Notícias Acordo EUA-UE é um alívio e um fardo de milhares de milhões de euros

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Acordo EUA-UE é um alívio e um fardo de milhares de milhões de euros

A UE e os EUA chegaram a acordo relativamente às tarifas comerciais, mas o impacto na indústria, sobretudo a alemã, continua a ser enorme.

Mercedes-AMG GLE 53 Hybrid
@ Mercedes-Benz

Ontem, dia 27 de julho, a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen, e o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciaram um acordo comercial que prevê a aplicação de tarifas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus.

O entendimento surge após meses de tensão comercial e está a provocar reações por toda a indústria automóvel europeia. Desde março que os construtores automóveis europeus estavam sujeitos a tarifas de 27,5% (taxas adicionais de 25% mais os 2,5% de tarifa base).

A redução das tarifas para 15% significa um alívio nas tensões entre os dois blocos e no ónus a pagar pelos construtores automóveis, mas está longe de ser a solução ideal.

Quem o diz é Hildegard Mueller, presidente da associação da indústria automóvel alemã (VDA) — uma das que está mais exposta a estas tarifas. Apesar de concordar que o acordo evita uma escalada no conflito comercial, deixa o alerta: “Este novo regime continuará a custar milhares de milhões por ano à indústria automóvel alemã”, especialmente numa fase de investimento pesado na transição elétrica.

Isto porque os 15% continua a ser uma tarifa seis vezes superior à taxa de 2,5% que estava em vigor antes do início da escalada de tarifas promovida por Trump.

Dito isto, a Bloomberg Intelligence fez as contas e avançou que a Mercedes-Benz, a BMW, entre outros construtores europeus — os mais expostos a estas tarifas — poderão beneficiar de um aumento de cerca quatro mil milhões de euros em lucros com o novo acordo.

BMW X3 2024 frente
© BMW O BMW X3 é um dos vários SUV que a marca produz nos EUA.

Além disso, tanto a Mercedes-Benz como a BMW têm fábricas nos EUA e à luz do novo acordo, irão beneficiar de isenções tarifárias sobre os cerca de 185 000 carros que exportam para a União Europeia.

As reações

A Mercedes-Benz foi uma das primeiras a reagir, considerando que o acordo traz algum alívio para a indústria automóvel alemã. Ainda assim, apelou à continuidade do diálogo entre a UE e os EUA, sublinhando a importância de reduzir ainda mais as barreiras comerciais.

Mercedes-Benz Classe E All-Terrain
O Mercedes-Benz Classe E é um dos modelos que o construtor produz na Europa e exporta para os EUA.
© Razão Automóvel

O Grupo Volkswagen, que também figurava entre as mais penalizadas pelas anteriores tarifas, saudou o acordo, mas mantém-se cauteloso. “Aguardamos que os detalhes do entendimento sejam finalizados e comunicados em breve”, referiu a empresa em comunicado.

Para Matthias Schmidt, analista do setor automóvel, “este é o melhor desfecho possível para o que parecia ser uma má situação”. “Os diretores-executivos alemães e suecos vão dormir mais descansados esta noite do que nas últimas semanas”, disse à Automotive News Europe.

A Audi, uma das marcas mais expostas por não ter fábricas nos EUA, está a avaliar o impacto do acordo e poderá avançar com produção local para mitigar desvantagens competitivas. Recorde que a marca dos anéis tem uma fábrica no México (onde produz o Q5, o modelo que mais vende nos EUA) que continua a ser impactada por uma tarifa de 25%.

“Se a tarifa de 15% se mantiver a longo prazo, continuará a colocar a Audi em desvantagem competitiva, porque os seus principais concorrentes têm uma presença de produção muito mais significativa nos EUA”, afirmou Fabio Hoelscher, analista da Warburg Research.

Os concessionários alemães também manifestaram preocupação. A associação de concessionários alemães ZDK alertou que o novo regime tarifário aumenta estruturalmente o preço dos veículos alemães no mercado norte-americano.

“Isto irá ter um impacto na decisão de produção e no modelo de estratégia dos construtores”, disse Thomas Peckruhn, presidente da associação. “O que agora está a ser apresentado como um avanço diplomático acaba por penalizar os clientes, com menos escolha e preços mais elevados”, concluiu o presidente.

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