Clássicos Hildebrand. A história do navio que naufragou e espalhou carros em Cascais

Naufrágio

Hildebrand. A história do navio que naufragou e espalhou carros em Cascais

Esta é a história do Hildebrand, o navio inglês que naufragou ao largo de Cascais e que transportava vários Nash Metropolitan. Alguns ainda andam por cá.

Nash Metropolitan

Hoje, a convite de um leitor da Razão Automóvel que leu a história do Reijin, o «Titanic dos automóveis» que naufragou em Portugal, voltamos a vestir o fato de mergulhador. Novamente com o mesmo propósito: recordar um naufrágio que envolve automóveis e cuja lembrança tem atravessado gerações.

Falamos do navio inglês Hildebrand, que naufragou ao largo de Cascais. Uma história que tem passado de pai para filho — obrigado ao nosso leitor pela partilha! — e que certamente continuará viva durante muitos mais anos.

O navio que batizou automóveis

O Hildebrand foi lançado ao mar em 2 de julho de 1951 no Reino Unido, nos estaleiros da Cammell Laird Company, e conheceu a sua última morada junto ao Forte de S. Jorge de Oitavos, em Cascais, no dia 25 de setembro de 1957.

navio naufragado Hildebrand Cascais
© RTP Arquivos

As condições de visibilidade precárias, a falta de um radar a bordo e a quantidade de rochas magnéticas que afetam a navegabilidade através de bússola naquele local, foram alguns dos fatores que contribuíram para o desfecho trágico deste navio.

A bordo do Hildebrand seguia a tripulação do navio (167 passageiros) e uma carga composta por automóveis que ainda hoje preenche o imaginário de muitos cascalenses. Falamos dos Nash Metropolitan, modelos cujo destino final não era Portugal (onde nem eram vendidos) mas que acabaram por ficar em terras lusas devido ao naufrágio.

Os mais velhos ainda hoje recordam os pequenos Nash Metropolitan que ficaram conhecidos na região como “os carros do Hildebrand”. Devido às condições climatéricas favoráveis que se fizerem sentir após o naufrágio, importa referir que não houve mortes a lamentar e até mesmo os Nash Metropolitan conseguiram «escapar».

Nash Metropolitan

A segunda vida dos Nash do Hildebrand

A carga do Hildebrand foi dada como perdida e os pequenos Nash Metropolitan, produzidos sob encomenda na fábrica da marca inglesa Austin, ficaram armazenados na zona do Guincho, durante meses, um pouco abandonados à sua sorte — lê-se no blog «Um Grande Hotel».

Após esse período, estes modelos acabaram por ser vendidos — desconhece-se em que moldes — e passaram a ser uma presença habitual nas estradas da região. Alguns, sobrevivem até aos dias de hoje. Após uma breve pesquisa encontrámos inclusivamente um desses Nash Metropolitan na sua «nova vida» pós-naufrágio: transporta casais em cerimónias de casamento.

Não é uma história tão impressionante quanto a do Reijin, o «Titanic dos automóveis» que naufragou em Portugal, mas o seu final é seguramente mais feliz. Pode ser que num dia de sol, sem nevoeiro à vista, ainda nos cruzemos com um Nash Metropolitan no canal de YouTube da Razão Automóvel

E por falar em YouTube, para quem deseja saber mais sobre este naufrágio, recomendamos um documentário da autoria de Pedro Carvalho. Podem vê-lo aqui.

Fontes: RTP Memória, Blog Um Grande Hotel e Youtube