Autopédia Um turbo por cilindro. Será este o futuro dos motores de combustão?

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Um turbo por cilindro. Será este o futuro dos motores de combustão?

Jim Clarke, ex-engenheiro da Ford, registou a patente de um motor com uma solução no mínimo curiosa: um turbo por cilindro. Vale a pena explorar o conceito.

Mais de 100 anos depois, a evolução do motor de combustão interna continua. Esta tecnologia que colocou o mundo em movimento continua a surpreender-nos, pese embora se exija cada vez dele. Mais eficiência, menores consumos e mais performance.

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Um caderno de encargos complexo que tem obrigado os engenheiros, não digo a fazer «omeletes sem ovos», mas a espremer os ovos até à última gota. Agora foi a vez de Jim Clarke, um dos históricos da Ford — responsável pelo desenvolvimento do motor V8 modular e V6 Duratec do construtor norte-americano — apresentar uma solução, em associação com Dick Fotsch, outro engenheiro com créditos firmados no setor automóvel.

Qual é grande novidade?

Um turbo por cada cilindro. Esta solução, ainda em fase de protótipo, recorre a turbos montados imediatamente à saída do motor para aproveitar ao máximo a energia do fluxo de gases de escape. Jim Clarke aponta várias vantagens a esta solução. Em declarações à Car and Driver defende que é possível anular praticamente o turbo-lag, não só devido à proximidade dos turbos com a câmara de combustão mas também devido à menor dimensão destes componentes.

Quanto mais próximo estiver o turbo do motor, mais energia é aproveitada.

Porque os turbos são mais pequenos (20% mais pequenos quando comparados com um motor equivalente com apenas um turbo) a sua inércia também é menor, logo o débito de potência suplementar acontece mais rapidamente. Outra das vantagens deste setup é que os turbos, apesar de serem apenas 20% mais pequenos, necessitam de menos 50% de fluxo de gases de escape para funcionar.

O resultado prático é animador. Mais potência, melhor eficiência e menores consumos. Tem tudo para dar certo, certo? Talvez não…

O problema desta solução

Complexidade e custos. Jim Clarke poderá ter encontrado uma forma mais eficaz de explorar os «ovos» da nossa hipotética «omelete», mas a sua solução poderá revelar-se demasiado cara e complexa.

Ao invés de um turbo, passamos a ter três ou quatro turbos (dependendo do número de cilindros), o que poderá elevar os custos de produção para valores proibitivos. Para já, as soluções apresentadas pela maioria das marcas de automóveis parecem ser mais viáveis, nomeadamente a eletrificação parcial dos motores de combustão, com recurso a motores eléctricos e a sistemas semi-híbridos de 48V. Podes encontrar algumas dessas soluções explicadas ao detalhe aqui.

Fonte: Car and Driver