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Medida do governo chinês faz soar alarmes das marcas europeias

As marcas europeias premium debatem-se com quebras de vendas na China, mas a nova medida do governo chinês poderá agravar o declínio.

Mercedes-Benz Classe S na estrada ,frente
© Mercedes-Benz

A China é o maior mercado automóvel do mundo e é também o maior mercado individual ou um dos maiores para muitas marcas europeias, especialmente as alemãs do segmento premium — Mercedes-Benz, BMW, Audi, Porsche —, mas também para as britânicas Range Rover e Defender.

Não é novidade que os últimos tempos têm sido complicados para todas estas marcas no mercado chinês. Todas registaram quedas de vendas importantes em 2024 e que continuam em 2025.

De acordo com a Automotive News, no primeiro semestre deste ano, as vendas da BMW caíram 15% (vendeu 318 125 un.), as da Mercedes-Benz caíram 14% (293 172 un.) e a Porsche deu um tombo significativo de 37% (18 837 un.). A JLR, que integra a Range Rover e a Defender, também teve uma queda substancial de 31% (32 757 un.) nos primeiros seis meses de 2025.

Queda de vendas em risco de acelerar

As razões são várias para o declínio — desde a guerra de preços à preferência crescente do mercado pelas marcas locais —, mas agora há o potencial de acelerar no segundo semestre.

Isto porque o governo chinês baixou o patamar a partir do qual é aplicada uma taxa de luxo de 10% ao preço dos automóveis. A taxa de luxo já existia antes. Foi introduzida em 2016, mas só era aplicada a carros com preços a partir de 1,3 milhões de yuan (cerca de 155 mil euros), afetando sobretudo marcas de luxo como a Bentley ou a Aston Martin.

Mas desde o dia 20 de julho passou a ser aplicada a carros com preços a partir de 900 mil yuan (cerca de 107 mil euros), passando a abranger mais modelos, como o BMW X7 ou o Mercedes-Benz Classe S. No caso da Range Rover, por exemplo, todos os modelos que vende na China são afetados.

Richard Molyneux, diretor-financeiro da JLR, revela bem o estado de espírito do setor após terem tomado conhecimento da medida do governo chinês: “Estamos um pouco em pânico por isto, porque só fomos avisados 48 horas antes”.

Como que a agravar a situação, a taxa de luxo de 10% é aplicada ao preço final do veículo, já com todos os opcionais incluídos, e sobre as taxas que a China impõe sobre os veículos novos ou importados. O ministério das finanças chinês justificou a medida como uma forma de encorajar mais racionalidade no consumo.

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O que vão fazer as marcas europeias?

A curto prazo, a JLR e a Mercedes-Benz anunciaram que iam absorver o valor da taxa de luxo, não afetando o preço final dos modelos. No caso da Mercedes, a marca mais afetada pela taxa de luxo chinesa, até lançou uma campanha para vários modelos, incluindo o Classe S sob um slogan que diz algo como “As taxas podem mudar num instante, mas a honra permanece”.

A Porsche, no caso do Taycan, já praticava campanhas de desconto que colocavam o elétrico abaixo do limite de 900 mil yuan, antes da taxa de luxo ser revista. A questão agora, ainda sem resposta, é se esse desconto passa a ser ou não permanente.

Porsche Taycan GTS - dois formatos de carroçaria
© Porsche Porsche Taycan.

A taxa de luxo chinesa não é dirigida apenas às marcas europeias ou outras estrangeiras. É transversal ao mercado, afetando igualmente as marcas chinesas. Mas neste patamar de preços, contam-se pelos dedos os modelos chineses que são afetados. Um dos poucos modelos chineses afetados é o Yangwang U8, o SUV da marca de luxo da BYD.