Clássicos Lembras-te deste? Ford Escort RS Cosworth. Dos ralis para a estrada

Especial de homologação

Lembras-te deste? Ford Escort RS Cosworth. Dos ralis para a estrada

A razão da existência do Ford Escort Cosworth não podia ser mais simples: eram precisos melhores resultados no mundial de ralis do que aqueles que o Sierra Cosworth estava a conseguir. Nascia assim um dos mais desejados especiais de homologação.

Ford Escort RS Cosworth

Em 1992, depois do Ford Sierra ter sido incapaz de alcançar bons resultados nos rallys do Grupo A, a marca decidiu que teria de ter um automóvel mais leve e compacto, capaz de obter bons resultados. Apesar do modelo de base já existir, a Ford teve que refazer quase por completo o Escort. Nascia assim uma das máquinas que mais legado e paixão deixou nos últimos tempos: o Ford Escort RS Cosworth.

À primeira vista este modelo de homologação para ralis parece que apenas foi alvo de upgrades na carroçaria e um motor maior, no entanto o modelo Cosworth apenas partilha 50% dos painéis da carroçaria com a versão “normal” e mecanicamente as semelhanças são ainda menores — basicamente tentaram “meter o Rossio na rua da Betesga”, ou seja, “enfiaram” mecânica e chassis do maior Sierra no mais pequeno Escort.

No exterior o modelo distingue-se pelo capot, pelos pára-choques com grandes entradas de ar e, principalmente pela sua imagem de marca: a enorme asa traseira que agarra o Escort ao chão, com cerca de 20 kg de força descendente a 110 km/h. Tudo novo, para um carro que se queria vencedor. Até porque a base de partida não era a melhor…

ford escort rs cosworth

Para qualquer aficionado do mundo automóvel, a marca Cosworth é sinónimo de alto desempenho, basta pensar nos motores que a empresa inglesa desenvolveu para a Fórmula 1 (p. ex. o inovador Lotus 49 de 1967). O motor que a Cosworth desenvolveu para o Escort RS não desiludiu.

Quando em fevereiro de 1992 o Ford Escort RS Cosworth começou a ser produzido nas instalações da Karmann, a mecânica atribuída foi um bloco Cosworth YBT que contava com 2 l de capacidade e com um turbo Garret T3/T04B. O resultado traduziu-se em 220 cv e 310 Nm, num automóvel com tração integral e 1275 kg.

Tais características permitiram 235 km/h de velocidade máxima e que fossem necessários apenas 5,7s para se cumprirem os 100 km/h. Em 1994, com vista a tornar o Cossie mais cómodo num uso diário, o bloco YBT foi substituído pelo YBP que, para além de ter tido a gestão eletrónica revista, teve também direito a um turbo Garret T25, mais pequeno, de forma a reduzir o lag e o kick selvagem característico das unidades de maiores dimensões.

Cosworth YBT

A produção chegaria ao fim em 1996 com 7145 unidades produzidas, quando a União Europeia aplicou novos regulamentos para ruído automóvel que o Escort RS Cosworth não cumpria. O último Escort Cosworth foi produzido a 12 de janeiro de 1996.

Primeira vitória… em Portugal

Nas competições, o Escort saiu-se muito melhor do que o seu antecessor: oito ralis ganhos no grupo A entre 1993 e 1996 , sendo que a primeira vitória foi no 27º Rally de Portugal. Seguiram-se duas vitórias no WRC de 1997.

Conheceria ainda mais sucesso nos diversos campeonatos nacionais e no europeu, tendo ganho inclusivamente o campeonato europeu de ralis em 1994.

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Tal como a grande maioria dos automóveis desenvolvidos para homologação para rali, o Cossie ganhou uma legião de fãs. Os puristas estimam-nos de forma a parecerem acabados de sair da fábrica, os tuners modificam o motor e conseguem facilmente atingir a casa dos 400-500 cv. No mercado nacional de usados, os preços rondam os 25 000 euros (à data da publicação original deste artigo). Nada mau para um hot hatch dos anos 90!

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Sobre o “Lembras-te deste?”. É a rubrica da Razão Automóvel dedicada a modelos e versões que de alguma forma se destacaram. Gostamos de recordar as máquinas que outrora nos fizeram sonhar. Embarca connosco nesta viagem no tempo, semanalmente aqui na Razão Automóvel.