Ensaio Citroën ë-C3 Aircross. Testei o SUV elétrico mais barato de Portugal

Desde 26 490 euros

Citroën ë-C3 Aircross. Testei o SUV elétrico mais barato de Portugal

Dentro dos SUV elétricos, o Citroën ë-C3 Aircross é a opção mais acessível, mas obrigou a fazer compromissos, talvez em demasia.

Citroën ë-C3 Aircross MAX

6.5/10

Mesmo nesta versão MAX, a mais equipada, o Citroën ë-C3 Aircross continua a ter no preço um dos seus maiores argumentos.

Prós

  • Equipamento de série
  • Nível de conforto
  • Preço

Contras

  • Bateria de capacidade modesta
  • Chave para iniciar o sistema
  • Computador de bordo não mostra médias de consumo
  • Alguns materiais

O Citroën C3 Aircross tem um alvo claro: o muito bem sucedido Dacia Duster. Tal como este, oferece muito por pouco e até vai mais longe que a proposta romena: pode ter até sete lugares e tem uma versão 100% elétrica (identificada pela letra “ë”).

Não é possível, no entanto, combinar as duas opções num veículo só, mas mesmo assim, foi com alguma expetativa com que me aproximei deste ensaio. Já tinha lido o primeiro contacto do Miguel Dias ao C3 Aircross, mas após muitos anos a ensaiar automóveis, não há nada como sermos nós a tirar a prova dos nove.

Citroën ë-C3 Aircross - 3/4 de traseira
© André Mendes / Razão Automóvel Pertence ao segmento B-SUV (utilitários), mas as dimensões do ë-C3 Aircross são substanciais: 4,395 m de comprimento, 1,795 m de largura e 1,633 m de altura. A distância entre-eixos é de 2,67 m.

A unidade ensaiada é o Citroën ë-C3 Aircross MAX, o que me diz que é também a versão mais equipada da gama. O teto pintado em preto contrasta com o tom Vermelho Elixir de tripla camada — talvez, a melhor escolha para este modelo, na minha opinião —, em conjunto com as jantes de 17”, indicam precisamente o mesmo. Este é o ë-C3 Aircross que tem tudo.

Mas, por outro lado, não posso ignorar o facto de que este modelo tem no preço o seu principal argumento. Nesta variante elétrica é mesmo o SUV elétrico mais barato que podem comprar. E na versão MAX continua a ser um dos mais baratos.

Algo que me leva a pensar na fórmula que os engenheiros da Stellantis encontraram para conseguir oferecer muito equipamento por pouco dinheiro. Qual é o verdadeiro custo do barato?

Robustez como primeira impressão

Por fora a primeira impressão é de robustez. O Citroën ë-C3 Aircross, apesar de pertencer ao segmento B-SUV, tem uma carroçaria de dimensões generosas e uma distância ao solo elevada (19 cm), o que lhe dá um visual de SUV aventureiro.

Uma vez a bordo, a imagem de robustez mantém-se, através de uma desenho minimalista, que também viu reduzido o tamanho do volante “à lá Peugeot”.

Os revestimentos são um misto de tecido com padrões diversos, pele sintética com pespontos a condizer, mas também plásticos rígidos (painéis das portas, por exemplo) que não agradáveis ao toque. Ainda assim, a montagem parece sólida e, para já, não existem (muitos) ruídos parasitas a bordo.

Habitual conforto francês

Onde não há muitas críticas a fazer ao Citroën ë-C3 é no espaço disponível. Há assentos com regulações amplas à frente, que também oferecem um bom apoio e contribuem para o elevado nível de conforto. Na segunda fila, os passageiros laterais vão preferir que não haja ninguém ao meio para poder ficar mais à vontade, mas, de uma forma geral, não se viaja nada mal nos assentos traseiros do ë-C3 Aircross.

Um pouco mais atrás, na bagageira, a Citroën declara uma capacidade máxima de 460 litros sob a chapeleira, mas, na realidade, até parecem ser mais. O piso é amovível e pode ser colocado em duas alturas distintas, sendo que na superior, dá origem a um espaço adicional sob o piso, perfeito para os cabos de carregamento.

Ao contrário do que é habitual em muitos modelos elétricos, na frente, sob o capô, não existe nenhum frunk. Começam a surgir os primeiros indícios do controlo de custos.

Orçamento muito controlado

Para conseguir um preço acessível, não é difícil adivinhar que a conceção deste modelo teve um controlo de custos muito apertado. Afinal, não existem milagres financeiros e como qualquer outro modelo, tem que ser rentável para o construtor em questão.

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Isso é visível justamente na ausência de um frunk, mas também no painel de instrumentos minimalista, apenas com as funções necessárias para a condução e no ecrã central de comando tátil, muito simples, com um interface sem grandes possibilidades de personalização.

Ainda antes de arrancar, outro «corte», mas este é mais estranho. Em 2025, que sentido faz ter um carro elétrico no qual é necessário inserir a chave na «ignição» e rodá-la para iniciar o sistema? Sim, porque «ignição», é coisa que não existe neste ë-C3 Aircross 100% elétrico. Adiante…

SUV para a cidade

Antes de arrancar, o painel de instrumentos mostra uma carga de 98% e uma autonomia de 277 km. Esta é a versão com a bateria menor, de 44 kWh, e uma autonomia oficial (ciclo combinado WLTP) de apenas 303 km — entretanto já chegou a Portugal o ë-C3 Aircross com a bateria de 54,2 kWh (totais), que declara 400 km.

Caso goste de ir controlando a média de consumo (como eu), esqueça. No Citroën ë-C3 Aircross não temos essa possibilidade. O computador de bordo apenas indica a autonomia restante, a carga da bateria e os quilómetros totais e parciais.

Logo nos primeiros quilómetros em ambiente urbano, fica claro que é aqui que o ë-C3 Aircross se sente em casa e que o conforto é nota de ordem.

E mais certo disso fiquei quando cheguei à autoestrada, onde a combinação de uma carroçaria SUV (aerodinâmica não é a mais favorável), apenas 113 cv de potência e uma bateria de capacidade modesta, o resultado só podia ser um: o ritmo algo apressado com que a carga da bateria desce. Mais vale optar pela estrada nacional eum ritmo mais moderado.

Não havendo computador de bordo, tive de recorrer à calculadora para obter as médias de consumo que tanto queria. Considerando que fiz mais trajetos urbanos e suburbanos, até consegui uma média melhor que a oficial: 17,2 kWh/100 km, abaixo dos 18,3 kWh/100 km declarados. Mas em autoestrada, estava a fazer quase 22 kWh/100 km.

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Mais equipado, mas a que preço?

O Citroën ë-C3 Aircross seduz pelo que inclui no catálogo: sistema de iluminação em LED, ar condicionado automático ou câmara traseira de ajuda ao estacionamento são pontos a favor.

Mesmo o ecrã tátil com 10,25” e navegação 3D são muito bem-vindos. Ainda assim, com a ligação sem fios ao smartphone através de Apple CarPlay ou Android Auto (também presente), a navegação é totalmente dispensável. Pessoalmente, gostaria de ver uma maior dose de personalização da interface de utilizador e… a médias de consumo no computador de bordo (está prevista uma atualização).

A versão MAX do Citroën ë-C3 Aircross, já com os 900 euros da pintura Vermelho Elixir, tem um preço de tabela de 31 790 euros. E sim, este é um valor difícil de bater para um automóvel 100% elétrico, bem equipado e com espaço para levar quase tudo.

O que falta no ë-C3 Aircross

Por outro lado, no interior são visíveis partes da carroçaria sem revestimento, a qualidade dos materiais tem muita margem de melhoria e a questão da chave ter de ser inserida no canhão não faz muito sentido.

Além do visual apelativo da carroçaria — especialmente neste tom — o ë-C3 Aircross inclui detalhes originais, como a gravação no interior da tampa do porta-luvas, com alguns dos modelos mais conhecidos da marca francesa e com a mensagem “Iconic Since 1919”.

Também há mensagens positivas para nos animar nas portas, mas que me levou a outra: “não basta parecer, é preciso ser”.

E foi precisamente essa a impressão com que fiquei do Citroën ë-C3 Aircross: apenas parece uma proposta muito interessante com um preço competitivo. A versão de

Veredito

Citroën ë-C3 Aircross MAX

6.5/10

O Citroën ë-C3 Aircross MAX destaca-se pelo espaço e conforto a bordo, pelo nível de equipamento generoso e pelo preço muito competitivo. Mas, por outro lado, a bateria de 44 kWh limita bastante a autonomia, sobretudo em autoestrada, alguns dos materiais deixam a desejar e o detalhe da chave revelam muitos compromissos para manter os custos controlados.

Prós

  • Equipamento de série
  • Nível de conforto
  • Preço

Contras

  • Bateria de capacidade modesta
  • Chave para iniciar o sistema
  • Computador de bordo não mostra médias de consumo
  • Alguns materiais

Especificações técnicas

Versão base:30.890€

IUC: 1€

Classificação Euro NCAP: 0/5

31.790€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: Um motor elétrico
  • Posição: Dianteira, transversal
  • Carregamento: Bateria de 44 kWh
  • Potência: 112 cv
  • Binário: 125 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Relação única

  • Comprimento: 4395 mm
  • Largura: 1795 mm
  • Altura: 1633 mm
  • Distância entre os eixos: 2670 mm
  • Bagageira: 460 litros
  • Jantes / Pneus: 215/60 R17
  • Peso: 1579 kg

  • Média de consumo: 18,3 kWh/100 km
  • Velocidade máxima: 143 km/h
  • Aceleração máxima: >12,9s

    Tem:

    • Ar condicionado Automático
    • Barras de tejadilho em preto brilhante
    • Cabo de carregamento modo 3 (Wallbox) – 7 kW e de 6mtrs
    • Câmara traseira de estacionamento + sensores traseiros + sensores frontais + alerta ângulo morto
    • Carregador Wireless para smartphone
    • Compatibilidade com carga rápida em carregador DC de 100 kW (estação de carregamento pública)
    • Espelho interior eletrocromático
    • Espelhos retrovisores exteriores aquecidos, rebatíveis e reguláveis eletricamente
    • Faróis automáticos (sensor de luz) como comutação inteligente
    • Faróis, luzes diurnas e farolins traseiros em LED
    • Head-up Display Citroën
    • Jantes de liga leve de 17‘’ ARAGONITE com corte diamantado
    • Navegação 3D no ecrã tátil central de 10,25‘’
    • Suspensão Citroën Advanced Comfort®
    • Travão de estacionamento elétrico

Pintura Vermelho Elixir (tripla camada): 900 euros