Crónicas O Volkswagen mais rápido no Nürburgring não chega para o Civic Type R

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O Volkswagen mais rápido no Nürburgring não chega para o Civic Type R

A Volkswagen lançou uma versão especial do Golf GTI para assinalar os seus 50 anos, mas há um japonês que não quer alinhar na festa.

Volkswagen Golf GTI 50 Edition
© Volkswagen

O novo Volkswagen Golf GTI Edition 50 acabou de escrever mais uma página dourada na história da marca alemã: tornou-se o Volkswagen de produção mais rápido de sempre em Nürburgring. Nada mau para um modelo que acaba de celebrar 50 anos de vida — já vimos crises de meia-idade bem menos emocionantes.

Mas por muito impressionante que seja — tirou seis segundos ao tempo do Golf R 20 Years Edition —, o trono continua bem guardado. E quem lá está sentado não parece ter vontade de se levantar.

Falo, claro, do Honda Civic Type R, que continua a ser o carro de tração dianteira mais rápido de sempre no mítico «inferno verde»: 7min44,881s contra 7min46,13s.

Queremos acreditar que este Golf GTI Edition 50 não é só sobre eficácia em pista — a potência adicional e as modificações efetuadas ao chassis prometem fazer dele — esperamos — um dos melhores GTI de sempre. Mas no final do dia, alguém vai-nos sempre lembrar que ficou pouco mais de um segundo atrás do japonês mais endiabrado do segmento que fez melhor com caixa manual.

O último dos moicanos

Pouco mais de um segundo não é nada num circuito com mais de 20 quilómetros. Mas isto também nos mostra, mais uma vez, que o Civic Type R não é um adversário qualquer.

Desde a primeira vez que o conduzimos, no Circuito do Estoril, ficámos convencidos que este samurai parece respeitar todos os requisitos do manual do hot hatch perfeito.

Mais do que uma simples corrida contra o cronómetro, este recorde do Civic Type R é um símbolo de resistência. É um grito de guerra e uma bandeira para todos os puristas da combustão.

Tudo aponta para que este seja o último Civic Type R com motor puramente térmico. E se assim for, podemos estar perante o último grande hot hatch a combustão. Um verdadeiro canto do cisne antes da implementação total dos eletrões.

O futuro é pesado

Porque o futuro dos hot hatch já está a ser desenhado. Será elétrico, com binários monstruosos, tração integral e modos de drift que parecem saídos de um videojogo. Mas será que vai ter alma?

Modelos como o Hyundai IONIQ 5 N dizem-nos que sim, apesar de ser excessivo: muita potência (duas vezes mais que este Golf GTI Edition 50 ou o Civic Type R), muito peso (quase 2,3 t) e muito grande.

Mais abaixo no mercado, com duas rodas motrizes, também há esperança em modelos como o Alpine A290 ou mesmo o Abarth 600e. Mas no que toca à performance, ainda há um longo caminho a percorrer.

Porque a verdade é que ao dia de hoje, nenhum modelo elétrico equivalente consegue ser tão eficaz e tão rápido quanto este Honda Civic Type R. E a resposta está quase sempre no peso, que é um dos maiores inimigos dos elétricos, em particular dos que procuram oferecer uma condução mais envolvente.

Por isso, apesar de a Volkswagen estar de parabéns por ter feito o GTI mais rápido de sempre, o rei continua a ser japonês. Mas não olhem para ele como o vilão que estragou a festa dos 50 anos do Volkswagen Golf GTI. Porque o maior argumento do GTI nunca foi a velocidade pura, o máximo de eficácia dinâmica e os tempos por volta.

Foi o facto de tudo isto nos chegar sob a forma de um carro «normal», que podia ser usado nas tarefas mais mundanas, com a mesma versatilidade de um Golf TDI.

E isso é algo que nunca vamos poder roubar-lhe. Por isso mesmo, despeço-me da única forma possível, dizendo: Longa vida ao GTI!