Opinião Amanhã é o dia mais importante na história da indústria automóvel

Euro 7

Amanhã é o dia mais importante na história da indústria automóvel

Após vários avanços e recuos, amanhã vamos finalmente conhecer a norma Euro 7. O quadro regulatório de emissões para a indústria automóvel na Europa.

Saídas de escape do Jaguar F-Type
© Jaguar

Atualização a 10 de novembro de 2022: Proposta Euro 7 foi finalmente anunciada pela Comissão Europeia.

Não é um exagero. O anúncio da norma Euro 7, agendada para amanhã, será um dos momentos mais importantes na história da indústria automóvel moderna. Se não mesmo, o mais importante.

Bem sei que esta é uma norma que apenas diz respeito aos países europeus. Mas eu ainda sou daqueles que acredita que a Europa é o «farol» da indústria automóvel mundial — uma crença que, em abono da verdade, tem vindo a perder força ano após ano.

De resto, este é um anúncio que já devia ter acontecido há muito (há mais ou menos um ano) e que tem vindo a ser adiado sucessivamente. O motivo? Cautela. Muita cautela. O que está em causa assim o exige.

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União Europeia

Afinal, o que está em causa?

Amanhã acabam todas as dúvidas. Mas se este quadro regulatório for tudo o que alguns grupos de pressão querem que seja, sejamos claros: estamos perante o fim dos automóveis com motor de combustão ainda mais cedo do que o ano 2035.

“Estamos a falar de sistemas de tratamento de gases de escape tão complexos e dispendiosos (super-catalisadores e filtros de partículas XXL) que são impossíveis de acomodar nos automóveis mais baratos sem os encarecer para lá do absurdo. Ironicamente, precisamente aqueles que são menos poluentes.”

Se assim for, nem precisamos de esperar por 2035. Podem já desligar a ficha à tecnologia que democratizou a mobilidade individual e que colocou a humanidade em movimento nos últimos 120 anos.

Caso a Comissão Europeia dê ouvidos às recomendações de organismos como a CLOVE (Consortium for ultra Low Vehicle Emissions) e a norma Euro 7 for tudo o que pretendem, o preço dos automóveis vai disparar; será o fim dos segmentos mais acessíveis; e uma onda de despedimentos varrerá a Europa.

Não é tudo. Thierry Breton, comissário europeu para o mercado interno, numa entrevista recente ao jornal Le Echos, apontou mais algumas consequências que a prudência nos aconselha evitar a todo custo.

A boa notícia

Tenho muita confiança no bom senso dos nossos decisores políticos. Apesar das desilusões serem frequentes, acredito que amanhã, como normalmente acontece, o bom senso irá prevalecer.

As últimas notícias apontam nesse sentido. A Comissão Europeia tem vindo a reconhecer os limites do que é tecnicamente viável e possível com a norma Euro 7.

Os próprios avanços e recuos relativamente ao anúncio da norma Euro 7 mostram isso mesmo: prudência e receio relativamente ao que estas metas ambientais — que a todos devem convocar — podem significar para milhões de pessoas.

Além de que, quer queiramos, quer não — e todos deviam querer… — no final, a mobilidade elétrica acabará naturalmente por prevalecer. Por todas as vantagens que oferece, não tenho dúvidas.

Motor V6 McLaren Artura

Até lá, escusamos de tentar colocar a «carroça à frente dos bois». Devemos afastarmo-nos inequivocamente dos radicalismos e extremismos que a história já nos ensinou não serem bons conselheiros.

Amanhã é o dia mais importante da história da indústria automóvel e eu estou confiante.