Opinião Táxis autónomos da Tesla são uma fantasia com Elon Musk ao volante

Carros autónomos

Táxis autónomos da Tesla são uma fantasia com Elon Musk ao volante

Elon Musk continua a prometer "milhões de Tesla totalmente autónomos nas estradas", mas nesta fase, já soa apenas a fantasia.

Elon Musk
© IMAGEM GERADA POR IA / RAZÃO AUTOMÓVEL

Todos devem estar familiarizados com a história de “Pedro e o Lobo”, um clássico cuja autoria é atribuída a Esopo. Nesta fábula, Pedro, um pequeno pastor, mente tantas vezes que, a dada altura, já ninguém o leva a sério. Mesmo quando ele, certo dia, finalmente diz a verdade.

Naturalmente, não é de fábulas que vos quero falar, muito menos de lobos ou pequenos pastores. Mas sim de Elon Musk e das suas promessas megalómanas, irrealistas e até fantasiosas, que acabam invariavelmente por ter de ser revistas. As consequências? Poucas. Ou nenhumas.

Porquê falar disto agora? Esta semana, Musk voltou a sonhar. Desculpem, a «prometer». No evento de apresentação dos resultados da Tesla, o executivo garantiu, com a habitual confiança, que “prevê que na segunda metade do próximo ano existam vários Tesla totalmente autónomos a circular”. Uma crença que já ouvimos antes.

Tesla Cybercab - 3/4 de frente
© Tesla Tesla Cybercab

Há muito tempo que Musk vende esta ideia. E, confesso, tendo em concordar com ela, mas não com a brevidade que o «patrão» da Tesla nos quer fazer acreditar. Desde 2020 que promete modelos com capacidades totalmente autónomas. Todos os anos a promessa falha, enquanto rivais como a Waymo já operam com soluções deste tipo.

Esta semana, Musk voltou a alimentar esta fantasia de ver milhões de Tesla a circular sem qualquer intervenção humana. A realidade, contudo, parece estar ainda muito distante. Seja pelos resultados financeiros desastrosos — queda de 71% nos lucros no primeiro trimestre de 2025 —, seja pelo desviar de atenções para o palco político, ao lado de Donald Trump.

Sempre que as vendas abrandam, a estratégia parece repetir-se: gerar buzz para manter investidores, seguidores e clientes distraídos. Os carros totalmente autónomos e, em particular, o táxi-robô, encaixa perfeitamente nesta descrição: é futurista, ambicioso e difícil de contestar, pelo menos no papel.

Durante o anúncio deste táxi-robô — o Cybercab —, Musk prometeu que a produção arrancaria “antes de 2027”, mas também prometeu que uma frota de Model 3 e Model Y começaria a circular sem supervisão já em junho de 2025, em Austin, no Texas (EUA).

Para já, continua fiel a essa data, mas com alguns ajustes. Afinal, esta frota de carros — integrará um serviço de transporte pago —, vai consistir apenas em 10 a 20 Model Y, todos com operadores remotos prontos a intervir caso algo corra mal. Portanto, será uma condução autónoma… supervisionada.

Quanto ao Cybercab, a data do início de produção (ainda) não foi revista. Mas tendo em conta a guerra comercial e as tarifas de 145% impostas por Trump sobre produtos chineses — dos quais a Tesla também depende — é difícil acreditar que os prazos se cumpram.

Veremos se esta promessa se confirma ou se será mais um truque de magia de Musk. Exemplos não faltam: o Tesla Roadster, prometido para 2020, continua na prateleira. O Tesla dos 25 mil dólares, o chamado Model 2, afinal, já não vai ser produzido. Até mesmo a promessa de que a Tesla iria vender 20 milhões de carros por ano foi abandonada… A lista é longa.

No fim, mais do que ver milhões de Tesla autónomos ou uma frota de Cybercab em operação, o que realmente me intriga é perceber se o verdadeiro talento de Musk está em construir automóveis ou em criar narrativas. Nesta última, tem sido imbatível.

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