Notícias Carros elétricos a preços de saldo colocam Governo chinês no vermelho

Mercado

Carros elétricos a preços de saldo colocam Governo chinês no vermelho

Governo de Xi Jinping ameaça intervir na guerra de preços entre marcas chinesas. O que era uma vantagem competitiva está a tornar-se num problema económico.

A China lidera a corrida dos carros elétricos. Mas agora está a tropeçar nos próprios pés. Depois de anos a incentivar a indústria com subsídios, infraestruturas e quotas obrigatórias, o Governo chinês continua a emitir sinais de alarmes relativamente à saúde do seu mercado interno.

Os sinais de alarme vieram do topo. Xi Jinping, Presidente da China, criticou publicamente a estratégia chinesa em vários setores e que está a degradar o ambiente económico e indústria do país. Um ciclo vicioso de investimento massivo com retornos cada vez mais baixos. Falou de inteligência artificial, semicondutores, mas todos entenderam a mensagem: o setor automóvel está a passar os limites do razoável.

BYD Dolphin Surf no ECAR Show
© Razão Automóvel O BYD Dolphin Surf é vendido na China por cerca de três vezes menos do que em Portugal.

A forma habitual de avaliar o desempenho, olhando apenas para quanto cresceu o PIB ou quantos grandes projetos foram lançados, já não chega. Também temos de perguntar: quanta dívida foi contraída?

Xi Jinping, Presidente da China

Elétricos a preço de saldo na China

Vamos a comparações. O BYD Seagull, conhecido entre nós como BYD Dolphin Surf, custa cerca de 7500 euros na China. Em Portugal, o mesmo carro é vendido por cerca do triplo do preço. Os custos logísticos e as tarifas têm naturalmente um efeito inflacionário no preço, mas não justificam a diferença.

Neste momento, a guerra de preços interna na China transformou-se num campo de batalha onde a vitória se mede em unidades vendidas… e prejuízos acumulados. Em abril, os descontos médios no setor chegaram aos 17%, mais do dobro da média de 2024.

A indústria está a sangrar por dentro

Mesmo marcas que continuam a apresentar lucros, estão a ser puxadas para um buraco negro onde a rentabilidade dá lugar à sobrevivência. Algumas fábricas operam a 2% da sua capacidade. A maior parte não chegará ao final da década.

Face a este cenário, o Governo decidiu agir. De acordo com o The Guardian, várias marcas foram chamadas à presença de altos responsáveis do governo para uma reunião que não terá sido propriamente cordial. O aviso foi claro: os preços estão demasiado baixos, a produção está acima do razoável e isso coloca em risco a estabilidade económica do país.

Regulação à vista. E desta vez é a sério

Não é a primeira vez que o Governo chinês decidi intervir. Em cima da mesa está uma alteração à lei dos preços, que poderá limitar os descontos “anormalmente baixos”. Uma forma elegante de dizer que o Governo está preparado para travar uma guerra que as marcas já não conseguem conter.

A única saída possível? Exportar. E é o que está a acontecer. Hoje, os construtores chineses já representam 5,1% das novas matrículas na Europa — um número que só tende a crescer. Neste artigo revelamos os 10 principais mercados mundiais para a exportação de carros da China: