Primeiro Contacto Conduzimos o carro que pode mudar tudo para a NIO na Europa

Desde 30 mil euros

Conduzimos o carro que pode mudar tudo para a NIO na Europa

A nova marca chinesa Firefly quer conquistar a Europa e chega a Portugal no final do verão. Já conduzimos este elétrico compacto e ambicioso.

Firefly

Primeiras impressões

7.5/10

Não é só mais um elétrico chinês. O Firefly pode mudar as regras do jogo para a Nio na Europa. Fomos perceber porquê.

Prós

  • Agilidade urbana
  • Espaço interior
  • Bagageiras amplas
  • Conforto de rolamento

Contras

  • Autonomia fora da cidade
  • Sem troca de baterias
  • Preço na União Europeia

A Nio está a piscar o olho ao cliente europeu. Outra vez. Embora esta marca chinesa nos tenha impressionado com a sua tecnologia e feito sonhar com as trocas de baterias em poucos minutos, a verdade é que conseguiram atingir mais os cérebros do que os corações europeus. E, acima de tudo, do que as suas carteiras, deixando a Nio presa num nicho de mercado bastante exclusivo, sobretudo para uma marca chinesa.

Para contrariar isso, a nova ofensiva chega sob a forma de uma nova marca: a Firefly (Pirilampo em inglês). O seu primeiro modelo não tem nome… Chama-se simplesmente Firefly.

Com cerca de quatro metros de comprimento, este novo 100% elétrico pretende captar a atenção dos condutores urbanos que procuram estilo, espaço e tecnologia, mas sem pagar preços de luxo. Um rival, portanto, para os nostálgicos Renault 5 e Mini Cooper. Ou para o próximo Volkswagen ID.2.

Firefly - detalhe dos grupos óticos traseiros
© Firefly Os três elementos redondos nos grupos óticos são uma das principais características do Firefly, à frente e atrás.

Concebido pela equipa europeia da Nio em Munique e fabricado em Hefei, na China, o Firefly distingue-se por um design diferenciado que é «giro» sem ser adornado, moderno sem ser futurista – e, acima de tudo, inconfundível com os seus faróis triplos redondos, à frente e atrás.

Embora partilhe ADN técnico com a Nio, o Firefly assume uma identidade completamente própria. Não tem o logótipo da marca, nem a habitual assistente digital Nomi no topo do tabliê. É tudo mais discreto e pragmático.

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Até porque não é propriamente um Nio, nem sequer finge sê-lo. O Firefly é mais compacto, mais acessível e quer gerar volume. Muito volume.

Compacto por fora, surpreendente por dentro

A primeira surpresa chega com o espaço. Com uma distância entre eixos de 2,62 m, o Firefly aproveita ao máximo a plataforma tipo “skateboard” e a posição traseira do motor elétrico para oferecer um habitáculo surpreendentemente amplo.

Isso permite não só mais espaço à frente, como também um banco traseiro mais confortável e prático do que seria de esperar num carro com quatro metros de comprimento.

O teto panorâmico de grandes dimensões enche o interior de luz natural e reforça a noção de espaço. A bagageira também surpreende: a capacidade varia entre os 404 litros e os 1253 litros (com bancos traseiros rebatidos), ao nível de propostas do segmento acima.

É ainda acompanhada por uma generosa bagageira dianteira com 92 litros — a maior da classe. No total, há cerca de 20 compartimentos de arrumação espalhados pelo habitáculo, incluindo dois espaços ocultos sob o banco do passageiro.

Apesar de querer manter os custos controlados, o ambiente interior revela uma escolha cuidada de materiais. Não há luxos supérfluos, mas a montagem transmite solidez e há pormenores que mostram atenção ao detalhe.

A decoração é minimalista, algo espartana até, com uma estética que pode dividir opiniões, mas que cumpre a sua função. Mesmo sem exuberância visual, há uma elegância subtil nos acabamentos, o que se traduz numa sensação geral de qualidade.

No tabliê encontramos dois ecrãs: um pequeno visor digital atrás do volante, que serve de painel de instrumentos, e um tablet central de grandes dimensões que concentra todas as funções principais. A navegação entre menus é simples, mesmo na versão chinesa que conduzimos.

O Firefly também é compatível com Apple CarPlay e Android Auto, e estreia a assistente virtual Lumo, uma espécie de irmã mais jovem da Nomi, mas sem os olhos esbugalhados. E com integração de Inteligência Artificial com alma de ChatGPT.

Firefly - ecrã central
© Firefly O Firefly estreia a assistente virtual Lumo, uma espécie de irmã mais jovem da Nomi (da Nio), mas sem os olhos esbugalhados.

A assistente Lumo não é apenas decorativa: responde a comandos com naturalidade e compreende perguntas formuladas em linguagem corrente. Pode ser usada mesmo à distância, através da aplicação móvel, para ajustar a climatização, localizar o veículo ou planear um itinerário.

No fundo, tenta compensar a ausência do carisma visual da Nomi com mais competências práticas e um comportamento mais funcional.

Ágil, confortável e com tração traseira

Criado para brilhar na cidade, o Firefly revela uma afinação de chassis que combina bem com a missão urbana. A tração traseira permite um diâmetro de viragem reduzido — apenas 9,4 m —, o que facilita as manobras mais apertadas.

A direção leve é adequada ao ambiente citadino e a suspensão traseira independente assegura um nível de conforto superior ao que é habitual neste segmento.

Firefly - 3/4 de traseira
© Firefly Dificilmente o Firefly vai passar despercebido no meio do caos urbano.

Debaixo da carroçaria, no eixo posterior, encontra-se um motor elétrico de 105 kW (143 cv) e 200 Nm de binário. Pode não impressionar no papel, mas convence na prática: são necessários apenas 3,1s para atingir os 50 km/h e 8,1s para os 100 km/h. A velocidade máxima está limitada a 150 km/h. A travagem é previsível e progressiva, com uma boa resposta do pedal esquerdo.

Ainda sobre a condução, o Firefly demonstra estabilidade suficiente em estrada aberta, embora seja na cidade que revela todo o seu potencial. A suspensão é competente a absorver irregularidades, o isolamento acústico é razoável para um modelo deste segmento, e o controlo da regeneração torna-se intuitivo após alguns quilómetros. É fácil de conduzir, fácil de viver com ele e, acima de tudo, fácil de gostar.

Bateria multifunções

O Firefly inclui vários modos de regeneração à escolha — baixo, médio, alto e adaptável — e a possibilidade de condução com apenas um pedal. O sistema de navegação é inteligente e pode planear rotas com base em paragens de carregamento.

Já a bateria, com uma capacidade útil de 41,2 kWh e química LFP (fosfato de ferro-lítio), oferece uma autonomia estimada de 330 km no ciclo WLTP. Um valor que pode parecer modesto, mas que se revela suficiente em contexto urbano. Ou seja, aquele em que o Firefly mais se destaca.

Mesmo com uma bateria mais pequena e simples, o Firefly pode fornecer energia a dispositivos externos, como bicicletas elétricas ou até à própria casa, em caso de falha de energia.

Firefly - interior
© Firefly Minimalista, destacando-se o tablet ao meio, mas solidamente montado e boa seleção de materiais.

Uma funcionalidade que pode parecer exagerada, mas depois do infame apagão, até pode começar a fazer sentido. E, em caso de necessidade, permite manter em funcionamento alguns dispositivos críticos durante várias horas.

No que respeita a carregamentos, o Firefly permite até 11 kW em corrente alternada (AC) e até 100 kW em corrente contínua (DC). Não é o mais rápido da classe, mas também não compromete.

Além disso, mesmo não sendo um Nio, o Firefly adota certas virtudes dos seus primos maiores: é também tecnicamente compatível com o sistema de troca de baterias.

Mas isso só deverá acontecer algures no futuro devido à sua bateria muito menor às dos restantes Nio. O que vai obrigar a ter estações de troca de bateria próprias, mas também simples e económicas. E para já, em mercados como o português, essa funcionalidade não vai estar disponível.

Preço e chegada a Portugal

Ainda assim, e mesmo sem estações de troca de baterias a curto prazo, o Firefly está preparado para enfrentar o quotidiano com praticidade.

Está bem equipado, não faltando luxos como bancos aquecidos, ventilados e com massagem — invulgar nesta classe —, portão traseiro elétrico, e todos os principais assistentes à condução, de série ou como opção.

Firefly - vista lateral
© Firefly

Um conjunto equilibrado, pensado para agradar a um público que valoriza a imagem e o conteúdo tecnológico, mas também a funcionalidade e a facilidade de utilização.

O preço de referência para o mercado europeu deverá rondar os 30 000 euros. É praticamente metade do que custa atualmente um Nio ET5. Ainda assim, representa quase o dobro do valor praticado na China, em parte por culpa das tarifas punitivas impostas pela União Europeia aos elétricos de fabrico chinês. Na Noruega, onde estas taxas não se aplicam, o Firefly deverá ter um preço próximo dos 25 000 euros.

Em Portugal, a chegada está prevista para setembro, com o Grupo JAP — já com forte presença no setor automóvel e de retalho — a assegurar a importação e a distribuição tanto da Nio como da Firefly. Mais detalhes sobre versões, equipamento e preços exatos, no entanto, serão revelados mais perto da data de lançamento.

Veredito

Firefly

Primeiras impressões

7.5/10
Compacto, divertido e com um visual distinto, o Firefly aposta numa receita urbana com charme, tecnologia e uma condução competente. Não é revolucionário, mas oferece o suficiente para conquistar quem procura estilo e praticidade sem gastar demais. A tração traseira e o bom aproveitamento de espaço destacam-no na selva urbana. É um “pirilampo” com ambição e argumentos para brilhar.

Prós

  • Agilidade urbana
  • Espaço interior
  • Bagageiras amplas
  • Conforto de rolamento

Contras

  • Autonomia fora da cidade
  • Sem troca de baterias
  • Preço na União Europeia

Especificações técnicas

Firefly
Motor
Motores1 traseiro (PSM)
Potência105 kW (143 cv)
Binário200 Nm
Transmissão
TraçãoTraseira
Caixa de velocidadesRelação fixa única
Bateria
TipoIões de lítio (LFP)
Capacidade41,2 kWh (utilizáveis)
Carregamento
Pot. máxima em DC100 kW
Pot. máxima em AC11 kW
Chassis
SuspensãoFR: Independente;
TR: Independente, multibraços
TravõesFR: Discos ventilados;
TR: Discos
DireçãoPinhão e cremalheira, assistência elétrica
Diâmetro de viragem9,4 m
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.4003 mm x 1781 mm x 1557 mm
Distância entre eixos2615 mm
Capacidade da mala404 litros + 92 litros (frente)
Peso1467 kg
Prestações e consumos
Velocidade máxima150 km/h
0-100 km/h8,1s
Consumo combinado (WLTP)14,4 kWh/100 km
Autonomia (WLTP)330 km