Mercedes-Benz com motor BMW. Será assim tão surpreendente?

A rivalidade entre a Mercedes-Benz e a BMW é histórica e uma das mais intensas da indústria automóvel. Durante décadas têm disputado a liderança entre os premium, cada uma defendendo a sua identidade com unhas e dentes. Mas e se, de repente, um «coração» BMW começasse a «bater» num Mercedes-Benz?

Parece algo impossível de acontecer, mas é precisamente esse o cenário que está a ser discutido. O que está por trás desta eventual decisão? Quais as vantagens e desvantagens, e o que poderá significar para ambos os construtores?

Não podia haver um tema mais controverso ou delicado para levarmos ao episódio n.º 100 do Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel com o apoio do Piscapisca.pt. Um marco especial, cinco anos após o primeiro Auto Rádio que tem servido de palco para discutir os temas que giram à volta do automóvel, assim como a conversas com as principais figuras do setor.

Mercedes-Benz com motor BMW

O rumor caiu como uma bomba e incendiou as redes sociais: a Mercedes-Benz poderia usar motores da BMW. Em causa está o fornecimento do B48, o conhecido quatro cilindros em linha, com 2,0 litros de capacidade, turbo e usado em inúmeros modelos da marca bávara e da MINI.

Apesar de ainda ser um rumor, até agora, nenhum dos construtores o desmentiu: de acordo com fontes da Mercedes-Benz, decorrem atualmente conversações entre os dois construtores, mas as razões para este potencial negócio permanecem pouco claras.

Neste Auto Rádio, o Guilherme Costa, o Diogo Teixeira e o Fernando Gomes, levantaram vários motivos para a Mercedes estar a considerar esta possibilidade.

Isto numa altura em que a indústria automóvel, especialmente a alemã, passa por um período tumultuoso: tarifas norte-americanas, vendas a cair na China e, claro, as metas de emissões europeias. Será esta aproximação entre os dois rivais também uma estratégia política para dar «força» à indústria alemã perante tantas ameaças?

Impacto para o consumidor

Caso se confirme, esta decisão poderá ser vista como uma «facada nas costas» para os indefectíveis da marca da estrela. Para muitos, o motor continua a ser a «alma e coração» de um automóvel e a ideia de ver um bloco bávaro num modelo de Estugarda soa como heresia.

Mas a realidade do mercado é cruel e no mundo dos negócios prevalecem as decisões pragmáticas sobre as sentimentais. Além disso, parece que são cada vez menos os consumidores que sabem ou se preocupam com o motor que equipa o seu carro. Basta recordar os 1.5 dCi da Renault que equiparam milhares e milhares de Classe A.

O fornecimento de motores entre marcas não é uma realidade estranha nem à BMW, nem à Mercedes-Benz. A BMW fornece atualmente motores à Range Rover e a construtores de nicho como a Morgan. Já a Mercedes-Benz também fornece motores à Aston Martin ou à exclusiva Pagani. No Auto Rádio damos a conhecer mais algumas.

Resta saber se esta eventual cooperação entre Mercedes-Benz e BMW se limitará apenas ao fornecimento de motorizações ou se poderá estender-se a outras áreas.

Glórias do Passado

Herbert Quandt foi o homem que impediu a Mercedes de comprar a BMW

Uma história de superação, coragem e visão de negócio. Se hoje a BMW existe tal como a conhecemos, deve-se à audácia de Herbert Quandt.

Guilherme Costa

Indústria automóvel a meio gás

Durante o episódio n.º 100 do Auto Rádio falou-se ainda do paradigma da indústria automóvel europeia e as opiniões «dividem-se». Estará a indústria a perder gás?

O mercado europeu, por exemplo, ainda não recuperou para os valores de vendas antes do Covid-19: está cerca de dois milhões de unidades face a 2019 (último ano pré-pandemia). Só que hoje, há mais marcas presentes no mercado, sobretudo chinesas, que têm conseguido conquistar quota de mercado.

Como fazer face a esta realidade? O eventual acordo de fornecimento de motores entre a Mercedes-Benz e a BMW, a potenciar sinergias e custos inferiores, talvez não seja assim tão descabido, como parece à primeira vista.

Encontro marcado no Auto Rádio para a próxima semana

Não faltam por isso motivos de interesse para ver/ouvir o mais recente episódio do Auto Rádio, que está de volta na próxima semana nas plataformas habituais: YouTube, Apple Podcasts e Spotify.

Redação

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