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Já se discute um plano para salvar a indústria automóvel europeia

A indústria automóvel europeia está em dificuldades, mas já discute um plano de ação com a Comissão Europeia que pode mudar as regras do jogo.

Volkswagen ID.3 a ser produzido em Dresden
© Volkswagen

É uma tempestade perfeita para a indústria automóvel europeia: metas de emissões que para serem alcançadas estão dependentes de elétricos que não estão a vender em número suficiente; concorrência agressiva vinda, sobretudo, da China; alterações geopolíticas e uma «guerra» comercial à escala global.

Para fazer frente a estas dificuldades, a indústria automóvel e a Comissão Europeia (CE) sentaram-se à mesma mesa — desde o final do mês passado — para encontrar soluções e delinear um Plano de Ação.

Estão envolvidas múltiplas entidades neste diálogo: representantes do setor automóvel (construtores e fornecedores), outras associações (consumidores, ambientais), o Conselho da União Europeia e o Parlamento Europeu.

Auto Rádio #80 Carros elétricos a falhar. Europa pode mudar as regras do jogo

Os objetivos deste diálogo estratégico são claros: elevar a competitividade, acelerar a inovação, garantir a transição para uma mobilidade limpa e aumentar a resiliência da cadeia de distribuição.

Esta crise que afeta a indústria automóvel europeia serviu também de mote ao Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel com o apoio do Pisca Pisca:

O que podemos esperar?

Este Plano de Ação já tem data de apresentação marcada: 5 de março. As expetativas são grandes e poderão determinar em muito o futuro da indústria automóvel europeia e o seu papel no mercado global.

Há cinco grandes temas que estão a ser debatidos entre os envolvidos: Inovação e liderança em tecnologias futuras; Descarbonização; Competitividade e resiliência; Relações internacionais; e Racionalização regulatória e otimização dos processos.

No que toca a inovação e liderança em tecnologias futuras, o problema atual é claro: as empresas europeias estão a perder terreno em tecnologias essenciais, como software, baterias de nova geração e condução autónoma. Podemos esperar novos incentivos à inovação, apoio a startups e regras mais eficientes para a colaboração em I&D (pesquisa e desenvolvimento).

O tema da descarbornização é aquele que tem concentrado mais atenções no imediato: há metas ambientais para cumprir cada vez mais exigentes e para isso. O Plano de Ação poderá incluir algum tipo de revisão da regulamentação assim como medidas para acelerar a expansão da infraestrutura de carregamento e estimular a compra de mais veículos elétricos.

Renault 5 E-Tech carregamento elétrico
© Event Photos

A indústria automóvel tem enfrentado custos elevados em matérias-primas, energia e mão de obra. É imperativo que todo o setor consiga elevar a competitividade e resiliência em relação à concorrência (especialmente chinesa), através da redução de custos e de haver garantias que consegue o fornecimento de componentes essenciais, como baterias.

E por falar em concorrência, esta vem de países com políticas agressivas de apoio à indústria automóvel que deturpam as regras do jogo. O tema das relações internacionais ganha assim importância renovada, prevendo-se que o Plano de Ação inclua também medidas para garantir a transparência e concorrência justa no comércio global.

Por fim, mas não menos importante, a racionalização regulatória e otimização dos processos vem dar resposta a uma das maiores críticas queo setor tem feito continuamente às entidades reguladoras: o excesso de carga burocrática e sobreposição de regras. A palavra de ordem é desburocratizar e simplificar.

“A indústria automóvel europeia atravessa um momento de viragem e estamos cientes dos desafios que ela tem pela frente. Temos de agir rapidamente para lhes dar resposta.”

Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia

Alteração das metas de emissões?

Uma das questões mais críticas em discussão tem a ver com as metas de emissões de CO2, que os construtores automóveis têm de reduzir em 15% — média 93,6 g/km para a indústria —, até ao final do ano. E sem esquecer o objetivo final de as reduzir em 100% até 2035.

São vários os fabricantes em risco de incumprimento, o que pode levar ao pagamento de multas multimilionárias, de vários milhares de milhões de euros — são 95 euros por carro e por grama acima do estipulado. São vários os construtores que pedem que as regras sejam revistas.

Um dos resultados que poderemos obter deste “Diálogo Estratégico” entre a CE e a indústria poderá estar na revisão ou das regras ou do calendário, de modo a equilibrar os objetivos ambientais com a viabilidade das próprias empresas — são mais de 13 milhões de postos de trabalho que estão em causa na Europa.

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