Notícias Stellantis no vermelho. “Vamos ter de tomar decisões difíceis” diz novo CEO

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Stellantis no vermelho. “Vamos ter de tomar decisões difíceis” diz novo CEO

A Stellantis teve prejuízos elevados no primeiro semestre de 2025. Dar a volta aos resultados está agora nas mãos de Antonio Filosa, o novo CEO do grupo.

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© Citroën

A Stellantis já revelou os resultados financeiros do primeiro semestre de 2025 e as notícias estão longe de ser animadoras. O grupo registou um prejuízo líquido de 2,3 mil milhões de euros, uma quebra de 140% face ao mesmo período do ano passado.

As receitas líquidas também caíram para os 74,3 mil milhões de euros, uma queda de 13% face ao primeiro semestre de 2024. Esta é justificada pela quebra de vendas nos dois principais mercados do grupo: América do Norte, com uma descida de 23% (647 mil unidades comercializadas) e Europa alargada, com uma quebra de 7% (1,3 milhões de unidades).

A exceção foi a América do Sul, o único mercado onde o grupo continua a crescer, com um aumento de 20% nas vendas e um total de 471 mil unidades comercializadas.

© Jeep Jeep Compass é uma das maiores apostas da Stellantis para a América do Norte, mas ao ser produzido no México, como lidará com as tarifas de 25% de Donald Trump?

Vamos ter de tomar decisões difíceis para restabelecer o crescimento rentável e melhorar significativamente os resultados“, disse o diretor-executivo, sem especificar que decisões são essas.

Apesar das dificuldades, a Stellantis antecipa um segundo semestre com resultados mais positivos. Mas para lá chegar, o novo diretor-executivo Antonio Filosa, que assumiu funções a 23 de junho, terá de resolver uma série de problemas, muitos deles concentrados na Europa. É o mercado com maior volume para a Stellantis, responsável por 29,2 mil milhões de euros em receitas no primeiro semestre.

Que problemas são esses?

O novo diretor-executivo herdou uma lista de problemas e um dos mais evidentes é o ritmo lento no lançamento e produção de novos modelos, como o Citroën C3, o Opel Frontera e o FIAT Grande Panda — todos assentes na plataforma Smart Car do grupo, vista como estratégica para a competitividade da Stellantis no segmento dos utilitários.

No caso do FIAT Grande Panda, lançado na primavera, somou apenas 3600 unidades vendidas até junho na Europa. Os problemas de produção que têm afetado estes modelos, devem-se, em grande parte, à transmissão eletrificada (caixa de dupla embraiagem) que faz parte das versões mild-hybrid 48 V, que não está a ser produzida nas quantidades necessárias. A Stellantis já tomou várias ações desde o início do ano para regularizar a produção deste componente.

“As minhas primeiras semanas como diretor-executivo reafirmaram a minha forte convicção de que vamos corrigir o que está errado na Stellantis, aproveitando tudo o que está certo.”

Antonio Filosa, diretor-executivo Stellantis

Outro ponto crítico são os comerciais ligeiros, segmento onde o grupo é líder na Europa com 30% de quota de mercado. Apesar disto, as vendas caíram 13% este ano, penalizadas pela incerteza económica e pelo adiamento de renovação de frotas por parte de empresas.

Também o futuro da Maserati está em aberto. As vendas da marca de luxo caíram 30,7% no primeiro semestre, para apenas 4200 unidades. A Stellantis já assumiu estar a rever o posicionamento da marca e tudo indica que veremos uma maior integração desta com a Alfa Romeo, para potenciar sinergias.

A somar a estes desafios há dois problemas técnicos graves que Filosa terá de gerir: a expansão das ordens de “não condução” ligadas aos airbags da Takata e os problemas crónicos do motor 1.2 PureTech, ambos com impacto direto na reputação e nas finanças da empresa. Só o caso dos airbags resultou em 300 milhões de euros em encargos.

Por fim, mas não menos importante, temos as tarifas impostas por Donald Trump. O gigante automóvel é um dos mais afetados pelas tarifas — uma parcela significativa dos modelos que vende nos EUA são produzidos no México e Canadá, que são taxados a 25% —, e estima que em 2025 terão um impacto líquido de 1,5 mil milhões de euros. Só no primeiro semestre as tarifas custaram à Stellantis 300 milhões de euros.

O que está a ser feito?

Para inverter o rumo da trajetória das vendas e resultados da Stellantis, foram lançados no mercado europeu vários modelos novos como o Citroën C3 Aircross, FIAT Grande Panda, Opel Frontera e outros foram atualizados, como os Citroën C4/C4X e o Opel Mokka. Na América do Norte a aposta passou pela Ram, que renovou vários dos seus modelos.

As novidades vão continuar no segundo semestre: a chegada do DS Nº8 — que já conduzimos —, do Citroën C5 Aircross e do Jeep Compass serão os grandes destaques na Europa. Isto sem esquecer o regresso da sigla GTi à Peugeot, com o novo 208 GTi.

No outro lado do Atlântico as novidades passam pela reintrodução do icónico motor HEMI V8 na Ram pick-up e no lançamento de uma nova geração do Jeep Cherokee.

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