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Stellantis cancela programa de condução autónoma. O que está em causa

O STLA AutoDrive da Stellantis foi apresentado em fevereiro, mas nunca chegou a ser lançado e agora tudo indica que nunca chegará ao mercado.

Sistema de condução autónoma
© Stellantis

O sistema de condução autónoma de nível 3, STLA AutoDrive, apresentado pela Stellantis em fevereiro poderá nunca chegar ao mercado, de acordo com o que três fontes reportaram à Reuters. Custos elevados, desafios tecnológicos e a falta de procura no mercado são as razões avançadas.

Apresentado no início do ano como um dos pilares da estratégia do grupo, o programa STLA AutoDrive (condução autónoma) já permitia condução automatizada de nível 3 — sem ninguém a controlar o volante temporariamente —, a velocidades até 60 km/h. Era semelhante, por exemplo, ao sistema DRIVE PILOT da Mercedes-Benz.

Sistema de condução autónoma
© Stellantis O nível 3 — o nível mais alto é o 5 que se refere a veículo totalmente autónomo —, de acordo com as definições da SAE, já deixa que o condutor, em determinadas situações, desvie a atenção da estrada. No entanto, obriga a que o condutor esteja sempre preparado para assumir o controlo quando necessário.

Na altura, a empresa afirmou que a tecnologia estava pronta para implementação e em conformidade com a legislação, mas nunca chegou a lançá-la, nem nunca anunciou uma possível data de lançamento ou em que modelos.

“Em fevereiro de 2025 apresentámos a tecnologia de Nível 3, mas, devido à procura limitada, não foi lançada. A tecnologia está, no entanto, disponível e pronta para implementação”, disse um porta-voz da empresa, sem confirmar o seu cancelamento.

No entanto, as fontes da Reuters confirmaram que o programa teria sido suspenso, não havendo previsões de o implementar.

A Stellantis não comentou eventuais perdas financeiras com o atraso/cancelamento do lançamento, mas disse que o trabalho efetuado no programa STLA AutoDrive vai ser aproveitado em futuros desenvolvimentos.

O grupo junta-se, assim, a outros — Ford, Volkswagen, etc. — que deram um passo atrás nos esforços de desenvolver o seu próprio software e tecnologias para condução autónoma. O futuro, a esse nível, será feito com parcerias, como a efetuada entre a Volkswagen e a Rivian.

No caso da Stellantis, desfez a parceria que tinha com a Amazon para o desenvolvimento do Smart Cockpit (soluções de software para o interior dos automóveis, integrando-o com a «vida digital» dos ocupantes), tendo decidido recorrer a tecnologia de base Android.

Quanto ao futuro do programa STLA AutoDrive, apesar de tudo indicar que o desenvolvimento interno terminou, este deverá ser entregue à aiMotive, uma empresa tecnológica que a Stellantis adquiriu em 2022. Ainda não se sabe se vai incluir condução autónoma nível 3 (ou um nível superior), ou quando chegará ao mercado.

Ano turbulento para a Stellantis

O último ano tem sido difícil para o grupo, que enfrenta uma forte pressão para reduzir os custos após um período marcado por uma queda nas vendas. Depois da saída de Carlos Tavares, o novo diretor-executivo, Antonio Filosa, deverá apresentar o novo rumo da empresa no início de 2026.

Nos últimos 12 meses, as ações da Stellantis caíram mais de 40% na bolsa de Nova Iorque. A tecnologia de condução autónoma é vista como uma forma de gerar receitas adicionais através de software e subscrições. Carlos Tavares tinha previsto receitas de 20 mil milhões de euros anuais até ao final da década. Com os últimos desenvolvimentos é pouco provável que essa meta seja atingida.

Atualizado às 16h00: Foram efetuadas alterações para ficar mais claro o destino do programa STLA AutoDrive.

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