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Venda de elétricos a crescer mas indústria continua longe das metas da UE

A quota de mercado de elétricos na UE atingiu um recorde no primeiro semestre de 2025, mas o custo para a indústria está a ser muito elevado.

Renault 5 a carregar
© Renault

As vendas de automóveis elétricos até estão a crescer na União Europeia (UE) em 2025: no primeiro semestre aumentaram 22% face ao período homólogo, totalizando 869 271 unidades (Fonte: ACEA).

Este crescimento permitiu aos automóveis elétricos atingirem uma quota de mercado recorde na UE de 15,6%. No final do ano passado, foi de 13,6%.

Mas para os construtores atingirem as metas de emissões de CO2 (dióxido de carbono) impostas pelo bloco europeu e evitarem o pagamento de multas avultadas, este crescimento é insuficiente. Precisam de vender muito mais.

Parque de estacionamento cheio de Tesla Model 3
© Tesla

O que está em causa

Recorde que a UE adiou para o final de 2027 a avaliação do cumprimento das novas metas de emissões de CO2, fixadas em 93,7 g/km (WLTP). Em vez de a média de emissões ser calculada apenas com base nos dados de 2025, será agora feita com base na média acumulada de três anos (2025, 2026 e 2027).

A indústria respirou de alívio com a introdução desta medida, mas foi apenas um «empurrar para a frente» do que estava estipulado. Caso fiquem muito acima da meta este ano, obrigará a um esforço adicional em 2026 e 2027 para as contas baterem certo no final.

De acordo com declarações de analistas e até alguns executivos, para a indústria estar em cumprimento, a quota de mercado dos elétricos na União Europeia deveria situar-se entre os 20% a 22%. O que é muito mais que os 15,6% verificados no primeiro semestre e os estimados 16-17% até ao final do ano.

Dizendo de outra forma, deveríamos estar a vender entre 30% a 40% a mais de elétricos do que se vendem atualmente no bloco europeu. E isso, para a indústria, é um desafio hercúleo.

Descontos e mais descontos

Perante a pressão regulamentar, temos assistido este ano à aplicação de campanhas e descontos mais agressivos nos modelos elétricos um pouco por todos os países membros da UE. Ao mesmo tempo alguns modelos a combustão ficaram mais caros para mitigar os efeitos negativos na rentabilidade.

É o que justifica, por exemplo, o que aconteceu na Alemanha (o maior mercado europeu). Apesar de não ter incentivos à compra de elétricos desde o final de 2023, viu as vendas baterem recordes no primeiro semestre deste ano.

Também podemos usar o que aconteceu no Reino Unido (fora da UE) como exemplo do que esperar nos próximos tempos. O país não tem incentivos à aquisição de elétricos, mas o governo britânico impôs quotas de vendas: em 2024 foi de 22%.

Para a atingirem, estima-se que o setor automóvel tenha perdido mais de cinco mil milhões de euros em receita para alimentar campanhas e descontos. Mesmo assim, chegaram ao final do ano aquém do objetivo: a quota dos elétricos ficou-se pelos 19,6%.

Regressando à União Europeia, o desafio em mãos para os construtores é, por isso, enorme. Por um lado, arriscam perdas significativas em receitas e rentabilidade para aumentar as vendas dos elétricos. Por outro lado, arriscam a pagar multas que podem ser elevadas ao ponto de colocar em causa a sua própria viabilidade.

Luca de Meo, quando acumulava o cargo de diretor-executivo do Grupo Renault com o de presidente da ACEA, avançou com uma estimativa de até 15 mil milhões de euros em multas para a indústria automóvel europeia em caso de incumprimento.

De acordo com um estudo da Dataforce publicado no final de 2024, a Ford e o Grupo Volkswagen estavam entre os fabricantes mais distantes das novas metas.

Volkswagen ID.4 GTX, frente
© Volskwagen O Volkswagen ID.4 tem sido um dos elétricos mais vendidos da União Europeia em 2025, tendo registado um crescimento expressivo de 40% no primeiro semestre.

No caso do grupo alemão, o cenário poderá estar a mudar. No primeiro semestre de 2025, cinco dos 10 modelos elétricos mais vendidos na UE pertenciam ao grupo e todos registaram aumentos significativos de vendas. Uma consequência também das campanhas e descontos mencionados.

Há alternativas para cumprir as metas?

Para facilitar o cumprimento das metas, a UE permite a formação de grupos de fabricantes — as chamadas emission pools — que juntam as suas emissões de CO₂ para efeito de cálculo conjunto.

A Stellantis, Toyota, Ford, Subaru, Mazda, Honda e Suzuki já anunciaram a intenção de se juntarem à Tesla, que, sendo 100% elétrica, tem créditos de emissões para «vender». Ainda que a queda substancial das vendas da Tesla este ano na Europa possa obrigar a fazer novas contas.

Também a Mercedes-Benz optou por esta via, juntando-se à Volvo, Polestar e Smart. Segundo o Automotive News Europe, todos estes agrupamentos já terão recebido luz verde da Comissão Europeia.

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