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Importação de automóveis cai a pique nos EUA e só há um culpado

Com tarifas de 25% sobre veículos importados, os construtores europeus e asiáticos estão a suspender envios para os EUA. Os números caíram mais de 70% em maio.

BMW Série 5 com matrícula americana, traseira
© BMW

As tarifas aduaneiras adicionais (25%) impostas por Donald Trump, presidente dos EUA, estão a ter um impacto visível e imediato na importação de automóveis.

De acordo com dados da Descartes Datamyne, reportados pela Automotive News, o volume de veículos transportados por via marítima para os EUA caiu 72,3% em maio, face ao período homólogo.

Esta quebra drástica representa o equivalente a menos 9380 contentores TEU (unidade equivalente a 20 pés ou seis metros). No caso dos automóveis, um contentor TEU consegue transportar uma unidade.

CargaMaio 2025Maio 2024Variação
Peças e acessórios
de veículos motorizados
76 591,1689,910,08-14,8%
Veículos3599,3312 979,76-72%
Carroçarias, incluíndo cabinas,
para veículos motorizados específicos
275,91233,6718%
Fonte: Descartes Datamyne

Esta queda abrupta demonstra, de acordo com os analistas, que as tarifas de 25% em vigor desde abril sobre os automóveis importados, estão a levar os fabricantes e os importadores a adiar ou a redirecionar as suas importações. “É quase impossível concluir outra coisa. Estamos a ver os efeitos diretos das tarifas refletidos no volume de importações”, afirmou Jackson Wood, da Descartes Systems Group.

Impacto desigual nas diferentes categorias

Embora a descida mais expressiva tenha sido registada nos automóveis «inteiros», também a importação de componentes nos EUA foi afetada: caíram 14,8% em maio em relação ao mesmo período do ano passado.

Porsche Macan - 3/4 de frente em pista
© Porsche O Porsche Macan é um dos muitos modelos produzidos na Europa e exportados para os EUA.

No entanto, recordamos que as tarifas de 25% aplicadas a certos componentes automóveis — motores, transmissões, componentes elétricos, etc — só entraram em vigor a 3 de maio, que foi antecipado por um esforço no reforço dos stocks nas semanas anteriores. O impacto poderá ser maior neste mês.

Curiosamente, a importação de carroçarias para veículos específicos, aumentaram 18%, uma exceção à tendência geral.

É importante chamar a atenção para o facto destes dados excluirem as importações por via terrestre provenientes do Canadá e do México, focando-se apenas na via marítima — sobretudo da Europa e da Ásia, os principais exportadores de veículos para os EUA.

O que os construtores estão a fazer

Perante o cenário das tarifas, muitos construtores — sobretudo asiáticos e europeus — estão a suspender temporariamente as suas exportações para os EUA, na expectativa de que as condições venham a melhorar.

A indústria está ainda expectante relativamente ao processo de reembolso de tarifas anunciado por Trump para os fabricantes que produzem localmente.

Os construtores norte-americanos — Ford, General Motors e também a Stellantis —, ou com unidades de fabrico nos EUA estão mais protegidos do impacto imediato. “Têm uma pegada industrial maior do que muitos concorrentes europeus e asiáticos, o que lhes permite uma maior flexibilidade”, afirmou Steve Man, analista da Bloomberg Intelligence.

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Um alívio parcial

Em maio, Trump anunciou um acordo com o Reino Unido, que permite a entrada de até 100 mil automóveis por ano nos EUA com uma tarifa reduzida de 10%. Ainda assim, para a maioria dos fabricantes, especialmente aqueles sem produção local, as tarifas continuam a representar um grande obstáculo.

Enquanto isto, os concessionários continuam a comercializar os automóveis importados antes da entrada em vigor das tarifas, aos preços que eram praticados antes. Não obstante, os preços dos veículos já começaram a subir: em abril, foi registado um aumento homólogo de 0,3%, segundo o Federal Reserve Bank de St. Louis.

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