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Euro NCAP avaliou 16 modelos e só metade chegou às cinco estrelas

O Euro NCAP anunciou os resultados para 16 novos modelos. Há algumas surpresas e uma tendência que começa a preocupar o organismo.

Dacia Bigster em colisão lateral Euro NCAP
© Euro NCAP

Há dois aspetos que podemos retirar dos últimos testes do Euro NCAP: o peso na avaliação global dos assistentes à segurança (ADAS) e o impacto que o peso e tamanho dos carros pode ter na compatibilidade entre veículos em caso de colisão.

Foram 16 os modelos avaliados pelo Euro NCAP e incluem algumas das novidades mais recentes que chegaram ao mercado, como o Dacia Bigster, o Kia EV3 ou o Renault 4 elétrico:

Seria um exercício fastidioso analisar cada um dos modelos avaliados, mas há alguns que se destacam, como as três estrelas do Dacia Bigster ou as quatro estrelas dos modelos franceses, ou ainda as duas classificações atribuídas ao Kia EV3 em função dos equipamentos de segurança.

No caso do Dacia Bigster, as três estrelas refletem a posição do construtor relativamente à segurança. Por um lado, todos os seus modelos obedecem aos regulamentos mais recentes e exigentes da União Europeia (GSR2), implementados na sua totalidade em julho de 2024.

Por outro lado, a Dacia diz que os padrões mais elevados de organismos independentes como o Euro NCAP — legalmente não vinculativos —, estão desalinhados com as expetativas dos consumidores e contribuem para o aumento do custo dos veículos.

Para conseguir os preços baixos pela qual a marca é conhecida, mesmo no Bigster, o maior Dacia de todos, alguns desses equipamentos têm de ficar de fora, prejudicando a avaliação no Euro NCAP. Talvez, por isso, não surpreenda a avaliação na área Assistência à Segurança (segurança ativa) de apenas 57%.

Mas a performance do Bigster na Proteção de Adultos — testes de colisão —, também deixou a desejar em algumas provas. Algo que é também justificado pela ausência de certos equipamentos, como um airbag central, entre os passageiros dianteiros.

Segurança ativa é crucial para as cinco estrelas

O peso da área Assistência à Segurança na avaliação global é também evidente nos franceses Peugeot 3008 e 5008, e Renault 4 E-Tech, ou ainda no sul-coreano Kia EV3.

Todos receberam quatro estrelas e foi precisamente nessa área de avaliação que tiveram a pior nota — nas restantes as notas foram bastante positivas.

Kia EV3 em colisão frontal Euro NCAP
© Euro NCAP Kia EV3 no teste de colisão frontal contra barreira deformável.

O impacto desta área torna-se evidente na dupla avaliação do Kia EV3: com e sem o pacote opcional ADAS (Sistemas Avançados de Assistência ao Condutor). Ter ou não ter este equipamento permitiu subir a avaliação nesta área de 67% para 78% e passar das quatro para as cinco estrelas.

O teste que preocupa o Euro NCAP

Apesar destas ressalvas, os resultados desta ronda de testes pelo Euro NCAP foram, no geral, bastante positivos. Mas há uma tendência que começa a ganhar tração e está a preocupar o Euro NCAP: a incompatibilidade crescente entre veículos numa colisão frontal.

Algo que se deve, em parte, à tendência de carros cada vez maiores e mais pesados — democratização dos SUV e eletrificação. Nos últimos 10 anos, o peso médio dos veículos novos subiu 100 kg e prevê-se que continue a subir nos próximos anos (fonte: Green NCAP).

O que isto significa é que, numa colisão frontal parcial (50%) — o tipo de colisão mais frequente entre veículos —, entre dois veículos, o mais leve poderá ver as consequências do embate agravadas. E o Euro NCAP já detetou casos particulares onde é particularmente grave essa incompatibilidade — voltaremos a este tópico brevemente e em mais detalhe.

O Dr. Aled Williams, diretor do programa Euro NCAP, comentou que sabe que “os construtores têm a capacidade de conceber estruturas frontais que podem gerir melhor as proporções e massa do veículo e a mudança violenta do momento que acontece numa colisão frontal”.

Por agora o Euro NCAP vai continuar a monitorizar esta tendência, antes de recomendar ou sugerir medidas mais concretas.