Stellantis já escolheu o sucessor de Carlos Tavares

É oficial. A busca por um novo diretor-executivo da Stellantis terminou, depois de Carlos Tavares se ter demitido com efeitos imediatos em dezembro do ano passado.

Depois de seis meses à procura de um substituto, Antonio Filosa, o executivo italiano que ocupa atualmente o cargo de diretor de operações (Chief Operating Officer) da Stellantis nas Américas, foi selecionado pelo “historial comprovado de sucesso prático” ao longo de mais de 25 anos no setor automóvel.

Antonio Filosa começou na FIAT em 1999, muito antes da formação da Stellantis, mas desde então já liderou os destinos do grupo tanto na América do Norte como na América do Sul.

Como COO (diretor de operações) na América do Sul, o seu sucesso foi indiscutível: elevou a FIAT a líder do mercado e fez crescer substancialmente as outras marcas do grupo na região: Peugeot, Citroën, Ram e Jeep. O Brasil é hoje o segundo maior mercado individual da Jeep.

Também foi diretor-executivo da Jeep e, após a saída de Carlos Tavares em dezembro, assumiu o cargo de diretor de operações para as Americas. O foco da sua missão, no entanto, foram os EUA, o mercado que mais contribuiu para a queda dos números da Stellantis em 2024.

As ações de Filosa em menos de meio ano nos EUA resultaram em novos líderes de equipas, redução de stocks excessivos, introdução de novos modelos e motorizações e, não menos importante, o retorno ao diálogo com concessionários, sindicatos e fornecedores.

Filosa vai assumir o cargo de CEO da Stellantis a partir do próximo dia 23 de junho. John Elkann, que assumiu a função temporariamente após a saída de Tavares, vai manter a função que já detinha antes, de presidente executivo Stellantis.

Desafios adiante

Esta mudança acontece num momento muito sensível para o gigante automóvel que tem múltiplos desafios pela frente: reverter a trajetória das vendas, recuperar as relações com concessionários e fornecedores e minimizar o impacto das tarifas de 25% impostas por Donald Trump sobre os automóveis importados para os EUA. As operações da Stellantis nos EUA dependem fortemente da produção no México, Canadá e Europa.

Agora, é da responsabilidade de Antonio Filosa tentar reverter esta quebra e recuperar a confiança dos concessionários, fornecedores e sindicatos, após um período de tensões e resultados aquém das expectativas.

O próprio presidente executivo da Stellantis, John Elkann, destacou a “liderança forte e eficaz” de Filosa, apontando à sua capacidade em enfrentar desafios, como os da América do Norte e do Sul.

Próximos passos

No mesmo dia em que assumir as suas funções (23 de junho), Filosa vai anunciar a nova equipa de gestão do grupo, com destaque para o regresso de Tim Kuniskis à liderança da Ram e a reposição de Jeff Kommor como responsável pelas vendas nos EUA, após um ano de perdas de quota de mercado.

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A expectativa agora recai sobre a capacidade de Filosa nesta nova demanda, que encara como uma “missão de reconstrução” para conduzir a Stellantis nesta fase de transição e consolidar o grupo num contexto global cada vez mais desafiante.

Miguel Nascimento

Antonio Filosa, Indústria, Stellantis