Notícias Renault: “A curto prazo não é realista apostar em algo que não seja elétrico”

Entrevista

Renault: “A curto prazo não é realista apostar em algo que não seja elétrico”

Cléa Martinet, VP de sustentabilidade do Grupo Renault, é clara: a curto prazo não há alternativa viável aos elétricos a bateria para reduzir as emissões.

Renault 5 frente
© Renault

Numa altura em que o mercado automóvel europeu atravessa um momento de incerteza e de pressão regulatória — reduzir as emissões de CO2 —, o Grupo Renault reforça o seu compromisso com a mobilidade elétrica e reconhece os desafios que ainda tem pela frente.

Em conversa com jornalistas, à margem da apresentação do Renault Emblème, Cléa Martinet, vice-presidente de sustentabilidade do Grupo Renault, não deixou margem para dúvidas: “Atualmente, não é realista apostar noutra solução para além dos elétricos”.

Cléa Martinet, vice-presidente de sustentabilidade do Grupo Renault
© Renault Cléa Martinet, vice-presidente de sustentabilidade do Grupo Renault.

O «trilema» da sustentabilidade

No entanto, este “não é um caminho fácil”, admite. A vice-presidente menciona a necessidade de equilibrar simultaneamente três objetivos complexos e, por vezes, contraditórios: a sustentabilidade; competitividade e resiliência.

“A competitividade e a sustentabilidade são uma combinação difícil a curto prazo”.

Cléa Martinet, vice-presidente de sustentabilidade do Grupo Renault

Embora reconheça o potencial dos e-fuels (combustíveis sintéticos) e do hidrogénio, a responsável sublinha que essas alternativas não são escaláveis “tendo em conta os prazos e as condições definidas pelas metas europeias”. A mobilidade elétrica, diz, é a única via viável a curto prazo para alcançar a descarbonização.

Relativamente ao facto do hidrogénio (fuel cell) ter sido escolhido como a base tecnológica do Renault Emblème, Martinet sublinha que este foi utilizado como “prova de que com novas tecnologias podemos alcançar a descarbonização total”. Contudo, esta solução não “vai fazer parte da gama num futuro próximo”.

“O Emblème é um compromisso entre o que pode ser conduzido na estrada e a visão para 2035.”

Cléa Martinet, vice-presidente de sustentabilidade do Grupo Renault
Renault Emblème dianteira 3/4
© Renault O Renault Emblème junta um sistema de propulsão de dupla energia — baterias e pilha de combustível a hidrogénio (fuel cell) — montado no eixo traseiro, capaz de oferecer até 1000 km de autonomia com zero emissões no escape.

União Europeia vs. Construtores automóveis

Durante a entrevista, a responsável denunciou um certo desfasamento entre os objetivos da União Europeia (UE) e a capacidade real da indústria para os cumprir: “Eu penso que a UE não pensou na consequência que as suas medidas iriam ter na competitividade da sua indústria. Hoje, se eu quisesse baixas emissões, mantendo-me ao mesmo tempo competitivo e acessível, compraria componentes chineses”.

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Ainda assim, Martinet considera que a UE está mais avançada na luta contra as emissões do que outras regiões. “Nós somos o coração da luta contra as emissões”, conclui.

A vice-presidente destacou também o recente ajustamento do CAFE (Corporate Average Fuel Emissions) — as 93,6 g/km de CO2 serão agora obtidas a partir da média entre 2025 e 2027 —, que considera uma evolução positiva nas negociações entre Bruxelas e a indústria automóvel: “é um bom exemplo de como o diálogo pode ser conduzido de forma construtiva”.

O Grupo Renault está também a medir o progresso da sua estratégia ambiental com base em métricas concretas. O construtor tinha como referência, em 2019, uma média de 47 toneladas de CO2 por viatura. Em 2024, esse valor foi de cerca de 42 toneladas.

Este progresso tem sido feito sem recurso a compensações de carbono. “Não compramos créditos. Só vamos compensar quando estivermos muito perto da descarbonização total, e isso significa 90% de redução real e apenas 10% de compensação no final”, afirma Cléa Martinet.

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