Nissan Qashqai 1.6 dCi Tekna: maduro e convicto

Nesta segunda geração, o best-seller nipónico Nissan Qashqai está mais maduro e convicto das suas qualidades. Venham connosco conhecê-lo na versão 1.6 dCi Tekna.
Confesso que este meu primeiro contacto com o novo Nissan Qashqai foi muito clínico. Talvez nunca tivesse ensaiado um automóvel de forma tão pragmática. Foi tudo muito metódico. Já com a chave na mão – e ainda no parque de imprensa da Nissan – dei algumas voltas ao Qashqai para avaliar o seu design, entrei no habitáculo, ajustei o banco e toquei em praticamente todos os painéis, rodei a chave e segui viagem. Um processo que deve ter durado não mais que 5 minutos.

E não foi preciso mais que meia dúzia de quilómetros para chegar a uma conclusão quanto às qualidades do novo Nissan Qashqai: esta segunda geração do SUV japonês é um superlativo da primeira geração. Apesar de curtas, estas palavras querem dizer muito. Querem dizer que o Qashqai continua igual a si mesmo, mas está melhor. Muito melhor. Em parte, isto explica a familiaridade com que abordei o Qashqai.
Se consegue fazer jogo igual ao de uma carrinha do segmento C? Efectivamente não, mas não está muito distante. O estilo SUV paga-se.
Pensando melhor, não foi uma abordagem clínica, foi uma abordagem familiar. Afinal de contas, era como se já o conhecesse. Como aqueles amigos de infância, que não vemos durante anos a fio e depois voltamos a encontrar vários anos depois. Riem da mesma forma, comportam-se aparentemente da mesma forma, mas obviamente não estão iguais. Estão mais maduro e sofisticados. Assim está a 2º geração do best-seller da Nissan: como um velho amigo.
Ainda pensei em fazer um analogia com o amadurecimento do vinho, mas misturar álcool e automóveis normalmente dá mau resultado.
Mais maduro na forma como pisa a estrada

Já a rolar, começaram a surgir as primeiras diferenças. A forma com o novo Nissan Qashqai aborda a estrada deixa o seu antecessor a milhas. Está mais controlado e infinitamente mais preciso – muito graças ao controlo ativo de trajectória, que recorre ao controlo de estabilidade e de tração para controlar a aderência. Seja em auto-estrada ou em estrada nacional, o Nissan Qashqai sente-se em casa. Em cidade, as várias câmaras de auxílio ao estacionamento ajudam a «encurtar» as suas dimensões exteriores.
Mais uma vez, a Nissan acertou na receita. A segunda geração do Nissan Qashqai tem tudo para continuar a senda de sucesso que o seu antecessor inaugurou.
Não esperem uma postura desportiva (a direcção continua vaga), mas esperem uma postura honesta e sã. Quanto ao conforto, também aqui houve uma evolução notória – mesmo nesta versão (Tekna) equipada com pneus de baixo perfil. E mesmo quando enchemos o Qashqai com a tralha do fim-de-semana (amigos, sobrinhos, sogras ou malas) o comportamento e o conforto mantém-se em bom plano. Convém não esquecer que apesar de maior, o novo Qashqai ficou 90 kg mais leve que o modelo anterior.
Se consegue fazer jogo igual ao de uma carrinha do segmento C? Efectivamente não, mas não está muito distante. O estilo SUV paga-se.
No motor um excelente aliado

Já conhecemos esta motorização 1.6 dCi de outros ensaios. Aplicada ao Nissan Qashqai volta a fazer valer as suas credenciais. Os 130cv disponibilizados por esta motorização não fazem do Qashqai um sprinter, mas também não o transformam num pachorrento SUV. O motor cumpre perfeitamente uma utilização quotidiana, permitindo fazer ultrapassagens em segurança e manter velocidades de cruzeiro acima dos 140km/h – não em Portugal como é óbvio.
Quanto aos consumos, estes são directamente proporcionais ao peso do nosso pé direito. Com moderação os consumos não passam dos 6 litros, mas com menos moderação (muito menos) contem com valores acima dos 7 litros. É possível fazer consumos em torno dos 5 litros e pouco? Sim, efectivamente é possível. Mas sou daqueles que defendem que “tempo é dinheiro”. Se pertencem ao meu clube, então contem sempre com 6 litros de média por cada 100km.
Interior: é mesmo do segmento C?

Como dizia no início do texto, é tudo muito familiar dentro do novo Qashqai, mas: que evolução! A Nissan esmerou-se na construção e no design do interior. Faz inclusivamente jogo muito parecido com as principais referências alemãs, ganhando efectivamente no equipamento e conteúdo tecnológico, perdendo alguns pontos na percepção geral de solidez.
Há algumas falhas (pouco graves) mas ao toque e à vista, o Qashqai não parece um automóvel do segmento C. E depois há todos os mimos e mais alguns nesta versão Tekna. Das versões N-Tec em diante, todos os Qashqai recebem o escudo de proteção inteligente, composto pelo sistema de alerta de faixa, leitor de sinais de trânsito, comando automático de faróis máximos, sistema anti-colisão frontal activo e retrovisor interior electrocromático.

Às versões Tekna acresce o Pack Driver Assist composto por: alerta de sonolência, aviso de ângulo morto, sensor de objectos em movimento e câmara de 360 graus com parqueamento automático activo. E podia continuar, no Qashqai há gadgets que nunca mais acabam.
Se fazem todos falta? Nem por isso. Mas depois de nos habituarmos à sua presença é um luxo do qual nos custa abdicar. Eu senti isso quando entreguei o Qashqai e tive de voltar ao meu carro do «dia-a-dia», um Volvo V40 de 2001. Efectivamente o Qashqai é um automóvel que gosta de agradar a todos os seus ocupantes.
Mais uma vez, a Nissan acertou na receita. A segunda geração do Nissan Qashqai tem tudo para continuar a senda de sucesso que o seu antecessor inaugurou.

Fotografia: Diogo Teixeira
MOTOR | 4 Cilindros |
CILINDRADA | 1598 cc |
TRANSMISSÃO | Manual 6 Vel. |
TRAÇÃO | Dianteira |
PESO | 1320 kg. |
POTÊNCIA | 130 CV / 4000 rpm |
BINÁRIO | 320 NM / 1750 rpm |
0-100 KM/H | 9,8 seg |
VEL. MÁXIMA | 200 km/h |
CONSUMO | 5,4 lt./ 100 km |
PREÇO | 30.360€ |