Rimac bate 24 recordes num só dia. E agora Koenigsegg?

Recordes e Rimac, duas palavras que têm andado de mãos dadas nos últimos anos. Poucas marcas têm desafiado tantos os livros dos recordes de velocidade quanto a Bugatti, a Koenigsegg e a Rimac.

Todos os super-heróis precisam de um arqui-inimigo. Toda a gente sabe disso. É assim com todas as histórias de quadrinhos. Aplicado aos automóveis e a este caso em particular, diria que não existem inimigos, mas sim rivais. E é precisamente esta rivalidade que tem levado estas três marcas a definir novas barreiras.

Há cerca de dois anos, a construtora croata, com o Nevera, bateu 23 recordes de velocidade em apenas um dia. Agora, com o novo Nevera R, fez ainda melhor e estabeleceu novos recordes do mundo em 24 categorias diferentes.

Eu sei que anunciar 24 novos recordes do mundo de uma só vez parece que batê-los foi uma tarefa… simples. Mas não se deixem enganar. Estamos perante algo que nunca foi feito. Pelo menos não a este nível.

Como deve imaginar, há recordes para todos os gostos: a Rimac colocou-os a todos numa infografia, que pode ver abaixo. Mas destaco o de velocidade máxima atingida por um elétrico, agora fixada nos 431,45 km/h, a aceleração dos 0 aos 100 km/h (1,72s) e o dos 0-400-0 km/h.

Este último, só por si, dá que falar. O Rimac Nevera original roubou este recorde ao Koenigsegg Agera RS (obtido em 2019), estabelecendo um tempo de 29,93s contra os 31,49s do hipercarro sueco. No ano passado, o Koenigsegg Jesko Absolut voltou a reclamar o título, baixando este registo para 27,83s.

Agora, o elétrico croata fez ainda melhor nesta versão R: 25,79s. Estamos a falar de menos 2,04s face ao tempo do Jesko e, talvez mais impressionante, menos 4,14s face ao Nevera convencional.

Além disso, o Nevera R também inscreveu o nome no recorde de aceleração dos 0-60 mph (0-96 km/h), com um tempo de 1,66s, na aceleração dos 0 aos 200 km/h (3,95s), nos 0 aos 300 km/h (7,89s) e nos 0 aos 400 km/h (17,35s).

Neste último registo, o ganho do Nevera R face à normal foi de quase 4s (3,96s, mais concretamente), o que nos leva a uma questão importante: onde é que a Rimac foi buscar todos estes segundos a menos e toda esta velocidade a mais?

R de… radical!

Para conseguir um incremento de performance tão significativo face ao modelo que lhe serve de base, o Nevera R conta com vários truques na manga. É certo que ganhou 193 cv e agora entrega 2107 cv de potência máxima, mas isso está longe de ser o mais importante.

Para esta versão a Rimac resolveu rever praticamente tudo: há uma bateria de nova geração, mais leve e eficiente, com 108 kWh, e um pacote aerodinâmico bem mais apurado, com um novo difusor de ar traseiro e uma asa traseira fixa de grandes proporções.

Não chega para nos fazer esquecer a asa traseira gigante do Porsche 911 GT3 RS, mas segundo a Rimac é suficiente (juntamente com os restantes melhoramentos aerodinâmicos) para aumentar o downforce em 15%. O que a este nível é tremendo.

Além disso, há novos travões carbocerâmicos com uma camada em silicone, para aumentar a durabilidade e a capacidade de arrefecimento, novos pneus Michelin Cup 2, que garantem mais 5% de aderência lateral, e um sistema de vetorização de binário às quatro rodas totalmente revisto.

Depois, como se tudo isto não bastasse, a Rimac ainda recorreu a um dos «truques mais antigos do livro dos truques automóveis» e livrou-se de 35 kg, baixando o peso do Nevera R para os 2115 kg. Eu sei, continua a ser um peso-pesado. Mas 2115 kg é melhor do que 2150 kg, certo?

Preço a condizer

Limitado a apenas 40 unidades em todo o mundo, cada Rimac Nevera R tem um preço base de 2,3 milhões de euros. Resta saber se ser o hipercarro com mais recordes de sempre é suficiente para ter mais procura do que o Nevera convencional, que em termos de vendas ficou muito aquém do esperado.

Miguel Dias

Futebol e automóveis, duas paixões que o perseguem. Começou por trabalhar na primeira mas acabou a perceber que aquilo que o fazia mesmo feliz era a segunda.

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