Crónicas Mazda e Toyota fazem melhor do que a Ferrari

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Mazda e Toyota fazem melhor do que a Ferrari

A Mazda e a Toyota demonstram que as condicionantes que mais limitam um projeto também levam às soluções mais criativas.

Mazda MX-5 e Toyota GR86

Grande engenharia não é só o que se consegue fazer com um cheque em branco. É, sobretudo, o que se consegue fazer quando o orçamento é curto e as restrições são muitas.

Criar um hipercarro pode ser um ato de arte mecânica, como criar um Rolex — exclusivo, preciso, feito para impressionar. Mas a verdadeira prova de engenharia está no equivalente automóvel a um Casio: um carro produzido em grande volume, com materiais convencionais, limitado pelas emissões, segurança e regulamentações globais.

Mazda MX-5
© Mazda Mazda MX-5

Repare no trabalho de quem concebe um Mazda MX-5 ou um Toyota GR86. São projetos onde muitas ideias brilhantes acabam no lixo porque falharam um único requisito (sobretudo relacionado com custos) numa lista de 10. E, ainda assim, o produto final é coerente, puro e capaz de oferecer prazer de condução sem custar uma fortuna.

É por isso que, para mim, o MX-5 é um dos maiores feitos da indústria japonesa. O mesmo respeito tenho pelo que a Gazoo Racing fez com o GR86 e pelo que Shigeru Uehara alcançou no final dos anos 90, quando liderou o desenvolvimento do projeto que seria o Honda S2000 — um «budget NSX» que provava que a emoção não dependia do preço.

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O mais curioso é que estes engenheiros raramente se tornam estrelas. Não há holofotes nem desfiles para quem acerta no compromisso perfeito entre custo, desempenho e fiabilidade. Mas todos nós, quando sentimos o motor a cortar no redline, o volante a transmitir cada grama de aderência e o engrenar como deve ser de cada relação, estamos a agradecer-lhes — mesmo sem saber o nome deles.

O meu receio é que esta arte esteja em vias de extinção. A cada ciclo de regulamentações e normas de emissões, o espaço para criar desportivos acessíveis encolhe. O próximo MX-5 será um teste à resistência desta filosofia. E embora exemplos como o GR86 provem que as marcas ainda não atiraram a toalha ao chão, a fiscalidade em Portugal — que penaliza a cilindrada — tratou de trair este último, afastando-o de quem mais o merecia.

A engenharia brilhante é, muitas vezes, invisível. Mas se um dia desaparecer, todos daremos por ela, quando o prazer de condução for algo que já só se encontra em museus.

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