Diretor-executivo da JLR demite-se após três anos no cargo

A JLR (Jaguar Land Rover) volta a estar no centro das atenções devido ao anúncio da saída de Adrian Mardell da liderança do grupo, com efeito a partir de 31 de dezembro, encerrando uma ligação de 35 anos à empresa e três anos como diretor-executivo do grupo.

Mardell foi uma das figuras-chave na reestruturação da JLR, que passou a operar sob uma nova identidade corporativa e organizacional, responsável não só pela Jaguar, como pelas novas marcas Range Rover, Defender e Discovery, nascidas do desmantelamento da Land Rover.

Foi também Mardell que deu à JLR os lucros mais elevados desde há 10 anos — obtidos em 2024 —, motivados, sobretudo, pelo enorme sucesso dos últimos Range Rover e Defender.

“Adrian Mardell, diretor-executivo, expressou o seu desejo de se reformar da JLR. O seu sucessor será anunciado oportunamente”, disse a empresa em comunicado.

Ainda não é claro se o sucessor de Mardell será escolhido internamente. Contudo, existe especulação em torno de Rawdon Glover, atual diretor-geral da JLR, como possível nome para o cargo.

Tarifas não ajudam

O executivo britânico sai deixando a JLR numa situação muito mais sólida do que quando assumiu o cargo. Mas a sua saída também coincide com o início de um período particularmente sensível não só para a JLR, como para a indústria automóvel como um todo.

Há vários desafios pela frente, como as tarifas e a adoção da eletrificação, que já têm afetado as contas e os planos da JLR.

No primeiro trimestre, por exemplo, as vendas da JLR desceram 10,7% para 87 286 unidades. Uma queda esperada, em parte devido à transição da Jaguar e à suspensão temporária das exportações para os EUA, consequência direta da aplicação de novas tarifas alfandegárias.

Apesar do acordo firmado recentemente entre os EUA e o Reino Unido — onde a JLR produz vários modelos —, que reduziu as tarifas para 10%, esse valor está limitado anualmente a 100 mil veículos (e a JLR não é a única a exportar do Reino Unido para as EUA). Ultrapassado esse teto, aplica-se uma tarifa agravada de 25% — mais 2,5% de tarifa base — a todas as exportações adicionais.

Os Defender e Discovery, por outro lado, são produzidos na Eslováquia, que pertence à União Europeia, e vão estão sujeitos a uma taxa de 15%, que deveria entrar hoje em vigor, mas já não será assim: Donald Trump decidiu à última hora adiar a aplicação das novas taxas por mais uma semana.

Como se não bastassem os desafios comerciais, no que respeita à eletrificação, a JLR anunciou também o adiamento do lançamento do primeiro Range Rover 100% elétrico, que deveria ser lançado no final deste ano. Está previsto agora chegar algures durante 2026, na esperança de que a procura por elétricos de luxo aumente.

Indústria

O primeiro Range Rover 100% elétrico foi adiado

Os planos de eletrificação na JLR foram adiados: a começar no Range Rover elétrico e poderá impactar também o relançamento da Jaguar.

Mariana Teles

Esta decisão está a impactar não só o calendário de lançamento de outros Range Rover 100% elétricos, como poderá ter um impacto significativo sobre o «renascimento» da Jaguar. A marca britânica apostou tudo nos 100% elétricos e está a apontar para o segmento de luxo, precisamente onde a procura é mais reduzida.

Miguel Nascimento

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