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OE 2021

Honda Portugal alerta para a gravidade das alterações nos incentivos aos híbridos e híbridos plug-in

Para a marca, a imposição precipitada de uma medida com consequências tão graves, quer para o setor quer para o ambiente, sem uma discussão prévia com os principais intervenientes, é incompreensível e constitui uma enorme irresponsabilidade.

Honda CR-V

A posição da Honda Portugal, face à proposta apresentada esta semana pelo partido PAN – Pessoas Animais e Natureza, aprovada com votos do PS e do BE, com oposição do PSD, PCP, CDS e Iniciativa Liberal, e abstenção do Chega, é clara.

Para a marca japonesa, representada em Portugal pela Sōzō, esta iniciativa vem, objetivamente, agravar a já difícil situação do setor automóvel, que ao longo deste ano tem assistido a quebras superiores a 35%, devido ao atual contexto económico e social.

Numa missiva assinada por Sérgio Ribeiro, CEO da Honda Portugal Automóveis, a marca mostra “uma grande preocupação com os postos de trabalho das mais de 150 mil pessoas que constituem atualmente a força motriz do setor automóvel em Portugal”.

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Gama Honda eletrificada
A gama eletrificada da Honda — os híbridos CR-V, Crosstar e Jazz e o elétrico Honda e.

A marca japonesa não compreende o alcance pretendido com esta medida. Para a Honda Portugal Automóveis, do ponto de vista prático, esta medida “irá apenas representar uma sobrecarga fiscal para viaturas menos poluentes (híbridas e híbridas plug-in). Esta sobrecarga, por sua vez, terá como efeito colateral direto o incentivo à procura por viaturas com motores a combustão, naturalmente mais nocivas para o ambiente”.

Uma posição que a Honda Portugal Automóveis dividiu em cinco pontos, e que a Razão Automóvel transcreve na íntegra:

  • As viaturas que incorporam tecnologia híbrida possuem níveis de emissões significativamente inferiores, quando comparadas com viaturas com motor de combustão, inclusivamente quando analisamos motorizações de maior cilindrada. Como referência, um automóvel familiar híbrido emite, em média, 119 g/km de CO2 por oposição aos 128 g/km emitidos por um automóvel familiar Diesel ou 142 g/km emitidos por um automóvel familiar a gasolina (Fonte: ACAP, Matrículas jan-out’20). Os valores médios de emissões de viaturas são apurados após rigorosos testes de homologação, em permanente evolução e que confirmam estes valores.
  • Atualmente não está disponível nenhum estudo, suficientemente abrangente e consolidado, que aponte para um maior efeito nocivo dos automóveis híbridos e híbridos plug-in face às motorizações a combustão, não obstante a ausência de carregamento das mesmas. Em paralelo, na génese da tecnologia híbrida está a combinação de dois motores (um a combustão e outro elétrico) cujo funcionamento conjunto tem como principal objetivo um desempenho mais eficiente, com maior economia de combustível e, consequentemente, menores emissões de CO2. Assim, na nossa visão, o ponto de partida para esta nova medida não está suficientemente aprofundado nem se coaduna com a realidade.
  • O impacto desta medida traduzir-se-á num aumento da tributação (em alguns casos, para a dobro) dos automóveis híbridos e híbridos plug-in, isto é, de viaturas objetivamente mais amigas do ambiente. Isto significa que, por um lado, os portugueses irão pagar mais por automóveis menos poluentes o que, naturalmente, implicará uma desaceleração da procura por este tipo de motorizações. Por outro lado, no nosso entender, as viaturas elétricas não constituem uma alternativa viável para condutores de viaturas híbridas e híbridas plug-in, dadas as suas rotinas de utilização, pelo que a sua escolha recairá por motorizações a combustão e o impacto da medida agora aprovada será, assim, contraproducente.
  • Uma forma mais eficaz de reduzir as emissões do parque automóvel nacional, um dos mais antigos da Europa com uma idade média de 13 anos, passaria pela existência de incentivos fiscais ao abate de viaturas com tecnologias desatualizadas e, naturalmente, mais nocivas. A progressiva renovação do parque automóvel português por viaturas mais eficientes, nomeadamente híbridos e híbridos plug-in, asseguraria estrategicamente e de modo sustentável uma drástica redução no nível médio de emissões de CO2 a curto e médio prazo.
  • A indústria automóvel tem sido, sem dúvida, um dos mais ativos dinamizadores na introdução de medidas e tecnologias que visam mitigar e reduzir a pegada ambiental. Estas ações implicam, naturalmente, elevados investimentos próprios em investigação e desenvolvimento, que têm como objetivo a disponibilização de uma gama mais orientada para o cumprimento das metas de emissão de CO2, mas também um maior acesso à tecnologia ecológica por parte do público em geral. Acesso esse que, no caso português, fica agora ainda mais dificultado, resultando em infrutíferos os esforços do setor automóvel neste sentido e colocando o nosso mercado, uma vez mais, numa posição altamente retrógrada quando comparado com a realidade europeia.
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Para a Honda Portugal Automóveis, esta proposta, “terá sérias repercussões na orientação estratégica do setor, mas principalmente no espectro económico e social. Esta nova orientação não é mais do que diametralmente oposta a toda a estratégia implementada nos últimos anos, no sentido de atingir um maior compromisso ambiental, e constitui, na nossa opinião, um profundo contrassenso face ao caminho até agora percorrido, o que se traduzirá em graves consequências, com efeito imediato”.