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Tarifas dos EUA ameaçam carros europeus. UE em corrida contra o tempo

A União Europeia tem até 1 de agosto para negociar com os EUA e evitar tarifas de até 50% sobre os carros europeus exportados.

linha de produção do Volkswagen Golf
© Volkswagen

A União Europeia (UE) está sob pressão. Com o aproximar da data-limite de 1 de agosto, imposta por Donald Trump, presidente dos EUA, Bruxelas corre contra o tempo para fechar um acordo com o país norte-americano antes das novas tarifas sobre automóveis importados entrarem em vigor.

Em causa está a aplicação de tarifas de 50% sobre as importações da União Europeia. Desde março, que os EUA impõe tarifas adicionais de 50% sobre o aço e alumínio de Bruxelas, 25% sobre os automóveis e 10% sobre todas as importações da UE, além das taxas habituais.

Perante este cenário, a UE tem vindo a negociar com a Casa Branca um pacote de medidas que inclui não só cortes nas tarifas, como quotas de importação e até um sistema de créditos aduaneiros para os construtores que produzam no país, segundo avançou a Reuters com base em fontes próximas das negociações.

Porsche Macan Turbo - 3/4 de frente
© Porsche O Porsche Macan é produzido em exclusivo na Europa e poderá beneficiar do acordo entre a UE e os EUA.

O que está a ser proposto?

Uma das propostas prevê precisamente um sistema de créditos: quantos mais veículos um construtor europeu exportar a partir das suas fábricas nos EUA para outros mercados, maior será o valor que poderá importar da Europa para os EUA beneficiando de tarifas reduzidas ou até de isenção.

Mas esta não será a única proposta em cima da mesa. Outra fonte terá divulgado que uma das soluções poderá estar no modelo recentemente adotado entre o Reino Unido e os EUA: um corte na tarifa aplicada a automóveis britânicos, de 27,5% para 10%, mas limitado a 100 mil veículos por ano. Ultrapassado esse limite, aplica-se novamente a tarifa agravada de 25% (a que acrescem os 2,5% da taxa base).

Para além disto, também se equaciona uma redução mútua das tarifas de importação, no sentido de torná-las mais simétricas. Atualmente, os automóveis europeus enfrentam nos EUA uma tarifa de 27,5%, enquanto os automóveis americanos que entram na UE pagam apenas 10%.

Apesar do esforço diplomático, o progresso tem sido lento. Fontes europeias admitem divisões internas entre os Estados-Membros quanto à abordagem a seguir, enquanto do lado norte-americano também não há sinais de consenso. A Comissão Europeia esperava alcançar um entendimento político até 9 de julho, mas até à data de publicação deste artigo, não foi anunciada qualquer decisão.

Quem ganha e quem perde?

Entre os principais construtores beneficiados com as medidas em negociação, sobretudo a dos créditos de produção, estão a BMW e a Mercedes-Benz, que têm grandes fábricas nos EUA e exportam uma parte significativa da produção local.

Já marcas como a Volkswagen e a Porsche, com pouca ou nenhuma exportação a partir de fábricas norte-americanas, teriam pouco a ganhar com este sistema. A Volkswagen está a considerar construir uma fábrica local para a Audi, enquanto a Porsche importa todos os seus modelos da Europa.

A Volvo, fortemente dependente de importações europeias para o mercado americano, seria uma das mais penalizadas, embora tenha planos para expandir a produção local na sua fábrica no estado da Carolina do Sul.

A Stellantis, com produção maioritariamente local e fluxos comerciais limitados entre EUA e UE, seria pouco afetada por esta medida. A sua maior vulnerabilidade reside nas tarifas que possam vir a ser aplicadas ao México e Canadá, onde produz cerca de 40% dos seus veículos para a América do Norte.

Em 2024, a Europa exportou cerca 758 mil carros para os EUA, no valor de 38,9 mil milhões de euros. Quatro vezes mais do que o exportado para qualquer outro país, segundo dados da ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis).

E caso não entrem em consenso?

Caso a UE e os EUA não entrem em consenso relativamente às tarifas comerciais, Bruxelas já aprovou tarifas sobre cerca de 21 milhões de euros em produtos dos EUA, prontas para entrarem em vigor a qualquer altura.

Para além disto, também tem uma lista adicional de 95 milhões de euros, que inclui os aviões da Boeing, automóveis produzidos nos EUA (inclui vários modelos da BMW e Mercedes-Benz) e Bourbon, soja, frango, motociclos, etc.

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