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Estudo

Em 2020 o preço médio do barril do petróleo foi o mais baixo desde 2004, diz estudo

Na 70.ª edição do estudo anual “bp Statistical Review of World Energy”, podemos ver o impacto do Covid-19 nos dados dos mercados energéticos de 2020.

Extração de petróleo
© Terence Wright

Todos os anos a bp realiza um relatório que analisa o estado dos mercados energéticos, o bp Statistical Review of World Energy. Como seria de esperar, o agora publicado referente ao ano de 2020 revela o “impacto dramático que a pandemia global teve nos mercados energéticos”.

O consumo de energia primária e as emissões de carbono a partir do consumo energético registaram a quebra mais rápida de sempre desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Já as energias renováveis continuaram a sua trajetória de forte crescimento, com destaque para a energia eólica e a solar que tiveram o seu maior crescimento anual.

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Estrada vazia
Os confinamentos levaram a reduções sem precedentes no tráfego automóvel, com consequências no consumo de combustíveis, logo, no petróleo.

Principais destaques mundiais

Em 2020, o consumo de energia primária caiu 4,5% — a maior quebra de sempre desde 1945 (o ano do fim da Segunda Guerra Mundial). Esta descida foi impulsionada sobretudo pelo petróleo, responsável por cerca de três quartos do declínio líquido.

Os preços do gás natural diminuíram a valores mínimos plurianuais; no entanto, a participação do gás na energia primária continuou a aumentar, atingindo o recorde máximo de 24.7%.

As produções eólica, solar e hidroelétrica registaram acréscimos, apesar da queda na procura global de energia. A capacidade eólica e solar aumentou para uns colossais 238 GW em 2020 — superior a 50% do que em qualquer outro período da história.

Energia Eólica

Por país, os Estados Unidos da América, a Índia e a Rússia assistiram às maiores quebras de consumo energético da história. A China registou o seu maior crescimento (2,1%), um dos poucos países onde a procura energética aumentou no ano passado.

As emissões de carbono a partir do consumo energético caíram 6% em 2020, a maior queda desde 1945.

“Para este relatório – assim como para muitos de nós - 2020 ficará marcado como um dos anos mais surpreendentes e desafiantes de sempre. Os confinamentos que se perpetuaram por todo o mundo tiveram um impacto dramático nos mercados energéticos, particularmente para o petróleo, cuja procura ligada aos transportes foi esmagada.”

“O que é encorajador é que 2020 foi também o ano para as renováveis se destacarem na produção global de energia, registando o crescimento mais rápido de sempre – impulsionado maioritariamente pelo custo associado à produção de energia a partir do carvão. Estas tendências são precisamente aquilo que o mundo precisa para encarar a sua transição para a neutralidade carbónica – este forte crescimento dará mais espaço às renováveis face ao carvão”

Spencer Dale, economista-chefe da bp

Na Europa

Também o continente europeu reflete o impacto da pandemia no consumo energético — o consumo de energia primária caiu 8,5% em 2020, atingindo os níveis mais baixos de sempre desde 1984. Isto refletiu-se também na quebra de 13% nas emissões de CO2 geradas a partir do consumo energético, que marca o seu valor mais baixo desde pelo menos 1965.

Por fim, o consumo do petróleo e gás também caíram, com quebras de, respetivamente, 14% e 3%, mas a maior descida registou-se ao nível do carvão (que cai 19%), cuja quota caiu para 11%, inferior pela primeira vez à das renováveis, que é de 13%.

70 anos do bp Statistical Review of World Energy
Publicado pela primeira vez em 1952, o relatório Statistical Review tem sido uma fonte de informação e análise objetiva e abrangente que ajuda a indústria, governos e analistas a melhor perceber e interpretar os desenvolvimentos que vão ocorrendo nos mercados energéticos globais. Ao longo do tempo, tem fornecido informações sobre os episódios mais dramáticos na história do Sistema de energia mundial, incluindo a crise do Canal Suez em 1956, a Crise do Petróleo em 1973, a revolução Iraniana em 1979 e o desastre de Fukushima em 2011.

 

Outros destaques

PETRÓLEO:

  • A média do preço do petróleo (Brent) foi de 41,84 dólares por barril em 2020 – o mais baixo desde 2004.
  • A procura mundial pelo petróleo caiu 9,3%, com a maior queda registada nos Estados Unidos da América (-2,3 milhões b/d), na Europa (-1,5 milhões b/d) e na Índia (-480 000 b/d). A China foi praticamente o único país onde o consumo cresceu (+220,000 b/d).
  • As refinarias registaram também uma quebra recorde de 8,3 pontos percentuais, situando-se nos 73,9%, o nível mais baixo desde 1985.

GÁS NATURAL:

  • Os preços do gás natural registaram quebras plurianuais: o preço médio do norte-americano Henry Hub foi de $1,99/mmBtu em 2020 – o mais baixo desde 1995 —, enquanto que os preços do gás natural na Ásia (Japan Korea Marker) registaram o nível mais baixo de sempre, atingindo o seu recorde mínimo ($4,39/mmBtu).
  • No entanto, a participação do gás natural como energia primária continuou a subir, atingindo um recorde máximo de 24,7%.
  • A oferta de gás natural cresceu 4 bcm ou 0,6%, abaixo da média de crescimento registada nos últimos 10 anos, de 6,8%. A oferta de gás natural nos EUA cresceu 14 bcm (29%), parcialmente compensada com os decréscimos a que se assistiu na maior parte das regiões, como na Europa e em África.

CARVÃO:

  • O consumo do carvão caiu 6,2 exa joules (EJ), ou 4.2%, impulsionado pelas quebras assistidas nos EUA (-2,1 EJ) e na Índia (-1,1 EJ). O consumo de carvão na OCDE chegou ao seu nível historicamente mais baixo, de acordo com a informação recolhida pela bp que data desde 1965.
  • A China e a Malásia foram notáveis exceções, uma vez que registaram um aumento no consumo do carvão de 0,5 EJ e 0,2 EJ, respetivamente.

RENOVÁVEIS, HÍDRICA E NUCLEAR:

  • As energias renováveis (incluindo os biofuels, mas excluindo a hídrica) cresceram 9,7%, a um ritmo menor do que a média de crescimento dos últimos 10 anos (13,4% por ano), mas com um crescimento absoluto em termos energéticos (2,9 EJ), comparável com os crescimentos assistidos em 2017, 2018 e 2019.
  • A eletricidade solar cresceu para recordes de 1,3 EJ (20%). No entanto, a eólica (1,5 EJ) foi a que mais contribuiu para o crescimento das renováveis.
  • A capacidade de produção de energia solar aumentou 127 GW, enquanto que a eólica cresceu 111 GW — quase duplicando o maior nível de crescimento registado anteriormente.
  • A China foi o país que mais contribuiu para o crescimento das renováveis (1,0 EJ), seguida dos EUA (0,4 EJ). Enquanto região, a Europa foi a que mais contribuiu para o crescimento deste setor, com 0,7 EJ.

ELETRICIDADE:

  • A produção de eletricidade caiu 0,9% — uma queda mais acentuada do que aquela registada em 2009 (-0,5%), o único ano, de acordo com o registo de dados da bp (com início em 1985), que se assistiu a um decréscimo da procura na eletricidade.
  • A quota das renováveis na produção de energia cresceu de 10,3% para 11,7%, enquanto que o carvão caiu 1,3 pontos percentuais para 35,1% — uma nova descida nos registos da bp.