Notícias Diferenças entre os consumos reais e anunciados continuam a aumentar

Consumos e emissões

Diferenças entre os consumos reais e anunciados continuam a aumentar

Os dados são da Federação Europeia para os Transportes e Ambiente. Mercedes-Benz é a marca com maior discrepância entre o consumo real e o anunciado.

Consumos e emissões. Tem sido um dos temas mais falados aqui na Razão Automóvel. Se quiseres ficar a par dos conteúdos mais importante abordados por nós sobre este tema, estes são apenas alguns exemplos:

Dada a atualidade do assunto, não é surpresa para ninguém que todos os veículos atualmente em comercialização oferecem uma determinada discrepância entre o consumo homologado e o consumo real. Algo tão recorrente que já é considerado “normal”. Das marcas aos consumidores, já todos se habituaram a viver com estas discrepâncias.

Porém, estas discrepâncias estão a assumir valores cada vez mais preocupantes. De acordo com a Federação Europeia para os Transportes e Ambiente, a discrepância média do mercado situa-se agora nos 42% (dados de 2015).

As conclusões são de um estudo levado a cabo pela Federação Europeia dos Transporte e Ambiente, onde foram comparados os dados de homologação dos veículos, com os ensaios realizados pelo Internation Council on Clean Transportation (ICCT) e com os dados fornecidos por milhares de automobilistas através da plataforma Spritmonitor. Estamos portanto, perante uma amostra bastante significativa.

Porque “sobe” esta discrepância?

A discrepância média continua a subir, ano após anos, não só devido à crescente modernização das motorizações, que permitem às marcas “controlar” de forma mais eficaz os parâmetros dos motores (sem infringir nenhuma regra), mas também devido à presença massiva de sistemas eletrónicos que na década de 90 (quando foi adoptado o ciclo NEDC) não estavam democratizados – ver aqui a explicação da OICA.

Direção assistida elétrica, ar-condicionado, sistemas de som, GPS’s, radares, etc, são tudo sistemas que “roubam” eficiência aos motores de combustão e que fazem os consumos disparar. Sistemas estes que não foram tidos em consideração na aquando da padronização deste ciclo de homologação há mais de 20 anos.

Culpem o ciclo NEDC

Segundo este estudo, as marcas estão a explorar cada vez melhor as lacunas do ciclo de homologação NEDC. Em 2001, as discrepâncias médias entre os consumos reais e os consumos homologados era de apenas 9%, de 2012 para 2015, esta média subiu de 28% para 42%.

A estimativa deste estudo é que em 2020 a discrepância média do mercado seja de 50%. Ainda que com a entrada em vigor do ciclo de homologação WLTP (Worldwide harmonized Light vehicles Test Procedures) – em que uma parte dos testes é realizado em condições reais – este valor possa descer para os 23%.

Como já referimos anteriormente, em boa verdade, ninguém ganha com estas discrepâncias. Nem as marcas, nem os Estados, e muito menos os consumidores. Os Estados-membros da UE já foram inclusivamente aconselhados pela Comissão Europeia a rever em baixa os impostos sobre as emissões para que, assim que o ciclo de homologação WLTP entre em vigor, não haja nenhum agravamento de impostos.

A verdade é que ninguém fica bem na fotografia. O poder político (Estados-membros, UE, etc.) e os construtores, por intermédio das suas organizações (ACEA, OICA, etc.), até agora, têm feito muito pouco para reverter esta situação. O ciclo WLTP tarda em entrar em vigor, e o ciclo RDE só chega em 2025.

As marcas com maiores e menores discrepâncias

Entre as marcas consideradas neste estudo, a melhor (com menor discrepância média) é a Fiat, com “somente” 35% de discrepância. A pior, por uma margem considerável, é a Mercedes-Benz, com 54% de discrepância média.