Notícias KTM RC16 2022. Os «segredos» da nova arma de Miguel Oliveira no MotoGP

Apresentação

KTM RC16 2022. Os «segredos» da nova arma de Miguel Oliveira no MotoGP

A KTM Factory Racing Team apresentou hoje as cores da nova KTM RC16 2022. A mota com que Miguel Oliveira vai lutar pelo Campeonato do Mundo de MotoGP.

Philip Platzer

Consistência. É a palavra de ordem de Miguel Oliveira para a temporada 2022 do Mundial de Motociclismo MotoGP com a nova KTM RC16. Uma consistência que dependo do piloto luso e também da KTM Factory Racing Team.

Após uma temporada marcada por altos e baixos, Miguel Oliveira procura agora a consistência que lhe faltou em 2022.

Recordamos que na primeira metade do campeonato o piloto português conseguiu alcançar três pódios e uma vitória. Na segunda metade da época o cenário foi totalmente distinto.

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KTM RC16 2022
Philip Platzer

Afetado por uma lesão no pulso, Miguel Oliveira não conseguiu encontrar na KTM RC16 os argumentos necessários para lutar pelos lugares cimeiros. É este o ponto de partida para a época 2022 do MotoGP.

A «nova» KTM RC16 2022 de Miguel Oliveira

O protótipo pilotado por Miguel Oliveira conheceu uma enorme «revolução» no final da temporada de 2021 — recorda a história completa dessa evolução neste ESPECIAL Razão Automóvel.

Desde então, a KTM RC16 tem revelado dificuldade em acompanhar a evolução dos protótipos produzidos pela Ducati, Yamaha, Suzuki, Honda e até Aprilia — a única marca, além da KTM, que nunca alcançou um título na classe rainha do MotoGP.

KTM RC16 2022
Philip Platzer

Segundo os pilotos da marca austríaca, a KTM RC16 2021 nunca conseguiu retirar o máximo aproveitamento dos pneus que a Michelin desenvolveu para a última época. Problemas de tração à saída das curvas e dificuldades em travagem — devido às carcaças menos rígidas — foram os principais problemas apontados ao protótipo do ano passado.

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É principalmente nestes campos que Miguel Oliveira espera uma grande evolução na KTM RC16 2022. O conceito será o mesmo dos últimos anos: motor V4 assente num quadro de dupla trave em aço, braço oscilante em carbono e suspensões WP.

Uma mota única no pelotão do MotoGP

São nestes dois últimos aspetos que a KTM RC16 2022 continua a diferenciar-se da concorrência. Enquanto todo o pelotão do MotoGP aposta em quadros de dupla trave em alumínio e em suspensões fornecidas pela Ohlins, a KTM segue um caminho totalmente distinto.

KTM RC16 2022
Conceito único. É assim desde que a KTM está no mundial de MotoGP. Primeiro com os quadros tubulares de aço em treliça, e agora com quadros de dupla trave também em aço. Philip Platzer

No campo das suspensões a KTM prefere recorrer à WP — da qual é proprietária — para equipar os seus protótipos. Uma aposta que já revelou ser capaz de ganhar corridas, mas que tarda em mostrar a consistência necessária para vencer um campeonato na classe rainha.

Ponto forte ou ponto fraco?

Há quem defenda que estas opções do construtor austríaco são o «calcanhar de Aquiles» da KTM RC16 2022. Os responsáveis da marca refutam.

No que diz respeito ao quadro em aço, os engenheiros da KTM afirmam que é uma liga metálica na qual têm mais conhecimento, logo conseguem encontrar soluções de forma mais rápida.

Em segundo lugar, conseguem produzir derivações (evoluções) do quadro da KTM RC16 num menor espaço de tempo e entender melhor onde devem aumentar ou diminuir a flexão e a rigidez do quadro mediante as necessidades.

KTM RC16 2022
Nas motas, o quadro é um dos principais responsáveis pelo amortecimento/performance em curva, uma vez que as suspensões têm dificuldade em trabalhar nos graus de inclinação mais elevados. Philip Platzer

Quanto à opção pelas suspensões da WP, é uma opção estratégica da KTM. A marca austríaca olha para o MotoGP como um «tubo de ensaio» para o desenvolvimento de tecnologia para os seus modelos de produção, pelo que fará sentido usar a sua própria marca de suspensões.

O problema desta solução é que a WP tem apenas quatro protótipos da KTM a recolher dados durante um Grande Prémio. Já a Ohlins tem 18 protótipos e cinco marcas a ajudar no desenvolvimento das suas soluções.

A «magia negra» do MotoGP

Segundo os pilotos, na «era moderna» do MotoGP, um dos fatores mais importantes é a gestão eletrónica do motor. Com potências que superam os 265 cv de potência, é impossível ser o piloto a gerir estes números apenas com recurso ao punho direito, em conjuntos que pesam somente 157 kg.

KTM RC16 2022
Após duas épocas sem mudanças, o desenvolvimento dos motores está novamente «descongelado», pelo que é de esperar uma enorme evolução neste campo em todos os protótipos do MotoGP. Philip Platzer

A KTM sempre teve um dos motores mais fortes da grelha do MotoGP, mas em 2022 vai ter de conseguir dar um carácter mais dócil ao seu V4. Só assim vai conseguir diminuir a degradação dos pneus.

Para termos ideia do quão importante é a gestão da potência, os protótipos de MotoGP só conseguem debitar a potência máxima nas 5.ª e 6.ª relações da caixa. Até lá, a potência encontra-se limitada pelos sistemas de tração e anti-wheelie (anti-cavalinho).

KTM RC16 2022
Philip Platzer

Desde 2016 que todos os protótipos de MotoGP utilizam a mesma centralina, fornecida pela Magnetti Marelli. As marcas apenas podem alterar os parâmetros do software de gestão. É aqui que reside parte da «magia negra» do MotoGP.

É algo que não se vê, não é mecânico, mas faz a diferença numa modalidade onde cabem mais de 20 pilotos no mesmo segundo.

Consistência. Consistência. Consistência

Já dissemos consistência? Pois bem, como referimos no início do texto, é mesmo esta a palavra de ordem da KTM RC16 2022.

Já ninguém duvida da capacidade da KTM RC16 2022 em vencer corridas, agora falta ao protótipo austríaco alcançar a tão almejada consistência de que são feitos os projetos vencedores.

Sobre os pilotos não recai qualquer dúvida. Principalmente sobre Miguel Oliveira, um piloto que já mostrou ao longo da sua carreira que para vencer só precisa de uma mota competitiva.

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Philip Platzer