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Motores Volkswagen sem tecnologia que Toyota domina há 30 anos

Outrora uma desvantagem na Europa, hoje os motores híbridos da Toyota são uma vantagem. Uma tecnologia que a Volkswagen não tem, mas vai ter.

Motor TDI da VW e motor híbrido da Toyota
© Razão Automóvel

Normalmente, ninguém espera que a Volkswagen seja pioneira no que quer que seja. Historicamente, a estratégia do gigante alemão tem sido, salvo raras excepções, naturalmente, apostar em tecnologias com provas dadas. Mas no caso da tecnologia híbrida, esses conservadorismo foi elevado ao extremo.

O Grupo Volkswagen tem ignorado a tecnologia de motores híbridos (ou se preferirem, full hybrid) nos últimos 30 anos. Uma tecnologia que, recorde-se, foi inaugurada pela Toyota, nos anos 90, com o lançamento da primeira geração do Toyota Prius.

As vantagens são conhecidas. A associação de um motor de combustão, coadjuvado por um motor elétrico, permite reduzir os consumos e emissões de milhões de automóveis. Tudo isto, sem necessidade de mudança de hábitos do consumidor ou de investimento em infraestruturas.

Fábrica da Vollkswagen. Wolfsburgo
© Volkswagen Pode criticar-se a estratégia da Volkswagen, mas, pelo menos na Europa, tem resultado: nas últimas décadas tem liderado ininterruptamente as vendas.

Como referimos, foi a Toyota que deu o tiro de partida, mas hoje são várias as marcas com oferta de motores híbridos nas suas gamas: Renault, Dacia, Hyundai, Kia, MG, Nissan, Honda e claro, a Lexus.

Entre as excepções, encontram-se as marcas do Grupo Volkswagen. Mas isso está prestes a mudar e poderá ter assinatura portuguesa.

Mas tanto tempo porquê?

Os motivos para o atraso do Grupo Volkswagen nos motores híbridos ou full hybrid tem um nome: TDI. O grupo alemão apostou quase tudo nos motores Diesel na procura por consumos e emissões de CO2 mais baixas.

Audi A4 Avant 35 TDI
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Dos anos 90 à primeira década do novo milénio, os motores Diesel eram das tecnologias mais apreciadas e apoiadas do ponto vista fiscal pelos europeus.

Porém, a mudança de políticas na UE — em parte motivada pelo escândalo de emissões Dieselgate, que teve a Volkswagen como um dos principais intervenientes — deixou o gigante alemão sem um dos seus principais trunfos: os motores Diesel. Uma orfandade que podemos estender a outras marcas alemãs, como a BMW, por exemplo.

O movimento foi repentino. Dos motores Diesel transitaram diretamente para os 100% elétricos ou, em alternativa, para os híbridos plug-in, que associam motores de combustão de ciclo Otto ou Miller (mais eficientes) a um motor elétrico alimentado por um generoso pack de baterias.

Nunca chegaram a dar o passo intermédio: os motores full hybrid, desenvolvidos de raíz para retirar a máxima eficiência da conjugação de um motor térmico com um motor elétrico. Por isso, não confundir com os mild hybrid, que recorrem de forma muito limitada a pequenos motores elétricos para baixar emissões.

© CUPRA Nos motores híbridos plug-in (PHEV), o Grupo VW encontra-se numa boa fase. A associação do motor 1.5 TSI a um motor elétrico com baterias com 19,7 kWh garante a modelos como, por exemplo o CUPRA Leon (na imagem) uma autonomia 100% elétrica superior a 120 km.

No caso dos motores híbridos, estamos a falar de uma tecnologia onde a potência do motor elétrico pode superar a potência do motor de combustão e, inclusivamente, ter uma percentagem de funcionamento superior. Sempre sem necessidade de carregamentos. Toyota e Renault, por exemplo, anunciam que os modelos são capazes de circular em modo elétrico durante mais de 60% dos percursos citadinos.

Um passo em frente na eletrificação

Esta ausência alemã está prestes a terminar. O primeiro modelo do Grupo Volkswagen a receber tecnologia híbrida (full hybrid) poderá ser «made in Portugal». Falamos da nova geração do Volkswagen T-Roc, um dos SUV mais vendidos da Europa.

Este modelo, produzido na Autoeuropa, em Palmela, é um dos mais fortes candidatos a estrear esta tecnologia. A sua revelação está para para muito breve — e poderá encontrar toda a informação em primeira-mão na Razão Automóvel.

Os detalhes ainda são escassos, mas a hipótese mais forte recai sobre a adaptação de um motor já nosso conhecido, o 1.5 TSI (ciclo de combustão Miller), associado a um motor elétrico de elevada potência, alimentado por um pequeno pack de baterias.

Não é um passo atrás na eletrificação, será sempre um passo em frente. Um passo não tão ambicioso como a aposta nos 100% elétricos, mas sim uma aposta mais pragmática, numa tecnologia que permite baixar emissões sem causar constrangimentos a quem não pode — ou simplesmente não quer — ter um carro elétrico.

É que apesar de todos os incentivos, grande parte dos europeus continuam a querer não abdicar da liberdade de movimentos que, para já, só os motores de combustão permitem. E se forem soluções poupadas e fiáveis tanto melhor.

É precisamente essas vantagens que têm ajudado a Toyota na Europa. A marca japonesa é a segunda marca mais vendida na Europa e os motores híbridos japoneses têm sido a tecnologia mais escolhida. A Volkswagen sabe disso e percebeu o essencial: não há mais tempo a perder.