Rally de Portugal
Fado, futebol e… Fafe!
Já foste ao Sudoeste? Pois bem, o Rally de Portugal é parecido. Só que aqui a música é outra…

Calma. Eu disse parecido, não disse igual. O ambiente que se vive no Rally de Portugal é muito parecido com aquele que se vive no Festival do Sudoeste. Já fui aos dois. Um deles fui por vontade própria… o outro, nem por isso. Adivinha a qual é que fui obrigado. Adiante…
Troquem as músicas, as bandas e os cantores por carros, equipas e pilotos et voilá.
Uma receita semelhante com condimentos totalmente distintos.
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O primeiro impacto
Não foi a primeira vez que fui ao Rally de Portugal — há quatro anos que a Razão Automóvel faz a cobertura deste evento. Mas foi a primeira vez que fui ao troço Fafe/Lameirinha. Já me tinham dito que o ambiente que por lá se vive é único. Ainda assim, pensava eu do alto da minha ignorância que era impossível fazer melhor do que em Lousada. Mas não é… A afición que os portugueses têm pelo Rally de Portugal roça a devoção.
Os carros! A raison d’être desta devoção.
Podemos falar em Fado, Futebol e Fafe? Estou convencido que sim.
Outra coisa que me impressionou. Há milhares de pessoas oriundas de todo o lado. Portugueses, espanhóis, franceses e mais um sem fim de nacionalidades que se transformam numa só: a nação dos ralis. É um mundo à parte.
RELACIONADO: Quando Loeb deu um “chega p’ra lá” a Hirvonen no Rally de PortugalChegar cedo, chegar muito cedo.
Primeira lição para conseguires passar a «fronteira» desta nação: chegar cedo. Quando digo cedo é mesmo muito cedo. Quatro da manhã pelo menos.

Nós chegámos às 6h da manhã e já havia fila. Pessoas a deixarem o carro em «cascos de rolha» e a seguirem 4 km a pé. Quem lá esteve e passou por isto ponha o dedo no ar.
This is Rally de Portugal
Tendas de campismo, roulotes, autocaravanas, milhares e milhares de pessoas. Fogueiras, churrascos, cervejas e vinho! Amigos de um lado, amigos do outro lado. No Rally de Portugal toda a gente é amigo de toda a gente. Quem gosta de automóveis e de convívio sente-se no seu «elemento natural». Eu senti-me.

Partilha-se tudo. Uma cerveja, um sorriso e até uma piada. Afinal de contas, pertencemos todos à mesma nação: a nação dos ralis. Ninguém estranha ninguém. Pelo aspeto, os senhores da imagem abaixo são cidadãos de pleno direito desta nação.
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E os carros?
Caramba. Os carros! A raison d’être desta devoção. Os carros não andam, os carros «voam» — e em Fafe/Lameirinha a expressão «voar» ganha um sentido quase literal. Os novos WRC são os carros mais rápidos da história do Mundial de Ralis e impressionam pelo andamento que imprimem. Os Grupo B são míticos, mas os novos WRC são fora de série!

Onde é que aquelas suspensões, sistema de tração e pneus vão buscar tanta aderência? Onde? Não sei. É algo que supera a minha capacidade de entendimento. Estive na motorhome da Hyundai à procura de respostas e cheguei à conclusão que aqueles homens não são mecânicos nem engenheiros, são mágicos. O seu truque favorito? Criar a percepção que contornam as leis da física. Não contornam, mas parece…
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Dieta à base de pó
Há a dieta mediterrânica e a dieta do «Rally de Portugal». Como é que é a dieta do Rally de Portugal? Tirem o azeite, o peixe, o arroz e as massas e adicionem pó. Muito pó. Doses industriais de pó! Pó que comemos com agrado e satisfação. Afinal de contas, refeições destas só acontecem uma vez por ano. É de aproveitar.
Nunca vou esquecer o “festival” de rali que foi aquele troço Fafe/Lameirinha. Se nunca foste lá, para o ano já sabes… vai! É obrigatório. E leva um fogareiro. O pó alimenta a alma mas não alimenta o corpo…

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