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Tarifas de Trump entram hoje em vigor com alvos bem definidos

As tarifas de importação dos EUA entram hoje em vigor por ordem de Trump, com taxas diferentes e alvos muito bem definidos, país a país.

As novas tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos entram hoje (7 de agosto) oficialmente em vigor. A ordem executiva foi assinada por Donald Trump durante a madrugada e marca o início de uma nova fase na política comercial norte-americana.

Esta medida tinha sido inicialmente apontada para o dia 1 de agosto, mas foi adiada para permitir a reconfiguração do calendário tarifário. Foi, assim, definido com maior precisão os produtos e países abrangidos, bem como garantir exceções técnicas para empresas com presença industrial nos EUA.

Na sua versão final, o novo pacote fiscal inclui tarifas entre os 15% e os 100%, com aumentos justificados por critérios geopolíticos e económicos. Entre os visados está a União Europeia, com tarifas de 15% e países como a Índia e o Brasil, ambos com tarifas de 50%, ou o Canadá, que vê a sua taxa subir de 25% para 35%.

Donald J. Trump
© Donald Trump (facebook)

Os semicondutores fabricados fora dos EUA estão entre os produtos mais penalizados, com uma taxa de 100%, embora empresas como a TSMC, Samsung e SK Hynix tenham sido isentas por manterem unidades de produção em território norte-americano.

Impacto na União Europeia

Na União Europeia, o impacto foi parcialmente mitigado. O acordo entre Bruxelas e Washington estabeleceu uma tarifa de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, incluindo automóveis.

A nova taxa europeia continua, ainda assim, a ser seis vezes superior à anterior taxa base de 2,5%, mas inferior à tarifa adicional de 25% que afetava a indústria automóvel há alguns meses.

De acordo com Ursula von der Leyen, este compromisso evitou a imposição de tarifas mais agressivas. A sua aplicação imediata representa um esforço por parte da UE para preservar as relações comerciais com os EUA, ainda que a tensão no ar seja ainda evidente.

Entre os construtores mais afetados estão os alemães, como a Audi, BMW e Mercedes-Benz, que têm nos EUA um dos seus maiores mercados. A britânica JLR também é afetada devido à produção do Defender na Eslováquia, mas os modelos exportados do Reino Unido (fora da UE) são impactados com uma taxa de 10%, ainda que essa tarifa esteja limitada aos primeiros 100 mil veículos exportados.

Pressão a interesses divergentes

Em muitos casos, estas tarifas ultrapassam o plano económico e funcionam como ferramenta de influência política. A Casa Branca deixou claro que está a penalizar países que, no seu entender, mantêm ligações comerciais “indesejadas” ou que não cooperam com os interesses norte-americanos.

Exemplo disso é o caso da Índia, pressionada a cortar importações de petróleo russo, ou o do Brasil, sancionado após declarações do presidente Lula da Silva contra tecnológicas americanas. No Canadá, a subida das tarifas foi justificada com a alegada falta de empenho no combate ao tráfico de fentanil.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Donald Trump, presidente dos EUA, durante o encontro na Escócia para chegar a um acordo provisório sobre as tarifas comerciais
© Fred Guerdin / European Union, 2025 / EC – Audiovisual Service

Para Trump, esta aplicação seletiva é parte de uma estratégia clara de reposicionamento dos EUA. A balança tarifária torna-se, assim, uma extensão da política externa norte-americana, com cada país avaliado em função do seu alinhamento. O desenho das tarifas de importação dos EUA reflete precisamente esse cálculo geopolítico.

Com a trégua tarifária com a China prestes a expirar a 12 de agosto, a tensão poderá escalar ainda mais. E, ao que tudo indica, Trump está preparado para voltar a mexer nas peças do tabuleiro.