura em que a marca nipónica ainda era detida pela Ford. Nesta altura, mais do que grandes benefícios em termos de eficiência e economia, o motor Wankel estava “imerso em valor simbólico para a marca”. Em 2012, com o término da produção do Mazda RX-8 e sem substitutos à vista, o motor Wankel acabou por perder fôlego, ficando ainda mais para trás em comparação com os motores convencionais, no que diz respeito aos consumos, binário e custos de produção.

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Porém, desenganem-se aqueles que pensam que o motor Wankel morreu. Apesar das dificuldades em manter-se a par dos restantes motores de combustão, a marca nipónica conseguiu conservar um núcleo de engenheiros que foi desenvolvendo este motor ao longo dos anos. Um trabalho que permitiu que fosse agora lançada uma nova versão do motor Wankel, de seu nome SkyActiv-R. Este novo motor fará o seu regresso no muito aguardado sucessor do Mazda RX-8, desvendado no Salão de Tóquio.

Os motores Wankel estão de boa saúde e recomendam-se diz a Mazda. A persistência da marca de Hiroshima em produzir esta arquitetura de motores é motivada pela vontade de provar a validade desta solução e de mostrar que é possível fazer diferente. Nas palavras de Ikuo Maeda, diretor global de design da Mazda, “um modelo RX só será verdadeiramente RX se tiver um Wankel”. Que venha de lá esse RX…

CRONOLOGIA | A timeline motor Wankel na Mazda:

1961 – Primeiro protótipo do motor rotativo

1967 – Início da produção do motor rotativo no Mazda Cosmo Sport

1968 – Lançamento do Mazda Familia Rotary Coupe;

Mazda Familia Rotary Coupe

1968 – Cosmo Sport classifica-se no quarto lugar nas 84 horas de Nürburgring;

1969 – Lançamento do Mazda Luce Rotary Coupe com motor 13A rotativo;

Mazda Luce Rotary Coupe

1970 – Lançamento do Mazda Capella Rotary (RX-2) com motor 12A rotativo;

Mazda Capella Rotary rx2

1973 – Lançamento do Mazda Savanna (RX-3);

Mazda Savanna

1975 – Lançamento do Mazda Cosmo AP (RX-5) com versão ecológica do motor 13B rotativo;

Mazda Cosmo AP

1978 – Lançamento do Mazda Savanna (RX-7);

Mazda Savanna RX-7

1985 – Lançamento da segunda geração do Mazda RX-7 com motor turbo 13B rotativo;

1991 – Mazda 787B vence as 24 horas de Le Mans;

Mazda 787B

1991 – Lançamento da terceira geração do Mazda RX-7 com motor 13B-REW rotativo;

2003 – Lançamento do Mazda RX-8 com motor Renesis rotativo;

Mazda RX-8

2015 – Lançamento do concept desportivo com motor SkyActiv-R.

Mazda RX-Vision Concept (3)

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