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Novas baterias americanas não dependem da China e vão ser produzidas na Europa

Mais do que um elemento chave na indústria automóvel, as baterias são uma questão geoestratégica. EUA encontraram uma nova química para contrariar a hegemonia chinesa.

A China lidera, com larga margem, a produção mundial de baterias. Só a CATL representa quase um terço da capacidade global e fornece construtores em todos os continentes. Mas esta hegemonia, vista com preocupação em Washington, pode estar prestes a ser desafiada por uma tecnologia nascida no local do costume… Silicon Valley.

A empresa responsável é a Lyten, uma startup norte-americana apoiada pela Stellantis, que está a desenvolver baterias de lítio-enxofre (Li-S). Uma tecnologia que poderá representar a próxima grande evolução do setor, com uma vantagem estratégica: baseia-se numa cadeia de fornecimento 100% norte-americana, ao contrário das químicas atuais que dependem largamente das terras raras oriundas da China.

Local do costume e motivo habitual

Como acontece com praticamente tudo o que é inovação oriunda dos EUA, o epicentro desta nova tecnologia encontra-se em Silicon Valley. E a motivação para esta inovação não é menos habitual: esta nova química de baterias foi desenvolvida, em primeiro lugar, para utilização militar.

Segundo a Lyten, as primeiras baterias Li-S serão comercializadas ainda este ano, em pequena escala, precisamente para utilização em drones militares. As versões para automóveis elétricos estão a ser preparadas para chegar ao mercado antes de 2030.

“Já não é uma missão à Lua”, afirmou Keith Norman, responsável de marketing e sustentabilidade da Lyten, à Automotive News. “Não estou a dizer que está tudo pronto para ser produzido em larga escala já amanhã. Mas é uma missão que já está na fase de aterragem”.

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Novas baterias a caminho da Europa

Apesar do potencial, a tecnologia de lítio-enxofre ainda enfrenta desafios técnicos significativos, em especial ao nível da durabilidade e número de ciclos de carga. No entanto, depois de cinco anos de desenvolvimento, a Lyten garante que as baterias Li-S está no caminho certo para a sua viabilidade comercial.

Para apoiar essa ambição, a empresa adquiriu no ano passado uma fábrica de baterias de lítio-metal próxima da sua sede na Califórnia, que será reconvertida para produção de Li-S. Mas a Europa também está nos planos. A Lyten também comprou uma unidade na Polónia — que pertencia à Northvolt —, usada atualmente para fabricar sistemas de armazenamento de energia, mas que passará a produzir também esta nova química.

© Lyten A Northvolt Dwa ESS, em Gdansk, na Polónia, era a maior fábrica europeia de sistemas de armazenamento de energia e foi adquirida recentemente pela Lyten.

No horizonte estão aplicações em eletrónica de consumo, satélites, bicicletas elétricas, sistemas de armazenamento energético e, mais à frente, automóveis elétricos.

Esta poderá ser a oportunidade que os EUA esperavam para reduzir a dependência da China num dos setores-chave da mobilidade elétrica. Um plano que na Europa tem conhecido vários contratempos e cujo expoente máximo tem sido os problemas na Northvolt.