Renault Clio RS 220 Trophy: o ataque à reconquista do trono

Renault Clio RS 220 Trophy: o ataque à reconquista do trono

O Renault Clio RS 220 Trophy promete erradicar todas as dúvidas e críticas que o actual Renault Clio RS 200 EDC gerou. Mais acutilância é o que o RS 220 Trophy promete a todos os níveis.

Pequenos desportivos, pocket-rockets, hot-hatches, chamem-lhes o que quiserem. A Renault Sport tem sido rainha na execução destes concentrados de adrenalina, permanecendo no topo há décadas, apesar da forte concorrência sempre à procura de usurpar o reino. A personalidade vincada das suas máquinas, cada vez mais apuradas a cada versão apresentada tem tido o apoio incondicional de entusiastas, petrolheads e media. Na Razão Automóvel não é diferente. O último caso de pura submissão à máquina francesa envolve um Megane RS 275 Trophy e um excitado director editorial.

O modo “Normal” passa a ser tão rápido no RS 220 Trophy como o modo “Race” no RS 200. E o modo “Race” no Trophy? Passagens de caixa 50% mais rápidas!

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Mas, por vezes, os desvios acontecem e algo se perde pelo caminho. E essa é a história do actual Renault Clio RS 200 EDC. A mudança em relação ao seu frenético antecessor foi drástica: trocou-se o estridente 2 litros atmosférico por um mais preguiçoso 1.6 litros Turbo, a interactiva caixa manual foi trocada por uma mais distante de dupla embraiagem. E, talvez sinais dos tempos, até podemos simular no habitáculo o som de um Nissan GT-R. A relação piloto-máquina foi afectada, não para melhor, e o carácter mais civilizado e abrangente do Renault Clio RS foi criticado por entusiastas e imprensa de igual forma.

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Em resposta às críticas, a Renault Sport revela o Clio RS 220 Trophy, um extenso e pormenorizado trabalho de apuramento que parte do RS 200. Nada foi deixado ao acaso, com motor, transmissão e chassis a receberem a atenção dos engenheiros da Renault Sport.

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Como o nome sugere, o 220 refere-se à potência extraída do 1.6 litros de 4 cilindros. Os 20cv extra são conseguidos recorrendo a electrónica optimizada e um turbo revisto, que responde e sopra mais depressa, girando a 190 mil rpm, 5 mil mais que o anterior. Admissão e escape viram-se alargados no diâmetro dos seus tubos. O RS 220 Trophy também recebe um novo catalisador de dois níveis em vez das duas unidades separadas e mais restritivas do RS 200. Garante o cumprimento das exigentes normas Euro VI, e as emissões de CO2 descem 6 gramas fixando-se em 138 no total, justificado pela presença de um sistema stop-start.

O Clio RS 220 Trophy viu a altura ao solo ser reduzida em 20mm na frente e 10mm atrás. À frente as molas não sofreram nenhuma alteração, mas atrás são 40% mais duras. Os amortecedores foram recalibrados e os casquilhos em poliuretano são maiores e mais firmes.

O resultado são 220cv às 6250rpm e 260Nm de binário disponíveis entre as 2000 e as 5600rpm, mais 20Nm que o RS 200. Mas não se fica por aqui, já que o Clio RS 220 Trophy pode fornecer 20Nm extra – 280Nm no total – em 4ª e 5ª velocidade, graças ao Torque Boost, ou seja, o clássico overboost. O limite máximo de rotações também sobe das 6500rpm para as 6800rpm, mas tal só é permitido nas primeiras três velocidades. Tudo acessível através de um reconfigurado acelerador electrónico, que promete respostas mais imediatas com menos curso.

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Isto, claro, se as alterações efectuadas à polémica EDC (Efficient Dual Clutch) – a principal motivadora de críticas – surtirem o desejado efeito. As passagens de caixa são agora 40% mais rápidas nos modos “Normal” e “Sport”. Efectivamente, o modo “Normal” passa a ser tão rápido no RS 220 Trophy como o modo “Race” no RS 200. E o modo “Race” no Trophy? Passagens de caixa 50% mais rápidas!

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Não só a transmissão viu a sua actuação ser acelerada, como as patilhas situadas por detrás do volante viram o seu curso reduzido em cerca de 30% para maior imediatez entre a acção e esperada reacção.

Uma das críticas apontadas à transmissão referia-se ao uso em pista ou em andamentos rápidos em estrada, demonstrando relutância em reduzir para a velocidade desejada quando em travagens fortes em aproximação a uma curva. A própria Renault Sport admite o seu conservadorismo na definição das margens de segurança aplicadas a reduções mais bruscas na afinação do Clio RS 200. A recalibração do software da ECU da transmissão permitiram menos restrições e garantem, agora, maiores índices de obediência aos pedidos efectuados.

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Com o grupo motriz resolvido, o foco passa para o chassis. Terry Baillon, o responsável pelo chassis e dinâmica do Clio RS 220 Trophy, concorda com as críticas efectuadas ao Clio RS 200 – admissão rara no meio – apresentando uma lista com os pontos necessários para devolver ao Clio RS à excelência dinâmica pela qual é reverenciado.

Melhorar o equilíbrio em curva, aumentar a capacidade de sobreviragem, aumentar passagem de velocidade em curva, reduzir adornar da carroçaria, melhorar a resposta e tacto da direcção e ainda, como se não bastasse, manter o conforto providenciado pela suspensão ao mesmo nível do Clio RS 200. Coisa pouca!

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Para cumprir todos estes objectivos, o Clio RS 220 Trophy viu a altura ao solo ser reduzida em 20mm na frente e 10mm atrás. À frente as molas não sofreram nenhuma alteração, mas atrás são 40% mais duras. Os amortecedores foram recalibrados e os casquilhos em poliuretano são maiores e mais firmes. Segundo a Renault Sport, o Clio RS 220 Trophy terá um pisar perceptivelmente mais firme em 15%, mas não em detrimento do conforto.

O rolamento da carroçaria foi reduzido em 10% relativamente ao Clio RS 200 e 5% quando equipado com a opção Cup. A direcção é mais directa apresentando um rácio reduzido de 14.5:1 para 13.2:1, o que deverá incrementar a imediatez da resposta desta aos nossos pedidos, potenciando a agilidade. Por fim, os pneus 205/45 R18 deixam de ser Dunlop Sport Maxx e passam a ser Michelin Pilot Super Sport.

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Ainda não foram disponibilizados dados oficiais relativos às performances, mas já foram avançados números para averiguar os ganhos do RS 220 Trophy relativamente ao RS 200. Se o mero segundo ganho na aceleração dos 0-1000m é modesto – 26.5 segundos contra os 27.5 do RS 200 – um cenário mais fidedigno do incremento da performance do RS 220 Trophy pode ser observado no tempo por volta conseguido na pista de testes da Renault.

O Clio RS 220 Trophy efectuou um tempo inferior por volta em 3 segundos relativamente ao RS 200, baixando de 1′ 47″ para 1′ 44″, o que demonstra um potencial superior na dissecação de uma qualquer estrada curvilínea ou circuito.

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Por fim, o RS 220 Trophy distingue-se visualmente do RS 200, com novas jantes “Radical” de 18″ com acabamentos em diamante no seu revestimento e apontamentos a negro e adição da denominação Trophy na lâmina frontal no pára-choques e na moldura e soleira das portas. Todos os Clio RS 220 Trophy serão numerados individualmente, visível na soleira da porta. Apesar de numerados não se trata de uma edição limitada. A Renault Sport produzirá tantos os quanto forem necessários.

No interior, o volante apresenta-se com novo revestimento em pele e os bancos desportivos também diferem ao apresentarem encostos de cabeça integrados e marcados com o Trophy identificativo da versão. Outros apontamentos decorativos imitam a textura da fibra de carbono e elementos das saídas de ventilação passam a ter um acabamento em cromado acetinado em vez de vermelho anodizado.

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O inicio de comercialização do Clio RS 220 Trophy acontecerá no próximo mês de Junho e nós cá o aguardaremos para averiguar, entusiasticamente, se o que promete é cumprido.

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