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Portugueses usam telemóvel ao volante? Estudo dá resposta surpreendente

O estudo do LNEC conclui que são poucos os condutores portugueses que usam telemóvel ao volante, contrastando com a perceção geral.

Pessoa ao volante de um carro e a falar ao telefone
© Alexandre Boucher / Unsplash

O LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) elaborou um estudo sobre a utilização do telemóvel durante a condução em diferentes veículos, vias de trânsito e períodos do dia. Os resultados não podiam ter sido mais surpreendentes.

Isto porque concluiu-se que 96,7% dos condutores portugueses não utilizam o telemóvel, quando estão a conduzir.

Em causa estão dados recolhidos em 2022, no âmbito do projeto europeu Baseline, co-financiado pela Comissão Europeia (CE), que se destina a desenvolver formas de medir Indicadores de Desempenho em Segurança Rodoviária (IDS), sendo uma das óticas a distração em condução, nomeadamente a utilização de telemóveis.

Trânsito
© André Mendes / Razão Automóvel

Como foi calculado?

Para a elaboração deste relatório, o LNEC utilizou uma amostra de condutores aleatória, com especial ênfase nos veículos ligeiros, uma vez que é este o tipo de veículos mais frequente.

Os mínimos exigidos eram duas mil observações, em pelos menos 10 locais para cada um dos três tipos de vias — autoestradas, estradas interurbanas e urbanas —, durante trânsito fluído, tendo que ser observados pelo menos 500 condutores por cada tipo de estrada.

Em Portugal, recolheram-se dados confortavelmente acima dos exigidos. Foram observados 3834 condutores em 15 arruamentos urbanos, 12 estradas interurbanas e 11 autoestradas. O total de observações em cada uma destas vias foram de 1178, 1504 e 1152, respetivamente.

A conclusão do estudo foi a de que 97% dos condutores portugueses não usam telemóvel durante a condução nas estradas urbanas e interurbanas, valor que sobe para os 98% em autoestrada.

Os resultados surpreendentes advém do facto de a distração ao volante, sobretudo o uso do telemóvel, ser apontado com uma causa cada vez maior de acidentes.

A Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Auto-estradas ou Pontes com Portagem (APCAP), por exemplo, indicou no seu relatório anual de 2022 que, do número total de acidentes verificados em autoestrada, 41% (752) foram atribuíveis ao condutor e desses, 28% (212) foram por distração ao volante. Trata-se de uma subida em relação aos 24% verificados em 2019.

A discrepância verificada entre as suas conclusões e os dados como os da APCAP ou da ANSR (Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária) poderá estar na metodologia usada: desde os períodos de observação aos locais escolhidos.

E nos outros países?

No entanto, os resultados obtidos em Portugal não diferem muito dos outros recolhidos em mais 14 Estados-membros: Finlândia, Alemanha, República Checa, Bélgica, Lituânia, Áustria, Polónia, Suécia, Malta, Grécia, Bulgária, Espanha, Chipre e Letónia.

Em todos estes países verificaram-se, tal como em Portugal, valores superiores a 90% de não uso do telemóvel durante a condução. O valor mais baixo foi de 90,6% no Chipre e o mais alto foi de 98,3% na Finlândia.

Importa, no entanto, destacar algumas particularidades no que se refere às características da rede ou dos métodos de recolha entre os Estados-membros. Por exemplo, em Malta e na Letónia não existem autoestradas. Em Espanha, por outro lado, monitorizou-se não só o uso de telemóveis, como também os de outros dispositivos eletrónicos.

Fonte: LNEC