No que pensam as empresas quando compram carros?

No que pensam as empresas quando compram carros?

Vou poupar trabalho ao leitor e dar já a resposta. As empresas pensam em muitas coisas quando compram carros. Mais do que o consumidor normal. Mas pensam e decidem tudo num formato que dá poucas margens para dúvidas. Pensam em números.

Claro, estou a falar de empresas com as contas organizadas. Esqueçam a figura do empresário que montou a empresa para comprar o carro. Ou do patrão que mete o Mercedes nas contas da empresa.

As empresas rigorosas e organizadas só compram carros porque precisam. E, para elas, os carros são um custo. Não são um objecto de desejo. Pense nisto: já alguma vez viu uma empresa comunicar modelos da sua frota com o mesmo orgulho com que diz ao seu vizinho que comprou um carro novo?

Vejamos então em que números pensam as empresas:

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Fiscalidade: Um carro é sujeito a muitos impostos. E a sua utilização também. A fiscalidade das viaturas é, por si só, uma ciência. A tributação autónoma, que incide sobre o preço, faz com que este seja, hoje em dia, um dos principais critérios de escolha para a aquisição. São também questões contabilísticas que fazem decidir pelo financiamento em leasing ou renting.

Quantidade: As empresas não compram os carros um a um. Compram lotes. Quantidade é preço e as empresas fazem o possível para obter descontos. As empresas tentam também concentrar as aquisições no mínimo de vezes possíveis para aproveitar economias de escala.

Uniformidade: Porquê ter os carros todos diferentes entre si? Carros iguais fazem com que se conheça melhor a frota em parque e se consigam melhores acordos para serviços, como manutenção ou pneus. Por outro lado, a distribuição das viaturas para os colaboradores torna-se mais justa.

Tempo: As empresas não querem os carros para sempre. Só os querem usar até que fique mais barato adquirir um novo. Os períodos de utilização variam normalmente entre os 36 e os 60 meses, dependendo se é leasing ou renting. Antes de receberem um carro, já sabem quando o terão de entregar.

Km’s: Da mesma forma, as empresas fazem uma previsão de quantos quilómetros vai fazer o carro. Isto é particularmente importante, porque vai ter efeito no preço da renda do financiamento.

Valor residual: Os carros são “alocados” durante um determinado período (ver Tempo). Mas depois disso, ainda têm valor e entram no mercado de usados. As empresas só pagam o carro pelo tempo em que andam com ele. O que sobra chama-se Valor Residual. Quanto menor, mais alta é a renda do carro.

Consumos/CO2: Um dos maiores custos pode ser com combustível. As empresas procuram os modelos com menores consumos, até porque isso se traduz também em menores emissões de CO2, acerca das quais procuram ter compromissos ambientais. Como o gasóleo é dedutível nas contas da empresa, raramente se procuram viaturas a gasolina.

Há muito para aprender com a forma como as empresas compram carros. A começar para a forma como se encaram os custos. Isto é senso comum, mas o custo do carro não é apenas o preço de compra. São todos os momentos em que se gasta dinheiro com ele.