Elétrico e autónomo. Este carro é português e não é o único

Chama-se FS FEUP 02, é elétrico e é autónomo, e foi desenvolvido pela equipa da Formula Student da FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto).

É uma das nove equipas nacionais que competem a nível nacional e internacional na Fórmula Student e para nos falar do carro, do projeto e da competição, convidámos para o Auto Talks — o novo formato editorial da Razão Automóvel estreado no ECAR Show —, Miguel Damião, Team Leader do projeto.

Ele contou-nos como tudo começou, quais são os maiores desafios — não é projetar e construir o carro, curiosamente —, e também sobre as oportunidades que abre aos estudantes envolvidos, assim como às empresas que são parceiras do projeto.

Foi um projeto que cresceu significativamente desde a sua formação. A equipa nasceu há quatro anos e com apenas quatro membros. A ambição era e é a de aplicar, na prática, os conhecimentos adquiridos na sala de aula. Mas hoje já são cerca de 80 estudantes e tem uma estrutura de gestão digna de uma empresa.

“Fazer um carro é fácil. Difícil é gerir as pessoas.”

Miguel Damião, Team Leader do projeto

O resultado deste projeto será colocado à prova durante o verão, em competições que irão decorrer em vários países, como a Alemanha e também em Portugal. A prova nacional irá acontecer entre os dias 27 de julho e 2 de agosto no kartódromo de Castelo Branco.

Elétrico e autónomo

O carro de competição em si, o FS FEUP 02, é a segunda geração que, além de ser elétrico, é também autónomo. Pesa 220 kg, tem uma bateria de 7 kWh e uma potência de apenas 80 kW (109 cv) — limitados pelos regulamentos —, mas a aceleração impressiona: apenas 2,9s para ir dos 0 aos 100 km/h.

Aliás, o carro mais rápido do mundo até aos 100 km/h é um Fórmula Student: menos de um segundo — saiba mais sobre este mini-foguete.

Quase tudo no FS FEUP 02 é desenvolvido pela equipa: do chassis tubular à suspensão, passando pelo software para a parte da condução autónoma, que já tem 50 mil linhas de código.

“Nós não temos oportunidades de errar. Não temos tempo, nem dinheiro. O projeto mecânico tem essa dificuldade.”

Miguel Damião, Team Leader do projeto

Só os componentes que não compensam desenvolver internamente, como o motor ou a pilha (são cerca de 700 no total) é que são comprados, mas escolhidos de forma criteriosa.

“É mesmo 100% autónomo, não há intervenção humana”, explica Miguel Damião. Durante as competições será colocado num circuito — nem sempre conhecido —, e o carro terá de «saber» onde está e cumprir a prova exigida, recorrendo aos vários sensores que o equipa.

Apesar de este projeto apostar na vertente de condução autónoma, o carro foi desenhado para também poder ser conduzido por um piloto, o que implicou outro nível de complexidade durante o seu desenvolvimento.

Os próximos passos do projeto já estão definidos: “Durante dois anos desenvolvemos o carro. O nosso objetivo é começar a testá-lo em pista”, confidenciou-nos o Team Leader, algo que vai acontecer já no próximo mês.

Encontro marcado no próximo Auto Talks

Não faltam, por isso, motivos de interesse para ver/ouvir a mais recente Auto Talks, o novo formato editorial da Razão Automóvel, nas plataformas habituais: YouTube, Apple Podcasts e Spotify.

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

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