Notícias O “custo” da eletrificação? Menos empregos, diz o diretor executivo da Daimler

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O “custo” da eletrificação? Menos empregos, diz o diretor executivo da Daimler

Ola Källenius, o diretor executivo da Daimler, prevê que a eletrificação se venha a traduzir em menos empregos, mas mais qualificados. Mas há quem discorde.

Ola Källenius CEO Mercedes-Benz

Numa altura em que a Mercedes-Benz já prometeu oferecer, a partir de 2025, uma versão 100% elétrica de todos os seus modelos e tornar-se elétrica até ao final da década nos mercados onde isso for possível, o diretor executivo da Daimler, Ola Källenius, abordou o impacto que essa mudança terá no número de funcionários.

Apesar de Källenius estar convencido de que a transição para a eletrificação será possível graças “à força de trabalho altamente qualificada e motivada” da construtora alemã, este recusa-se a ignorar o “elefante na sala”, ou seja, a redução do número de empregos que esta mudança vai provocar.

A 1 de agosto, o executivo sueco admitiu ao jornal alemão “Welt am Sonntag” que o número de funcionários da marca alemã deverá reduzir progressivamente até 2030, afirmando: “temos de ser honestos com as pessoas: montar motores de combustão exige mais mão de obra do que produzir motores elétricos (…) Mesmo que produzamos toda a mecânica elétrica vamos empregar menos pessoas no final da década”.

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Mercedes-Benz EQS
A aposta da Mercedes-Benz na eletrificação vai ter um “preço”: a redução do número de funcionários.

Será mesmo assim?

Apesar de admitir que a eletrificação se deverá traduzir numa redução do número de empregos nas suas fábricas, Ola Källenius relembrou que esta nova era da indústria automóvel vai trazer consigo, por outro lado, novos empregos mais qualificados.

Contudo, nem todos parecem ter uma visão tão pessimista, e a prová-lo está um estudo da consultora de gestão Boston Consulting Group (BCG). Segundo este, a transição elétrica não custará quaisquer empregos, dando sim lugar a “transferências de funções”.

Ou seja, quem hoje está a produzir um motor de combustão passará a produzir um qualquer componente de um modelo elétrico. Segundo o autor do estudo, Daniel Küpper, a comparação entre o número de funcionários necessários para produzir um motor de combustão e um motor elétrico não pode ser tida como o “padrão”.

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Assim, Küpper relembra que “a comparação do volume de trabalho, de que três funcionários são necessários para um montar um motor Diesel e apenas um chega para produzir um motor elétrico, só se aplica à produção de motores (…) A quantidade de trabalho para construir um carro elétrico completo é quase tão alta quanto a de um carro com motor a combustão”.

Produção de baterias Mercedes-Benz
Prevê-se que parte dos trabalhadores “excedentários” venham a ser “absorvidos” para outras áreas de produção, como o fabrico de baterias.

Apesar de discordar de Källenius no que ao número de funcionários necessários diz respeito, Küpper reconhece que a eletrificação criará funcionários mais qualificados, principalmente para produzir as células das baterias, os módulos onde estas são armazenadas, toda a eletrónica e o sistema de gestão térmica das baterias.

O que a visão de Daniel Küpper parece esquecer e a de Ola Källenius evidencia é que as baterias usadas pelos elétricos não são, na maioria dos casos, produzidas pelas próprias construtoras de automóveis, sendo muitas delas fornecidas por empresas externas, a maioria (para já) asiáticas. Um cenário que poderá mudar durante esta década que se inicia:

Neste momento até os poderosos sindicatos alemães parecem já convencidos da inevitabilidade da redução de postos de trabalho na indústria automóvel, com um representante de trabalhadores do setor a afirmar: “não se pode nadar contra a corrente quando todo o mundo está a apostar nos elétricos”.

Fonte: Auto Motor und Sport.

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