Fiquei apeado num carro elétrico e está tudo bem apesar do apagão

Esta semana quis fazer uma viagem Lisboa-Porto-Lisboa num carro elétrico. Algo que já fiz várias vezes no meu carro elétrico, mas queria repetir a experiência com o renovado Kia EV6 na versão GT Line. Mais um teste para a Razão Automóvel.

Ganhou uma nova cara, mais de 580 km de autonomia (em ciclo WLTP) e melhorou naquilo que já era muito bom: é um carro muito refinado e confortável. Motivos mais que suficientes para voltar a conduzi-lo.

Pois bem, tudo corria bem até correr mal. O apagão desta segunda-feira deixou-me apeado na estação de serviço da A1 na Mealhada. Parti do Seixal com menos de 80% de bateria e estava a confiar que tinha como carregar pelo caminho. A confiança era tanta que viajei ligeiramente acima dos 120 km/h (cof, cof…).

A história (quase) completa está neste vídeo:

Mas como sabemos, em autoestrada — sem as maravilhas da regeneração e devido à resistência aerodinâmica —, estes quase 600 km de autonomia anunciada passam para pouco mais de 400 km. O que, na verdade, é um excelente valor.

Recordo que quando gravei este vídeo, não fazia a mais pequena ideia do que se estava a passar. Nada além do óbvio: que não tinha carga para chegar ao Porto e muito menos para chegar a casa.

Isto é a prova de que os elétricos não são uma boa solução? Na minha opinião é a prova de que todos os sistemas podem falhar. Isto escrito pela mesma pessoa que em 2019 teve de ficar mais uma noite no Algarve ao volante de um BMW Z4 M40i porque não havia gasolina. Para quem não se lembra, esta escassez foi motivada por uma greve dos camionistas de matérias perigosas.

Na altura, lembro-me que muitos utilizadores de carros elétricos usaram as redes sociais para tentar demonstrar a superioridade desta solução. Com o país parado, os elétricos circulavam livremente. Agora aconteceu o oposto. Os combustão passaram a ser os melhores? Nem por isso.

Todas as soluções têm os seus prós e contras. Também não será por causa do apagão que vou voltar a ter um fogão a gás em casa. Adoro a minha placa por indução. Como também adoro o meu churrasco — ao fim de semana, naturalmente. Por isso digo que é preciso calma e moderação.

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Temos mais de uma dúzia de Kia EV6, com preços a começar nos 34 mil euros.

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Felizmente, o nosso país — e a sociedade no geral — é assim: moderada e ponderada. Capaz de decidir o que é melhor para si, sem tentar arrasar a opinião contrária. As caixas das redes sociais não são amostra de nada. O nosso poder político também não.

Estou convicto que faríamos um melhor serviço ao ambiente sem esta proibição draconiana dos motores de combustão em 2035. Estou convicto que com o avançar da tecnologia — e da rede de carregamento — a opção por um carro elétrico será natural. E quem não quiser — porque não pode, não quer ou não gosta — continuará a ter o bom e fiel carro de combustão que nos acompanha há mais de 100 anos.

No final do dia, fica a promessa que voltarei a testar o renovado Kia EV6 GT Line. Até porque acabei por testar sobretudo a assistência em viagem da marca sul-coreana, que apesar de ter o país em alvoroço, conseguiu orientar tudo de forma simples e rápida, num dia que foi tudo menos simples e rápido.

Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

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