Autopédia Como é calculado o preço dos combustíveis?

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Como é calculado o preço dos combustíveis?

É sempre fácil apontar o dedo a alguém sempre que os preços sobem, mas a realidade é mais complexa. Saiba como é calculado o preço dos combustíveis.

Sempre que o preço da gasolina ou do gasóleo sobe, facilmente é encontrado apenas um responsável: ou a culpa é do governo, ou da cotação do petróleo, ou ainda das margens de lucro das próprias gasolineiras.

A realidade é um pouco mais complexa que isso e o preço final que pagamos — podemos todos concordar que é muito alto — para abastecer o nosso automóvel resulta da soma de vários fatores.

E aquele que mais peso tem continua a ser definido pelo Estado: corresponde a mais de 60% do valor pago pelos consumidores. Este resulta não só dos impostos como o ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos) e o IVA, como também de obrigações legais, como a incorporação de biocombustíveis — este ano, a incorporação mínima de biocombustíveis fixada pelo Estado é de 13%, em linha com as metas europeias de descarbonização.

Para percebermos que mais fatores entram no cálculo do preço dos combustíveis, recorremos à Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE). A entidade calcula e publica diariamente o preço de referência, que serve de base para os valores praticados antes da fase de comercialização, assim como decompõe o preço total nas várias parcelas que o constituem.

Todos os fatores

Para além dos impostos e biocombustíveis, a outra grande parcela que afeta o preço dos combustíveis é a matéria-prima em si, ou seja, a cotação internacional dos produtos derivados do petróleo.

Esta varia todos os dias por múltiplas razões, desde a sazonalidade (gasóleo tende a subir de preço no inverno, sendo usado para aquecimento, por exemplo), quotas de produção, perturbações logísticas ou até conflitos que afetem países produtores.

ENSE relatório mensal junho de 2025 combustíveis gasóleo
© ENSE No preço do gasóleo, apenas o IVA, o ISP e a incorporação de biocombustíveis foram responsáveis por mais de metade do preço. Em segundo lugar surgem as cotações internacionais e o frete (dados: jun.24 – jun.25).

Outro fator relevante é o custo do transporte destes produtos até Portugal. Em conjunto com a cotação internacional, são a segunda maior parcela do preço total dos combustíveis — depois dos impostos —, e também são os principais responsáveis pelo diminuição/aumento do preço final.

Existem ainda custos marginais associados à manutenção das reservas estratégicas de combustíveis, geridas pela própria ENSE. Estas reservas são obrigatórias por questões de segurança energética e os custos com a sua gestão e armazenamento também se refletem no preço que pagamos na bomba.

O mesmo se aplica às operações logísticas necessárias para descarregar, armazenar temporariamente e preparar os combustíveis para distribuição.

ENSE relatório mensal junho de 2025 combustíveis gasolina
© ENSE No preço da gasolina, também o IVA, o ISP e a incorporação de biocombustíveis são responsáveis por mais de metade do preço. Em segundo lugar surgem as cotações internacionais e o frete (dados: jun.24 – jun.25).

Por fim, existem as margens dos comercializadores, que por muito que se ouça falar nelas, representam uma fatia em torno dos 10% (margem líquida) do preço total (Fonte: DECO).

Este valor reflete os encargos com a distribuição após a armazenagem, bem como os custos operacionais dos operadores e variam de distribuidor para distribuidor. Esta componente, não entra no cálculo do preço de referência da ENSE.

À data de publicação deste artigo, mantém-se, desde 2022 (com o início da invasão da Ucrânia), medidas do governo para mitigar o aumento do preço dos combustíveis que incidem, sobretudo, sobre o valor do ISP. O que significa que, apesar do preço dos combustíveis estar elevado, poderia estar bem mais.

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