Notícias Porque é que a Mercedes-Benz vai regressar aos motores seis em linha?

Porque é que a Mercedes-Benz vai regressar aos motores seis em linha?

Mercedes-Benz M 256

Após 18 anos de produção, a Mercedes-Benz vai abandonar os motores V6. O futuro da marca faz-se com motorizações modulares.

Durante anos e anos ouvimos várias marcas afirmarem que os motores V6, face aos motores de seis cilindros em linha, eram mais baratos de produzir e fáceis de «arrumar», portanto uma melhor opção. No caso da Mercedes-Benz, esta afirmação fazia ainda mais sentido porque grande parte dos seus motores V6 derivam diretamente dos blocos V8. A marca de Estugarda cortava dois cilindros ao seus blocos V8 e tcharam!, tinham um motor V6.

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Problema desta solução? Num motor V8 a 90º a ordem de explosão num cilindro é contrabalançada pela ordem de explosão do cilindro oposto, resultando numa mecânica altamente equilibrada e suave. O problema é que com dois cilindros a menos (e uma diferente ordem de explosão) estes motores V6 resultavam menos suaves e mais desequilibrados. Face a este problema, a marca via-se obrigada a recorrer a truques na eletrónica para contrabalançar e suavizar o funcionamento destas mecânicas. Nos motores de seis cilindros em linha este problema não existe porque não há movimentos laterais para anular.

Então porquê regressar agora aos motores de seis cilindros em linha?

O motor na imagem em destaque pertence à nova família de motores da Mercedes-Benz. No futuro vamos encontrar este motor nos modelos Classe S, Classe E e Classe C. Segunda a Mercedes-Benz, este novo motor vai inclusivamente substituir os motores V8 – podendo gerar nas versões mais potentes, mais de 400cv de potência.

Respondendo à questão “porquê regressar agora aos seis em linha”, há dois grandes motivos para a Mercedes o fazer. O primeiro motivo prende-se com a sobrealimentação do motor – a arquitetura dos motores seis em linha facilita a adopção de turbos em sequência. Uma solução que está agora mais em voga que nunca e que há alguns anos atrás era pouco recorrente.

O segundo motivo tem haver com redução de custos. A família a que este novo motor pertence é modular. Ou seja, a partir do mesmo bloco e recorrendo praticamente aos mesmos componentes a marca poderá fazer motorizações de quatro a seis cilindros, a gasóleo ou a gasolina. Um esquema de produção que já foi posto em prática pela BMW e Porsche.

Outra das novidades desta nova família de motores é o recurso a um sub-sistema elétrico de 48V que será responsável por alimentar um compressor elétrico (semelhante ao que foi estreado pelo Audi SQ7). Segundo a marca este compressor será capaz de atingir as 70.000 RPM em apenas 300 milissegundos anulando assim o turbo-lag, até que o turbo principal tenha pressão suficiente para funcionar em pleno.

Além de alimentar o compressor elétrico, este sub-sistema de 48V também alimentará o sistema de ar-condicionado e servirá de regenerador de energia – aproveitando as travagens para carregar as baterias.

Adeus às motorizações Renault?

No passado, a BMW tinha um problema com as motorizações mais pequenas. Face ao volume de vendas da MINI, era financeiramente inviável para a BMW produzir e desenvolver motores de raiz para os modelos da marca inglesa. Na altura a solução passou por partilhar motorizações com o grupo PSA. A BMW só deixou de «pedir» motores emprestados ao grupo francês a partir do momento em que começou a produzir a sua própria família de motores modulares.

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De forma simplificada (muito simplificada…) o que a BMW faz atualmente é produzir motores a partir de módulos de 500 cc cada – a Mercedes-Benz adoptou cilindrada semelhante para os seu módulos. É preciso um motor de 3 cilindros e 1.5 litros para o MINI One? Junta-se três módulos. É preciso um motor para o 320d? Juntam-se quatro módulos. É preciso um motor para o BMW 535d? Sim adivinhaste. Juntam-se seis módulos. Com a vantagem que estes módulos partilham a maioria dos componentes, seja um MINI ou um Série 5.

A Mercedes-Benz poderá fazer o mesmo no futuro, dispensando os motores da Aliança Renault-Nissan que atualmente equipam os modelos menos potentes da gama Classe A e Classe C. A marca afirmou recentemente que não vai produzir motores de três cilindros em linha, portanto esta nova família de motores poderá marcar presença em toda a gama Mercedes-Benz – desde o mais acessível Classe A ao mais exclusivo Classe S.

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