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Um Mercedes com motor BMW pode estar perto de acontecer

Parece um sinal do fim dos tempos quando a Mercedes-Benz está em negociações com a BMW para receber motores a gasolina da rival.

Motor Mercedes-Benz powered by BMW
© Razão Automóvel

Há rivalidades históricas no mundo automóvel e uma das maiores é a que existe entre a Mercedes-Benz e a BMW. Mas, como se costuma dizer, no amor e na guerra vale tudo.

E o que parecia impossível ontem, hoje está perto de acontecer: um Mercedes-Benz equipado com um motor da arquirrival BMW. A possibilidade está a ser avançada pela Autocar, que cita uma fonte da marca da estrela.

De acordo com a fonte, as negociações estão numa fase avançada e caso cheguem a bom porto, veremos a Mercedes-Benz a usar motores de quatro cilindros a gasolina fornecidos pela BMW. O anúncio oficial poderá ocorrer ainda este ano.

Mercedes-Benz Classe A
A Mercedes-Benz não é estranha a usar motores de outros construtores: o 1.5 dCI da Renault equipou, por exemplo, o Classe A.

É um momento histórico: as duas marcas alemãs premium nunca tinham partilhado motores e não será para um projeto de nicho. O motor de quatro cilindros da BMW poderá equipar múltiplos modelos de volume da Mercedes-Benz: CLA, GLA, GLB, Classe C, Classe E e GLC.

O que está em causa?

Não é a primeira vez que a Mercedes-Benz e a BMW unem esforços. No passado chegaram a desenvolver, em conjunto com a GM, uma transmissão híbrida.

Mas este acordo parece ir mais longe que os restantes e é fácil de justificar porquê: «culpem» os elétricos. A procura tem sido mais lenta que o esperado e obrigou a Mercedes a repensar a estratégia relativamente aos motores de combustão.

Para evitar investir uma soma avultada no desenvolvimento de um novo motor a gasolina, este acordo com a BMW, caso aconteça, dá acesso imediato a motores em conformidade com a norma Euro 7 e a possibilidade de expandir, sobretudo, a sua oferta híbrida plug-in.

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Mas a Mercedes não acabou de apresentar um novo motor de quatro cilindros?

Correto. Com a revelação do novo CLA, a Mercedes-Benz anunciou o M 252, um novo bloco de quatro cilindros em linha, a gasolina, que será produzido pela Horse (joint-venture da Geely e Renault), na China.

Tem 1,5 litros de capacidade, é turbo e promete consumos ao nível de um motor Diesel. Mas este motor tem algumas limitações, de acordo com as fontes da Autocar. Foi projetado para ser mild-hybrid e montado transversalmente no compartimento do motor. Não foi concebido para fazer parte de sistemas híbridos plug-in ou servir como extensor de autonomia. É precisamente aqui que entra a BMW.

O motor em causa

A BMW tem atualmente uma solução mais versátil: o B48. É o conhecido quatro cilindros em linha, com 2,0 litros de capacidade, turbo e usado em inúmeros modelos da marca bávara e da Mini. Seja como o único responsável pela propulsão do veículo ou associado a um sistema híbrido plug-in.

BMW B48
© BMW Este motor da BMW poderá brevemente ser encontrado no lugar mais insuspeito de todos: o compartimento do motor de um Mercedes-Benz.

É produzido em Steyr, na Áustria, e pode ser montado transversalmente (CLA e GLA, por exemplo) ou longitudinalmente (Classe C e Classe E, por exemplo), dando à Mercedes-Benz toda a flexibilidade que necessita.

Para lá do fornecimento de motores

A Autocar refere ainda que este acordo poderá ir muito além do fornecimento de motores, como a partilha de fábricas fora da Europa, incluindo nos EUA, para contornar as cada vez mais pesadas tarifas de importação.

Se o acordo for firmado, será um marco histórico: reduzirá custos para ambas os construtores e poderá abrir caminho a uma partilha mais alargada de componentes no futuro.