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Stellantis e Renault querem salvar citadinos mas a chave está em Bruxelas

A queda na procura por citadinos está a preocupar a Renault e a Stellantis, que pedem mudanças urgentes à UE para garantir a rentabilidade destes modelos.

Renault Twingo concept, frente
© Renault

A procura por citadinos (segmento A) continua a cair. Só em 2024 a queda foi de 22%, mas no primeiro trimestre deste ano a tendência acentuou-se com uma contração de 25,3% (fonte: DataForce).

São várias as razões para o declínio, mas a fraca rentabilidade, agravada pelos custos da eletrificação, também tem levado a uma redução da oferta nos últimos anos. Agora, dois dos maiores grupos europeus, Renault e Stellantis, querem agir antes que seja tarde demais.

Em entrevista conjunta ao jornal francês Le Figaro, os responsáveis de ambos os grupos, Luca de Meo (Renault) e John Elkann (Stellantis) dirigiram um apelo à União Europeia, para que adote regras específicas e mais favoráveis aos automóveis mais pequenos do mercado.

Nem a propósito, o último podcast da Razão Automóvel é sobre algo muito similar: os carros baratos que são proibidos na Europa. Uma lista que se nada for feito, vai continuar a aumentar.

FIAT Panda
© FIAT O FIAT Panda tem liderado o mercado dos citadinos na Europa, graças, sobretudo, à sua performance no mercado italiano, onde tem sido, nos últimos anos, o modelo mais vendido.

Para os responsáveis dos dois construtores, esta é uma questão “estratégica”. “Se nada for feito, decisões difíceis vão ter de ser tomadas relativamente à base de produção nos próximos três anos”, alertou John Elkann, presidente da Stellantis. No limite, poderá levar ao encerramento de fábricas.

Tanto Elkann como de Meo deixaram claro que o atual enquadramento regulatório da União Europeia penaliza os modelos mais pequenos.

“O que estamos a pedir é uma regulamentação diferenciada para os carros mais pequenos. Existem demasiadas regras pensadas para carros maiores e mais caros, o que significa que não conseguimos fabricar modelos mais pequenos com condições de rentabilidade aceitáveis”, explicou de Meo.

O diretor-executivo do grupo francês considera ainda que França, Itália e Espanha deviam liderar o esforço para um quadro regulatório mais favorável para os citadinos, uma vez que a procura é maior nestes países.

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Apesar do apelo, os dois responsáveis não avançaram sobre que novas regras ou alterações às atuais gostariam de ver implementadas por Bruxelas.

Críticas às marcas premium

Luca de Meo disse ainda que a Renault e a Stellantis juntas têm uma quota de 30% do mercado europeu e o seu maior foco está em produzir carros acessíveis na Europa para os europeus. Tanto ele como Elkann insistem na importância desse foco.

Mas de Meo deixou ainda críticas às marcas premium, como a BMW, Mercedes-Benz e Audi (entre outras marcas do Grupo Volkswagen) que têm um foco distinto, o da exportação.

“(Para eles) a Europa conta, mas a prioridade é a exportação. Nos últimos 20 anos, a sua lógica ditou as regras do mercado. E o resultado é que as normas europeias fazem com que os nossos carros sejam cada vez mais complexos, mais pesados e mais caros — a maioria das pessoas já não os consegue comprar”, disse.

Kei cars à europeia?

A proposta para salvar os citadinos pode passar por algo mais ousado. Um grupo de investigação francês, Gerpisa, defendeu recentemente a criação de uma nova categoria automóvel inspirada nos kei cars japoneses — mini-carros sujeitos a várias limitações (dimensões, potência, etc.), mas que beneficiam de regras fiscais e técnicas simplificadas.

A ideia seria adaptar o conceito na Europa, o que poderia permitir recuperar a rentabilidade perdida deste segmento. Em simultâneo teria o potencial de fomentar a adoção de automóveis elétricos e ajudarem nas contas das emissões dos construtores.

Esta abordagem, defendem os investigadores, também ajudaria a travar a pressão crescente dos fabricantes chineses e a revitalizar a cadeia de fornecedores europeus.

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