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Stellantis alerta que metas de CO2 podem levar ao fecho de fábricas

Caso nada mude "teremos de tomar decisões difíceis", como encerrar fábricas, afirmou o responsável das operações da Stellantis na Europa.

Linha de produção, fábrica de Mangualde
© Stellantis

Para evitar as avultadas multas de incumprimento das metas de emissões de CO2, a Stellantis pondera até encerrar fábricas na Europa. O alerta veio de Jean-Philipe Imparato, o responsável máximo das operações do grupo na Europa, durante uma conferência no parlamento italiano, no passado dia 1 de julho.

“Se não houver alterações na regulamentação até ao final do ano, teremos de tomar decisões difíceis”, declarou Imparato, citado pela Reuters. Segundo o gestor, a Stellantis enfrenta o risco de penalizações que podem chegar aos 2,5 mil milhões de euros nos próximos dois anos.

Para evitar multas, a Stellantis tem de obrigatoriamente duplicar as vendas de veículos elétricos. “É impossível”, afirmou o executivo.

© Stellantis Outra das fábricas de comerciais ligeiros da Stellantis está localizada aqui mesmo em Portugal, em Mangualde.

A alternativa passa por reduzir a produção de veículos com motor de combustão. “Ou acelero como nunca nos elétricos… ou encerro os veículos a combustão interna.” Em ambos os casos, isso resulta no encerramento de fábricas, segundo Imparato.

A fábrica com maior risco de fechar é a Sevel, em Atessa, Itália. Esta é, atualmente, a maior unidade de produção de veículos comerciais ligeiros em solo europeu — produz modelos como o FIAT Ducato.

Segundo Imparato, a viabilidade desta e de outras fábricas da Stellantis — como a de Mangualde, por exemplo —, dependerá da evolução do já referido enquadramento legal europeu referente às emissões de CO2.

O calendário das metas de emissões de CO₂ foi revisto após pressão da indústria. Em vez de se basearem apenas nos valores de 2025, o cálculo será a média das emissões entre 2025 e 2027, adiando também em alguns anos o pagamento de eventuais multas por incumprimento. Ainda assim, o responsável da Stellantis considera que os objetivos continuam “inatingíveis”.

A Stellantis está a pedir um adiamento de cinco anos das metas para os comerciais ligeiros. Trata-se de um segmento com taxas de eletrificação muito inferiores devido ao preço, à autonomia e à falta de infraestruturas adequadas para frotas profissionais.

Novo segmento abaixo dos 15 mil euros

Além da questão das metas de emissões, Imparato voltou a defender a criação de uma nova categoria de automóveis mais acessíveis para a Europa, reforçando a proposta apresentada há umas semanas por John Elkann, presidente da Stellantis.

© Stellantis Na fábrica da Stellantis de Mangualde já estão a ser produzidos automóveis 100% elétricos.

O objetivo é criar uma categoria entre a dos quadriciclos e veículos ligeiros, num modelo inspirado nos mini-carros japoneses, os kei cars. Tal como estes, teriam algumas limitações (dimensões, potência, emissões), mas poderiam prescindir de alguns requisitos regulatórios que afetam os veículos ligeiros. O objetivo? Ter carros mais baratos, com preços abaixo dos 15 mil euros.

A Stellantis diz que um segmento com estas características permitiria à indústria europeia competir com os construtores chineses e responder à procura por veículos mais eficientes e acessíveis.

A Comissão Europeia ainda não efetuou qualquer comentário sobre estas propostas. No entanto, para a Stellantis, o tempo está-se a esgotar, podendo dar origem a consequências profundas em termos de emprego e produção automóvel no «velho continente».