Clássicos Mercedes-Benz 280TE (W123) by Zender. Os primórdios do tuning

Glórias do Passado

Mercedes-Benz 280TE (W123) by Zender. Os primórdios do tuning

O tuning é das poucas vertentes da cultura automóvel que por vezes me faz franzir o olho. O Mercedes-Benz 280TE (W123) da Zender é um desses exemplos.

Estávamos em 1980. O mundo tinha acabado de sair da «ressacar» da crise petrolífera de 1973 e já caminhava a passos largos para mais um período de expansão económica. Por cá, era a história do costume. Adivinhem…

Exatamente… estávamos em crise! Ainda não tínhamos recuperado do primeiro resgate da Troika em 1977 e já caminhávamos a passos largos para um segundo resgate, que acabou por acontecer em 1983. Mas vamos aos carros, que tristezas não pagam dívidas.

Com a economia europeia em franca expansão, o tuning começou a dar os primeiros passos consistentes enquanto atividade organizada e lucrativa. O tuning em carros de alta performance já era comum, mas nos carros do dia-a-dia nem tanto.

Os primeiros passos

O exemplo que vos trazemos hoje é um «fóssil» dos primórdios do tuning moderno – porque o «tuning» na verdadeira aceção da palavra é muito anterior à década de 80. Falamos do Mercedes-Benz 280TE (W123) preparado pela Zender.

O objetivo desta empresa era oferecer a habitabilidade de uma carrinha, o conforto de uma berlina de luxo e a performance de um desportivo. Tudo num só modelo.

O exterior do Zender 280 TE era relativamente discreto. As modificações apenas diziam respeito aos para-choques, jantes especiais BBS, suspensão rebaixada e pouco mais. O resultado final foi um look mais desportivo, mais moderno e menos clássico.

Interior chocante

O exagero que marcou o movimento tuning nas décadas de 80, 90 e inicio do ano 2000 fez escola no interior do Zender 280TE.

O interior foi todo forrado a alcantara azul, dos bancos ao painel de instrumentos, sem esquecer o teto. Até o chão do carro recebeu acabamentos em lã azul.

Onde é que se aumenta o volume?

Os bancos de origem foram substituídos por duas poltronas da Recaro. O volante de origem também deu lugar a um mais desportivo. Mas os destaques nem eram estes itens…

Os sistemas de som de alta fidelidade e os telefones móveis eram dos itens que mais sucesso faziam nos anos 80, por serem exóticos e raros. Tendo isso em consideração a Zender reformulou toda a consola central do W123 para acomodar um sistema de som topo de gama Uher HiFi Stereo. Com entrada USB (piadinha…).

Como se este festival de som e cores não fosse suficiente, a Zonder trocou o porta-luvas por um mini-frigorífico.

Como ainda hoje acontece, um projeto de tuning só fica completo com algumas alterações mecânicas. Neste aspeto a Zender recorreu aos serviços de uma preparadora que estava em crescimento acelerado. Tinha cerca de 40 funcionários… falamos da AMG. Graças aos componentes da AMG este Zender 280TE era capaz de desenvolver 215 cv de potência. Um modelo que primava pela diferença e pelo preço: 100.000 Marcos Alemães.

Em termos comparativos, o mesmo Mercedes-Benz original custava na altura 30.000 Marcos Alemães. Ou seja, com o dinheiro do Zender 280TE dava para comprar três modelos «normais» e ainda sobrava uns «trocos».